POR FERNANDO BRITO · 19/12/2017
O que todo mundo sabe há muito tempo virou manchete de hoje na Folha.
Dois cartéis ,no Rodoanel, no Metrô e em avenidas e estradas de São Paulo dividiram contratos milionários nas obras públicas paulistas, conforme documentos entregues pela Odebrecht.
O esquema, de acordo com o material da empreiteira, operou de 2004 até 2015 em obras que custaram cerca de R$ 10 bilhões aos cofres públicos. Neste período, o Estado de São Paulo foi governado pelos tucanos Geraldo Alckmin (2004-06), José Serra (2007-2010) e Alberto Goldman (2010), além de Claudio Lembo, do PFL (2006).
Mas isso, claro, foi apenas uma coincidência:
O processo a ser divulgado pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica, com o qual a empresa firmiu acordo de leniência) não menciona diretamente os governadores desde 2004(…) Segundo os colaboradores, a formação dos consórcios foi feita conforme “sugestão do agente público” e com base na afinidade entre as empresas. Os documentos não revelam o nome desse agente.
Foi só “uma sugestão”, dada por um personagem que não vem ao caso identificar, porque, claro, não se abandona um amigo assim na beira da estrada, não é?
Na lista das empreiteiras beneficiadas, quase todas são protagonistas da Lava Jato, mas isso também não vem ao caso, porque os acordos de delação premiada dos seus executivos, firmados há meses ou até mais de ano atrás não resultaram em nada de prático.
A reportagem da Folha mostra que houve corrupção mas, curiosamente, sem corruptos. A cobertura é pífia e não parece muito interessada em fazer senão o “cumprir tabela” de sustentar a “imparcialidade”. Não vai além da coincidência cronológica entre a roubalheira e a era tucana.
A “sugestão” deve ter sido algo casual e sem intenção de , no máximo, algum auxiliar administrativo, destes que, como diria Aécio Neves, “que a gente pode matar antes de ele delatar”.
Afinal, “Santo” (apelido de Geraldo Alckmin na lista da Odebrecht, é um santo e para ele não tem powerpoint.
O Dr. Moro e o promotor Dallagnol estão muito ocupados com recibos de aluguel de apartamento.
PS. A discrição de nossa imprensa é comovente. O Estadão dá em sua capa a confissão da Camargo Correira de forma vaga – Empreiteira confessa fraudes em metrôs e monotrilhos de 7 Estados e DF – e num pequeno detalhe, diz que 11 das 21 obras realizadas assim, por acaso, ficam em São Paulo. Isso, sim, é jornalismo investigativo!
Tijolaço
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