sexta-feira, 1 de novembro de 2019

Moro move o caldeirão de imundícies


POR FERNANDO BRITO · 01/11/2019


As mesmas razões que levam o ministro da Justiça, Sergio Moro, a permanecer inerte diante de uma incitação à volta da ditadura são as que fazem se mover o caldeição de imundícies da polícia que está sob seu comando.

Não é casual que o império contra-ataque, hoje, com matérias na Veja que “passam pano” para Jair Bolsonaro , agora que a revista se “recuperou” da crise de jornalismo que a fez publicar as revelações do Intercept.

Na capa, uma reportagem sobre os 600 dias de confusão (e de suspeitas) sobre o assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes onde, malgrado a péssima apuração da matéria do Jornal Nacional, a história da “Casa 58” é apresentada como uma mera montagem, propositada, para envolver o Presidente da República.

Que a reportagem da Globo é “capenga” é um fato inegável, mas ainda há muita coisa nesta história – o Estadão publica hoje que a tal “perícia” dos registros de chamada e dos áudios da portaria foi pedida apenas 2h e 25 minutos antes da entrevista das promotoras que já chamavam o porteiro de mentiroso – e nem mesmo foi sobre os equipamentos onde foram originalmente armazenados. Por mais que o governador Wilson Witzel seja uma figura execrável, ele ser o responsável pelo vazamento e por uma acusação forjada de um porteiro, tal como as acusações a Bolsonaro, é algo que depende de provas.

Sergio Moro, vestindo o papel de advogado de Bolsonaro e Augusto Aras, fazendo o mesmo na PGR, cuidaram logo de assentar, na véspera da perícia, que o porteiro era o culpado.

Mas a revista faz mais.

Publica as telas do celular entregue pela ex-deputada Manoela D’Ávila à Polícia Federal – adivinha quem as entregou – que não acrescentam nada como informação, mas chamam a atenção pelo fato de que o suposto hacker vangloria-se de que teria invadido celulares de ministros do STF: Cármen Lúcia, Rosa Weber e Luís Roberto Barroso. Lá no fim da matéria diz que “ao vasculharem o computador e os celulares dos criminosos, os investigadores não encontraram nada que comprovasse que os aparelhos dos ministros haviam sido hackeados”.

Ou seja, faz o mesmo que condenou na cobertura do “Casa 58”.

Tem mais: a revista eletrônica de um site bolsonarista faz escândalo com uma de um declaração de um assassino condenado ( acusado de mandar matar pelo menos 11 pessoas em Fortaleza), o iraniano Farhad Marvizi, que diz terem prometido R$ 500 mil reais para Adélio Bispo matar quem ele chamou de “Dr. Jair”. A Veja informa que Marzivi, cujas penas superam os 100 anos de prisão, foi o autor da carta que Jair Bolsonaro diz provar que o atentado não foi bra de um louco solitário e exige o perdão judicial para contar o que diz saber.

Os agentes penitenciários que o vigiam confirmam que o iraniano escreve cartas assim para muitas “autoridades e celebridades como o apresentador Silvio Santos e o presidente americano Donald Trump”.


Tijolaço

Nenhum comentário:

Postar um comentário