POR FERNANDO BRITO · 01/11/2019
Ao que parece, caminha para o final o mistério do petróleo que se espalha nas costas nordestinas.
Um navio de bandeira grega, operado por uma empresa também grega, navegando sem “apagar” o sinal do transponder de localização, ainda não se sabe por qual razão, despejou petróleo a 733 km do litoral da Paraíba, em águas internacionais.
Exatamente no ponto onde os cientistas da Universidade Federal do Rio de Janeiro – aquele pessoal da “balbúrdia” – determinaram, pelo movimento das correntes marítimas, deveria ter saído o óleo para chegar, na forma e nas datas que chegou, ao litoral brasileiro, como se registrou aqui no post Óleo e ideologia não se misturam.
“O modelo computacional feito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, reproduzido aí em cima detalha o obvio, mostrando que a origem do óleo é o alto-mar, justo na região onde se concentram (pontos escuros) as rotas de navegação da região atlântica, à altura do Saliente Nordestino.o óleo veio de um navio e, por isso, importa pouco para enfrentar o vazamento de onde tenha sido extraído, mas sim quem o transportava.”
O navio que procedeu criminosamente ao não comunicar um acidente ou uma emergência – a tal “ejeção de porão (bilge)” a que se referiu anteontem o general Hamilton Mourão – é o responsável por isto, fosse o seu óleo extraído nos EUA, no México ou na Venezuela. Basta imaginar que, se fosse um petroleiro levando óleo de nosso pré-sal e deixasse vazar na África do Sul, a responsabilidade seria do nosso país ou do transportador relapso?
O que nos competia era investigar – como afinal se fez – o quanto antes, mas perdemos tempo acusando um país vizinho de ter mandado despejar óleo, depois o barquinho do Greenpeace e pouco faltou para dizer que os pedalinhos do Sítio de Atibaia tivessem sido usados para causar o desastre.
Nem mesmo a história do transporte clandestino de petróleo venezuelano “cola”, porque além de não desligar seu identificador automático, o navio tinha passagem recente pelos Estados Unidos onde foi, aliás, detido para verificação de seus sistemas de separação de água e óleo, cujas capacidades e funcionamento são reguladas por um tratado antipoluição marinha, o Marpol.
Ainda há poucas informações e é precipitação afirmar que foi este navio, mas tudo indica que sim.
Tijolaço
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