A análise se baseia no comportamento e nas atitudes de Jair Bolsonaro. "Ele não tem empatia, não tem capacidade de sentir remorso, culpa e respeito pelos outros", avaliou Aiex Neto no programa "Um Tom de resistência", que também contou com a participação do músico baiano Jonga Lima. Assista
30 de junho de 2021
Presidente Jair Bolsonaro durante cerimônia no Palácio do Planalto (Foto: REUTERS/Adriano Machado)
247 - O programa "Um Tom de resistência", comandado por Ricardo Nêggo Tom, na TV 247, recebeu o psiquiatra e escritor José Elias Aiex Neto. O médico, que já foi secretário da Saúde de Foz do Iguaçu é autor do livro "Barbárie consentida", uma crítica ao neoliberalismo bolsonarista.
"O livro nasceu de uma reflexão da prática de muitos anos de psiquiatria. A psiquiatria que eu sempre pratiquei e acredito precisa se comprometer com três vertentes: a social, a psíquica e a biológica. O neoliberalismo prega que as pessoas têm que ser competentes para se darem bem na vida. Lógico que isso é uma falácia. Porque isso é uma competição. Inclusive, os valores dessa sociedade neoliberal são o individualismo, cada um por si e Deus por todos, a competição pelo ter, o consumismo, que é decorrente da necessidade de ter, e o imediatismo. E isso gera patologias emocionais como a Síndrome de Burnout, que nada mais é do que o esgotamento físico resultante dessa competitividade”, disse.
O psiquiatra também fez uma avaliação do perfil psicológico do presidente Jair Bolsonaro. Para José Elias Aiex, "Bolsonaro é um sociopata. Nós temos vários tipos de sociopata. Tem o fino e o grotesco como ele, que usa a força. O que vem de sua origem militar e do seu viés fascista. Outro exemplo de sociopata político no país é o ex-prefeito Paulo Salim Maluf, que, apesar de todas as provas contra ele, negava tudo e ainda brincava com a situação. Uma das características de um sociopata é a incapacidade de sentir remorso. Quando as pessoas chamam um sociopata de louco, eu sempre digo para elas não ofenderem os meus loucos e os meus esquizofrênicos. Porque um esquizofrênico não tem culpa de sair da realidade. Já o sociopata sabe da realidade. Ele tem um método na sociopatia dele. Só que ele não tem empatia, não tem capacidade de sentir remorso, culpa e respeito pelos outros. Então, ou ele age como Bolsonaro, dessa maneira truculenta, ameaçando e acreditando que irá se manter no poder dessa forma, ou ele é malandro, como o Maluf".
O programa também teve a musicalidade baiana de Jonga Lima, que está completando 32 anos de carreira e lançando o disco "Ideias à prova de balas", o 10º de sua longa carreira. "Sempre que falo do início da minha carreira, eu lembro do meu pai e da minha avó, ambos já falecidos. Um belo dia, a minha avó disse que me daria um violão para eu me aquietar um pouco, porque eu estava muito danado. Quando eu ganhei o violão da minha avó com 11 anos de idade foi a coisa mais incrível que aconteceu na minha vida. Eu nunca mais larguei. Meu pai tinha um gosto musical muito bacana. A gente ouvia Dorival Caymmi, João Gilberto, Doces Bárbaros, Raul Seixas, Paulinho da Viola e também música clássica. E, nessa época, a MPB fazia muito sucesso nas rádios", relembra Jonga.
O músico, que também é radialista e apresenta o programa "Brasil Pandeiro" na Rádio Educadora FM da Bahia, falou sobre "Nova Abolição", a música de trabalho do seu novo disco. "Eu ganhei esse desafio do Hamilton de Holanda, que estava com um projeto de fazer uma música por dia no Instagram. Eu pedi para colocar uma letra numa música dele e ele me disse: ‘Tem uma que se chama Nova Abolição. Faz uma letra para ela’, e foi um desafio bacana. Daí saiu essa canção que fala: ‘É preta flor afro, beleza de Oxum. O brilho dessa negritude, olorum. Navio terra mãe do tambor, pau Brasil. Batuque de samba no som do vinil. Rompendo, vibrando num canto que resistirá. Na ponta dos dedos traz um coração. Buscando respeito e igualdade, mas reparação. Racismo não mais. Nova Abolição’. É isso! O mundo precisa de mais igualdade e o racismo é algo inaceitável", concluiu.
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