Arthur Lira pode até conseguir uma vitória na votação de hoje, aprovando a PEC dos Precatórios, tanto pela intensa mobilização do governo quanto, sobretudo, por uma reação corporativa da Câmara dos Deputados à decisão do Supremo Tribunal Federal que manteve suspensa a execução da emendas do chamado “orçamento secreto” que dão a anônimos deputados e senadores quase R$ 17 bilhões para irrigar suas bases de apoio.
Mas está fechada, a partir de agora, ao menos temporariamente, uma das torneiras que irrigam a cooptação parlamentar num espetáculo vergonhoso de um governo rejeitado majoritariamente nas ruas, mas absolutamente poderoso no Legislativo.
Pode não ter sido o suficiente para que se empurre para futuros governos compromissos financeiros que pertencem a este, mas significará, que o processo eleitoral corra com menos interferência do fisiologismo político e, com isso, danoso aos candidatos do governismo que, sem pequenas obras caça-votos, acabarão por alinhar-se às candidaturas presidenciais que representem mudança.
Lira e o Centrão, portanto, terão menos facilidade em carregar o espantalho do “Bolsonaro Presidente”.
Mas, sobretudo, começa a perder a sua principal arma usada no “tratoraço” legislativo que estamos assistindo desde que ele assumiu a presidência da Câmara.
Talvez tenha gasto, na votação da PEC, seus últimos cartuchos pesados.
Para a oposição, fica a advertência de que, apesar disso e da decisão do STF, o espírito de Eduardo Cunha segue dominando o parlamento e isso só não atrapalha Bolsonaro porque este não está nem um pouco em governar.
Tijolaço
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