quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Dilma: unir os progressistas pela democracia. Assista o vídeo




POR FERNANDO BRITO · 31/08/2016



A fala de Dilma, agora há pouco:

Ao cumprimentar o ex-Presidente Luís Inácio Lula da Silva, cumprimento todos os senadoras e senadores, deputadas e deputados, presidentes de partido, as lideranças dos movimentos sociais. Mulheres e homens de meu País.

Hoje, o Senado Federal tomou uma decisão que entra para a história das grandes injustiças. Os senadores que votaram pelo impeachment escolheram rasgar a Constituição Federal. Decidiram pela interrupção do mandato de uma Presidenta que não cometeu crime de responsabilidade. Condenaram uma inocente e consumaram um golpe parlamentar.

Com a aprovação do meu afastamento definitivo, políticos que buscam desesperadamente escapar do braço da Justiça tomarão o poder unidos aos derrotados nas últimas quatro eleições. Não ascendem ao governo pelo voto direto, como eu e Lula fizemos em 2002, 2006, 2010 e 2014. Apropriam-se do poder por meio de um golpe de Estado.

É o segundo golpe de estado que enfrento na vida. O primeiro, o golpe militar, apoiado na truculência das armas, da repressão e da tortura, me atingiu quando era uma jovem militante. O segundo, o golpe parlamentar desfechado hoje por meio de uma farsa jurídica, me derruba do cargo para o qual fui eleita pelo povo.

É uma inequívoca eleição indireta, em que 61 senadores substituem a vontade expressa por 54,5 milhões de votos. É uma fraude, contra a qual ainda vamos recorrer em todas as instâncias possíveis.

Causa espanto que a maior ação contra a corrupção da nossa história, propiciada por ações desenvolvidas e leis criadas a partir de 2003 e aprofundadas em meu governo, leve justamente ao poder um grupo de corruptos investigados.

O projeto nacional progressista, inclusivo e democrático que represento está sendo interrompido por uma poderosa força conservadora e reacionária, com o apoio de uma imprensa facciosa e venal. Vão capturar as instituições do Estado para colocá-las a serviço do mais radical liberalismo econômico e do retrocesso social.

Acabam de derrubar a primeira mulher presidenta do Brasil, sem que haja qualquer justificativa constitucional para este impeachment.

Mas o golpe não foi cometido apenas contra mim e contra o meu partido. Isto foi apenas o começo. O golpe vai atingir indistintamente qualquer organização política progressista e democrática.

O golpe é contra os movimentos sociais e sindicais e contra os que lutam por direitos em todas as suas acepções: direito ao trabalho e à proteção de leis trabalhistas; direito a uma aposentadoria justa; direito à moradia e à terra; direito à educação, à saúde e à cultura; direito aos jovens de protagonizarem sua história; direitos dos negros, dos indígenas, da população LGBT, das mulheres; direito de se manifestar sem ser reprimido.

O golpe é contra o povo e contra a Nação. O golpe é misógino. O golpe é homofóbico. O golpe é racista. É a imposição da cultura da intolerância, do preconceito, da violência.

Peço às brasileiras e aos brasileiros que me ouçam. Falo aos mais de 54 milhões que votaram em mim em 2014. Falo aos 110 milhões que avalizaram a eleição direta como forma de escolha dos presidentes.
Falo principalmente aos brasileiros que, durante meu governo, superaram a miséria, realizaram o sonho da casa própria, começaram a receber atendimento médico, entraram na universidade e deixaram de ser invisíveis aos olhos da Nação, passando a ter direitos que sempre lhes foram negados.

A descrença e a mágoa que nos atingem em momentos como esse são péssimas conselheiras. Não desistam da luta.

Ouçam bem: eles pensam que nos venceram, mas estão enganados.

Sei que todos vamos lutar. Haverá contra eles a mais firme, incansável e enérgica oposição que um governo golpista pode sofrer.

Quando o Presidente Lula foi eleito pela primeira vez, em 2003, chegamos ao governo cantando juntos que ninguém devia ter medo de ser feliz. Por mais de 13 anos, realizamos com sucesso um projeto que promoveu a maior inclusão social e redução de desigualdades da história de nosso País.

Esta história não acaba assim. Estou certa que a interrupção deste processo pelo golpe de estado não é definitiva. Nós voltaremos. Voltaremos para continuar nossa jornada rumo a um Brasil em que o povo é soberano.

Espero que saibamos nos unir em defesa de causas comuns a todos os progressistas, independentemente de filiação partidária ou posição política. Proponho que lutemos, todos juntos, contra o retrocesso, contra a agenda conservadora, contra a extinção de direitos, pela soberania nacional e pelo restabelecimento pleno da democracia.

Saio da Presidência como entrei: sem ter incorrido em qualquer ato ilícito; sem ter traído qualquer de meus compromissos; com dignidade e carregando no peito o mesmo amor e admiração pelas brasileiras e brasileiros e a mesma vontade de continuar lutando pelo Brasil.

Eu vivi a minha verdade. Dei o melhor de minha capacidade. Não fugi de minhas responsabilidades. Me emocionei com o sofrimento humano, me comovi na luta contra a miséria e a fome, combati a desigualdade.

Travei bons combates. Perdi alguns, venci muitos e, neste momento, me inspiro em Darcy Ribeiro para dizer: não gostaria de estar no lugar dos que se julgam vencedores. A história será implacável com eles.

Às mulheres brasileiras, que me cobriram de flores e de carinho, peço que acreditem que vocês podem. As futuras gerações de brasileiras saberão que, na primeira vez que uma mulher assumiu a Presidência do Brasil, a machismo e a misoginia mostraram suas feias faces.

Abrimos um caminho de mão única em direção à igualdade de gênero.

Nada nos fará recuar.

Neste momento, não direi adeus a vocês. Tenho certeza de que posso dizer “até daqui a pouco”.

Encerro compartilhando com vocês um belíssimo alento do poeta russo Maiakovski:

”Não estamos alegres, é certo,
Mas também por que razão haveríamos de ficar tristes?
O mar da história é agitado
As ameaças e as guerras, haveremos de atravessá-las,
Rompê-las ao meio,
Cortando-as como uma quilha corta.“

Um carinhoso abraço a todo povo brasileiro, que compartilha comigo a crença na democracia e o sonho da justiça.

Tijolaço

Dilma sai da presidência muito maior do que entrou. Por Paulo Nogueira

Postado em 31 Aug 2016

Dilma se agigantou no impeachment

Parecia que a melhor hora de Dilma tinha sido seu discurso na véspera do julgamento final do Senado.

Mas não.

Em clareza, grandeza, Dilma se superou na entrevista que concedeu pouco de definido o golpe.

Ela declarou guerra ao golpe.

Não guerra no sentido militar convencional. Ninguém está falando de pegar em armas ou coisa do gênero.

Trata-se de guerra política.

O primeiro e essencial passo é dar às coisas o nome que elas têm, sem lantejoulas e sem metáforas.

Uma amostra do que Dilma disse com a contundência indispensável:

1) É golpe. É golpe parlamentar, mas é golpe. Com exclamação.

2) Por trás do golpe estão as velhas forças conservadoras de sempre, os reacionários que conspiraram contra Getúlio, JK, Jango, Lula e, finalmente, a próprio Dilma.

3) Os golpistas tiveram uma contribuição milionária da “imprensa facciosa”. De novo, é uma repetição de golpes anteriores, em que a mídia foi invariavelmente protagonista na destruição da democracia.

4) Temer é um usurpador que levou ao núcleo do poder o que existe de mais corrupto e atrasado na política brasileira.

Ficou claro que, daqui por diante, as forças progressistas mostrarão o mar de lama da plutocracia nacional.

Isto tem o poder de mudar a história. A narrativa golpista, de GV a Dilma, sempre se alicercou no combate — farisaico, cínico, mentiroso — à corrupção.

As delações comprovaram que os principais tagarelas anticorrupção são exatamente os homens mais corruptos da vida pública nacional.

O caso mais simbólico é o de Aécio: jamais ele terá condições de falar em corrupção, como fez a carreira toda, sem provocar gargalhadas ao redor.

Aécio se tornou um ícone da corrupção plutocrata das mesmas dimensões de Eduardo Cunha.

Ele roubava, só que ninguém noticiava na mídia plutocrata.

Aécio parece ainda viver numa realidade paralela. Numa entrevista nesta quarta aos amigos da Globonews, citou o eminente senador Cássio Cunha Lima como um expoente do universo político brasileiro.

Ora, ora, ora.

Cunha Lima é um corrupto notório. Foi cassado como governador da Paraíba e só conseguiu concorrer a senador porque a lei da Ficha Limpa só passou a valer depois da eleição. Não bastasse isso, um homem de sua equipe teve que jogar dinheiro do alto de um prédio para evitar um flagrante de compra de votos. Pobres paraibanos ganhavam dinheiro de Cunha Lima para votarem nele. O episódio passou à história como o caso do Dinheiro Voador.

Esta é a probidão dos plutocratas.

Sabe-se agora quem são os reais corruptos, os parasitas que tomam dinheiro público para montar patrimônios bilionários e deixar o Brasil eternamente na condição de um inferno da desigualdade.

Dilma jogou luzes onde sempre houve sombras. Os ladrões são aqueles que todos nós conhecemos, e que se fazem de paladinos da moral para enganar a sociedade e assim poder roubar cada vez mais.

Para a democracia brasileira, a fala de Dilma como ex-presidente é algo que traz esperanças em doses colossais para que deixemos um dia de ser a republiqueta das bananas a que os plutocratas querem nos sujeitar pela eternidade.


Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.


Diário do Centro do Mundo   -   DCM

DILMA: “NÓS VOLTAREMOS”


Em entrevista coletiva no Palácio da Alvorada logo após ter sido afastada definitivamente da presidência da República, Dilma afirmou, em referência aos golpistas: "A história será implacável com eles"; fez um discurso incisivo em defesa da continuação da luta e para "construir um Brasil melhor"; "Nada poderá nos fazer recuar. Não direi adeus a vocês, tenho certeza que poderei dizer ‘até daqui a pouco’", declarou; "Nós voltaremos. Voltaremos para continuar nossa jornada rumo a um Brasil onde o povo é soberano", disse; "Haverá contra eles a mais determinada oposição que um governo golpista pode sofrer", prometeu

31 DE AGOSTO DE 2016 


247 - Em entrevista coletiva concedida no Palácio da Alvorada, ao lado do ex-presidente Lula, de vários ex-ministros e líderes de movimentos sociais, logo após ter sido afastada definitivamente da presidência da República, Dilma Rousseff fez um de seus discursos mais incisivos contra o golpe e contra o governo do presidente interino, Michel Temer.

A decisão do Senado, segundo ela, "entra para a História das grandes injustiças". "Senadores decidiram rasgar a Constituição. Condenaram uma inocente e consumaram um golpe parlamentar", afirmou, sobre políticos que "buscam o poder desesperadamente" sem seguir o caminho do "voto direto, como fizemos Lula e eu".

"A história será implacável com eles", declarou, em referência aos artífices do golpe. Ela foi enfática quanto à continuação da luta contra a perda de direitos dos trabalhadores e para "construir um Brasil melhor". "Haverá contra eles a mais determinada oposição que um governo golpista pode sofrer", prometeu Dilma Rousseff.

"Nada poderá nos fazer recuar", assegurou. "Não direi adeus a vocês, tenho certeza que poderei dizer 'até daqui a pouco'", acrescentou. "Nós voltaremos. Voltaremos para continuar nossa jornada rumo a um Brasil onde o povo é soberano", prometeu Dilma ainda. "Eu, a partir de agora, lutarei incansavelmente para construir um Brasil melhor", concluiu.


Brasil 247

Que país é esse?



31 de Agosto de 2016

Jeferson Miola


Nas favelas, no senado
Sujeira pra todo lado
Ninguém respeita a constituição
Mas todos acreditam no futuro da nação
Que país é esse?
Que país é esse?
Que país é esse?


Que país é esse?, De Renato Russo/Legião Urbana


Com o golpe de Estado misógino, patriarcal e neoliberal perpetrado pela burguesia paulista branca, o Brasil passa a ser comandado diretamente por canalhas, sem intermediários.


Na realidade, os canalhas são meros intermediários dos setores anti-nacionais e anti-populares que abastardaram a democracia para tocarem livremente seus negócios, para venderem "todas as almas dos nossos índios num leilão", como diz a canção do Legião Urbana.


O diário oficial desse país que nasce da ilegitimidade celebra o retrocesso em caixa alta na edição do que chama "dia histórico": "NUNCA ANTES Em dia histórico, país deverá ter hoje impeachment e duas posses" [O Globo, 31 de agosto de 2016, capa].


O jornal da família Marinho está onde sempre esteve: a serviço do atraso, do Brasil arcaico, do fascismo, da conspiração. Quando houver golpe contra o povo e contra a nação, ali estará a Rede Globo, na linha de frente com os Cunha, Temer, Padilha, Aécio, Serra, Gilmar Mendes, Moro, Janot, FHC, FIESP, Lacerda, Mesquita, Civita, Frias ...


A manchete do Globo no golpe de 2016 é idêntica àquela celebrada, também em caixa alta, na edição do primeiro dia do golpe de 1964: "EMPOSSADO MAZZILI NA PRESIDÊNCIA – Ressurge a Democracia!" [2 de abril de 1964, capa].


Com a aprovação do impeachment fraudulento da Presidente Dilma pela canalhada golpista do Senado, Michel Temer assume a Presidência em seu lugar.


E, com a viagem imediata do usurpador à China, um exemplar da oligarquia ultra-reacionária sentará na cadeira presidencial recém tomada de assalto – Rodrigo Maia, do velho conhecido PFL [Arena na época da ditadura e DEM atualmente].


A posse de Rodrigo Maia na Presidência da República, mesmo que interinamente, é uma metáfora perfeita da viagem de regressão do Brasil ao abismo da Casa Grande e da Senzala.


Que país é esse, avacalhado no mundo inteiro, mas que O Globo celebra estar vivendo um "dia histórico"? Que tragédia de país é esse?!


Dilma, uma mulher digna e inocente, vítima de uma farsa terrível, foi condenada por um tribunal de exceção. Eduardo Cunha, um corrupto notável, dono de milhões de dólares roubados e depositados em contas secretas na Suíça, vive livre, leve e solto – é o prêmio que ganha dos seus comparsas como retribuição por atentar contra a democracia e o Estado de Direito.


Os canalhas não podem ter um minuto de sossego: Fora Temer usurpador! Eleição já!


Brasil 247

STÉDILE AO DCM: “DEPOIS DO GOLPE, A LUTA VAI SE ACIRRAR”

POR 61 A 20, SENADORES CONFIRMAM O GOLPE DE 2016


Senadores afastam definitivamente Dilma Rousseff da presidência da República por 61 votos favoráveis e 20 contrários; em relação à aprovação da pronúncia, houve dois votos a mais pelo impeachment: Renan Calheiros (PMDB-AL) e Telmário Mota (PDT-RR); parlamentares decidiram em seguida, em votação separada, que Dilma não fica desabilitada para ocupar cargos públicos pelos próximos oito anos; segunda votação foi de 42 votos contra a inabilitação e 36 a favor, com três abstenções; assista ao vivo

31 DE AGOSTO DE 2016 


Carolina Gonçalves e Karine Melo - Repórteres da Agência Brasil

Por 61 a 20, o plenário do Senado decidiu pelo impeachment de Dilma Rousseff. Não houve abstenção. A posse de Temer ocorrerá ainda hoje, às 16h, no plenário do Senado.

O resultado foi comemorado com aplausos por aliados do presidente interino Michel Temer, que cantaram o Hino Nacional. O resultado foi proclamado pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, que comandou o julgamento do processo no Senado, iniciado na última quinta-feira (25).

Em seguida, os senadores decidiram, em votação separada, que Dilma não fica desabilitada para ocupar cargos públicos pelos próximos oito anos. A segunda votação foi de 42 votos contra a inabilitação e 36 a favor, com três abstenções.

A votação deste quesito foi feita separadamente a pedido de senadores do PT, que apresentaram o requerimento logo no início do dia e que foi acatado pelo presidente do Supremo.

Fernando Collor, primeiro presidente eleito por voto direto após a ditadura militar, foi o primeiro chefe de governo brasileiro afastado do poder em um processo de impeachment, em 1992. Com Dilma Rousseff, é a segunda vez que um presidente perde o mandato no mesmo tipo de processo.

Dilma fará uma declaração à imprensa. Senadores aliados da petista estão se dirigindo ao Palácio da Alvorada para acompanhar o pronunciamento de Dilma.

Julgamento

A fase final de julgamento começou na última quinta-feira (25) e se arrastou até hoje com a manifestação da própria representada, além da fala de senadores, testemunhas e dos advogados das duas partes. Nesse último dia, o ministro Ricardo Lewandowski leu um relatório resumido elencando provas e os principais argumentos apresentados ao longo do processo pela acusação e defesa. Quatro senadores escolhidos por cada um dos lados – Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP), pela defesa, e Ronaldo Caiado (DEM-GO) e Ana Amélia (PP-RS), pela acusação – encaminharam a votação que ocorreu de forma nominal, em painel eletrônico.

Histórico

O processo de impeachment começou a tramitar no início de dezembro de 2015, quando o então presidente da Câmara dos Deputados e um dos maiores adversários políticos de Dilma, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), aceitou a peça apresentada pelos advogados Miguel Reale Jr., Janaína Paschoal e Hélio Bicudo.

No pedido, os três autores acusaram Dilma de ter cometido crime de responsabilidade fiscal e elencaram fatos de anos anteriores, mas o processo teve andamento apenas com as denúncias relativas a 2015. Na Câmara, a admissibilidade do processo foi aprovada em abril e enviado ao Senado, onde foi analisada por uma comissão especia, onde foi aprovado relatório do senador Antonio Anastasia (PMDB-MG) a favor do afastamento definitivo da presidenta.

Entre as acusações as quais Dilma foi julgada estavam a edição de três decretos de crédito suplementares sem a autorização do Legislativo e em desacordo com a meta fiscal que vigorava na época, e as operações que ficaram conhecidas como pedaladas fiscais, que tratavam-se de atrasos no repasse de recursos do Tesouro aos bancos públicos responsáveis pelo pagamento de benefícios sociais, como o Plano Safra.



Brasil 247

terça-feira, 30 de agosto de 2016

DIANTE DE AÉCIO, REQUIÃO LEMBRA TANCREDO E DIZ: CANALHA, CANALHA, CANALHA!

NÚMERO 2 DA PGR: É GOLPE E TEMER ESTÁ SENDO DELATADO


Vice-procuradora da República, número dois de Rodrigo Janot, Ela Wiecko diz que o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff é um golpe; "Eu acho que, do ponto de vista político, é um golpe, é um golpe bem feito, dentro daquelas regras", declarou; "Isso a gente vê todo dia, é parte da política", acrescentou; ela diz que "tem muita gente dentro da instituição" que pensa como ela e faz críticas ao presidente interino; "Pelas coisas que a gente sabe do Temer, não me agrada ter o Temer como presidente. Não me agrada mesmo. Ele não está sendo delatado? Eu sei que está"

30 DE AGOSTO DE 2016 


247 – O golpe parlamentar contra a presidente Dilma Rousseff foi reconhecido abertamente nesta terça-feira 30 pela vice-procuradora da República, Ela Wiecko, em entrevista ao site da revista Veja. O veículo conversou com ela após uma polêmica sobre a participação de Ela em uma manifestação a favor de Dilma.

"Eu acho que, do ponto de vista político, é um golpe, é um golpe bem feito, dentro daquelas regras", opinou. "Isso a gente vê todo dia, é parte da política", acrescentou. Questionada se era então um golpe com a participação do Supremo Tribunal Federal e da Procuradoria Geral da República, da qual ela faz parte, respondeu: "Aí tem que ser uma conversa muito mais comprida".

"Tem muita gente que pensa como eu dentro da instituição", disse ainda Ela Wiecko. "Eu estou incomodada com essas coisas que estão acontecendo no Brasil. Acho que não foi da melhor forma possível", comentou.

Sobre Michel Temer, a número 2 de Rodrigo Janot declarou: "Pelas coisas que a gente sabe do Temer, não me agrada ter o Temer como presidente. Não me agrada mesmo. Ele não está sendo delatado? Eu sei que está. Eu não sei todas as coisas a respeito das delações, mas eu sei que tem delação contra ele. Então, não quero. Mas as coisas estão indo".

A respeito do protesto a favor de Dilma, disse não se arrepender de ter participado. "Eu estava de férias, em um curso como estudante. É isso", disse. Questionado sobre a dificuldade em se separar a cidadão de sua atividade na PGR, se irritou: "Eu não posso falar nada? Não posso ter nenhuma liberdade de manifestação? (Isso) é um pouco exagerado, né?"



Brasil 247

JANAINA PEDE QUE SENADORES VOTEM ALÉM DA DENÚNCIA; JURISTA PREVÊ ANULAÇÃO


Advogada de acusação no processo de impeachment, Janaina Paschoal defendeu nesta terça que os senadores analisem questões para além da denúncia contra Dilma; ela reclamou que Eduardo Cunha, quando aceitou o pedido, retirou uma parte da denúncia, mas disse que "o Senado é tão soberano que tem o direito e o dever de analisar a denúncia na íntegra e, inclusive, levar em consideração fatos posteriores"; na avaliação do jurista Afranio Silva Jardim, a declaração pode resultar em anulação "clara e absoluta" do processo

30 DE AGOSTO DE 2016 


247 - A advogada Janaina Paschoal, uma das autoras do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, defendeu em discurso nesta terça-feira 30 no Senado que os senadores analisem questões para além da denúncia que consta no pedido.

Ela reclamou que o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), quando aceitou o pedido, tenha retirado uma parte da denúncia, mas disse que "o Senado é tão soberano que tem o direito e o dever de analisar a denúncia na íntegra e, inclusive, levar em consideração fatos posteriores".

Na avaliação do jurista Afranio Silva Jardim, a declaração da advogada pode resultar em anulação "clara e absoluta" do processo. Leia abaixo a manifestação do jurista e reportagem da Reuters sobre a fala de Janaina Paschoal.

Fala de Janaína Paschoal provoca a nulidade total do processo de impeachment

Do Debate Progressista - Estou ouvindo a fala da Dra. Janaína, pela acusação à Presidente Dilma, no julgamento do senado, e constato que ela está expressamente pedindo aos senadores que não fiquem limitados pelas decisões que restringiram os termos de sua representação.
Vale dizer, quer ampliar a acusação para fatos que não mais são objeto do processo.

Isto viola claramente o chamado "princípio da correlação entre a acusação e sentença", consequência lógica dos princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório. A defesa não pode se defender do que não está mais na acusação, ou seja, que não mais é objeto do processo.

Nulidade clara e absoluta. O Supremo Tribunal Federal não vai poder se omitir novamente.

Afranio Silva Jardim, professor associado de Direito Processual da UERJ. Mestre e Livre-Docente em Direito Processual. Professor por 36 anos da matéria.

Acusação pede que senadores julguem Dilma além da denúncia, diz que impeachment vai mudar país

Por Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) - Na abertura do quinto dia do processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, a advogada Janaína Paschoal defendeu que os senadores analisem questões para além da denúncia aceita do impeachment para a condenação, enquanto o jurista Miguel Reale Júnior defendeu que o impeachment irá "mudar a mentalidade do país".

Janaína reclamou da decisão do então presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ter retirado dois dos três embasamentos do pedido de impeachment, deixando apenas as operações de crédito. Mas defendeu que os senadores podem usar outras informações para embasar seus votos.

"O Senado é tão soberano que tem o direito e o dever de analisar a denúncia na íntegra e, inclusive, levar em consideração fatos posteriores", afirmou. "A meu ver, sempre foi possível e necessário e adequado trazer para esse processo todas as delações."

Janaína lembrou que o pedido inicial incluía, além das pedaladas, as denúncias de desvio de recursos na Petrobras e o que chama de fraude eleitoral, com o governo tendo escondido a real situação econômica do país durante a eleição.

"Podem dizer que tudo isso está fora do processo, mas isso tudo está nessa realidade e os senadores não podem votar fora da nossa realidade. O mundo precisa saber que não estamos votando aqui por questões contábeis", afirmou.

Ao terminar sua fala, a advogada -que tem sido extremamente incisiva nas acusações à presidente- chorou e pediu desculpas por ter causado sofrimento.

"Eu finalizo pedindo desculpas para a senhora presidente da República não por ter feito o que era devido, porque eu não podia me omitir diante de tudo isso. Eu peço desculpas porque eu sei que a situação que ela está vivendo não é fácil", disse.

"Eu peço desculpas porque eu sei que, muito embora esse não fosse o meu objetivo, eu lhe causei sofrimento. E eu peço que ela um dia entenda que eu fiz isso pensando também nos netos dela", afirmou, com voz embargada.

Janaína completou dizendo que esperava não ter que fazer novamente um pedido de impeachment, mas que "fará se for necessário", o que fez o senador Jorge Viana (PT-AC) se manifestar: "Lá vem mais impeachment por aí."

Segundo a falar, o jurista Miguel Reale Júnior, co-autor da denúncia, rebateu a presidente, que no dia anterior havia reclamado do excesso da pena para os supostos crimes que teria cometido.

"A qualidade da pena é essa, retirar do cargo aquela pessoa que não merece mais a confiança de dominar a vida brasileira", disse o jurista.

Reale Júnior afirmou que houve sim crime de responsabilidade por parte da presidente por ter usado "os bancos públicos para financiar o Tesouro" e que a presidente mostrou saber detalhes dos pagamentos.

"Ninguém é contra beneficiar o agricultor, o problema não está aí. O que não se quer é que o Tesouro seja financiado pelo Banco do Brasil", disse.

"Nós estamos prestes a mudar de mentalidade. Este é o momento de mudança de mentalidade. O que aconteceu neste país foi o aparelhamento do Estado, foi a ocupação de toda a Administração Pública, não baseada no mérito, não baseada no trabalho, mas baseada no favoritismo, baseada na sinecura, baseada na difusão de o que importa é ser malandro", afirmou o jurista.

Reale se concentrou nos aspectos mais políticos da denúncia, enquanto Janaína tentou justificar os aspectos técnicos. O arrazoado usado pelos advogados da acusação levou a uma reclamação da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR).

"O que a acusação fez aqui, hoje, não foram registros técnicos, não foi um debate jurídico. Foi um debate político. Eu não tenho nada contra debates políticos. É direito, mas, para fazer debate político, é necessário que se submeta ao voto popular e venha para esta Casa. Se aqui vem como advogado, aqui tem que trazer questões técnicas", reclamou.

O senador tucano Aécio Neves respondeu chamando de "patéticas" as reclamações da senadora, na segunda confusão a marcar a manhã -mas que logo foi debelada pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski.

Mais cedo, o senador Aloysio Nunes Ferreira provocou outra crise ao reclamar que o deputado José Guimarães (PT-RN), que assistia às falas no fundo do plenário, teria chamado Janaína Paschoal de "golpista" durante seu discurso.

"Golpistas são vocês, deputado Guimarães. E o senhor não tem o direito de ficar neste plenário proferindo os insultos que vocês estimulam os seus sequazes a dirigirem contra nós nas ruas. Eu não tenho medo de você, nem de vocês", gritou Aloysio, pedindo ainda que Lewandowski pedisse que a polícia do Senado retirasse o deputado, caso Guimarães não se comportasse "adequadamente".

Senadores e deputados dos dois lados entraram na discussão para acalmar os ânimos, e o presidente do STF suspendeu a sessão por cinco minutos.

Acusação e defesa entraram em acordo e abriram mão das réplicas que teriam direito, encurtando a sessão em duas horas. Mais cedo, ao abrir os trabalhos, Lewandowski afirmou que pretende ouvir todos os senadores inscritos -no início da tarde eram 65- ainda nesta terça-feira, mas que a votação do impeachment deve ficar para a manhã da quarta-feira. Cada senador tem direito a 10 minutos de fala.


Brasil 247

GREENWALD: PRESIDENTE ELEITA É TIRADA POR GANGUE DE CRIMINOSOS


Jornalista norte-americano Glenn Greenwald, do site The Intercept, faz a crítica que a imprensa brasileira não faz sobre o processo de impeachment: "uma presidente eleita duas vezes está sendo tirada de seu cargo por uma gangue de criminosos, para pôr no lugar uma facção de direita não eleita e inelegível"

30 DE AGOSTO DE 2016 


247 – O jornalista norte-americano Glenn Greenwald, do site The Intercept, tem feito cada vez mais críticas ao processo de impeachment nessa reta final do julgamento.

Nesta segunda-feira 29, enquanto a presidente Dilma Rousseff respondia a perguntas dos senadores, ele publicou no Twitter um bom resumo do cenário político brasileiro:

"Uma presidente eleita duas vezes está sendo tirada de seu cargo por uma gangue de criminosos, para pôr no lugar uma facção de direita não eleita e ilegítima".

Nessa semana, Greenwald concedeu uma entrevista ao canal Democracy Now, dos Estados Unidos, em que comparou o comportamento corajoso de Dilma de ir se defender no Senado, mesmo sem ser obrigada, e o covarde de Michel Temer, que quebrou o protocolo na abertura da Olimpíada ao pedir para que seu nome não fosse anunciado, com receio de vaias, nem esteve presente na festa de encerramento.

Ele publicou ontem um texto intitulado: "Impeachment de Dilma caminha para o fim e ameaça a democracia brasileira". Leia aqui.


Brasil 247

Dilma sai grande do capítulo final de uma história de apequenamento




POR FERNANDO BRITO · 30/08/2016



Dilma Rousseff, em sua história de vida, nunca foi uma “política”, embora à política tenha dedicado sua existência.

Foi e é, como mostrou ontem, uma mulher de convicções e de dignidade.

Cabeça erguida e dedo em riste, professoral, orgulhosa e forte, Dilma Rousseff encarou “olho no olho” seus juízes, recusando o “silêncio obsequioso de covardes”, escreve o Le Monde.

Não concordo com as análises de que ela tenha apenas “salvo a sua biografia”.

Tocou em todos os pontos essenciais, sem os arroubos oratórios que lhe seriam falsos não lhe dariam nada, porque eram dezenas de senadores sem causa brigando por frases grandiloquentes e ocas.

Disse o essencial.

Que o impeachment é produto do descontentamento das elites e a “eleição indireta” de quem não ganhava no voto.

Que foi Eduardo Cunha o instrumento para torna-lo viável.

Assumiu os erros de suas políticas econômicas, mas dentro de seu contexto. E, em boa parte, por fazer as políticas que mercado e mídia exigiam, em matéria de cortes, desoneração de tributos e elevação de juros.

Teve a decência e a correção de não atirar sobre seus auxiliares os atos pelos quais é injustamente acusada, sobretudo na questão dos pagamentos do Plano Safra, que era operado exclusivamente por Joaquim Levy ao longo de 2015 e foram liquidados quando já era Nélson Barbosa o Ministro da Fazenda.

Defendeu a apuração de todos os atos de corrupção, destacou o papel que ela e Lula tiveram no fortalecimento das instituições judiciais que, infelizmente, lançaram-se num arreganho fascista.

Sem sequer mencionar seu nome, imprimiu a marca da traição na testa de Michel Temer e, mais do que o PT, será ela a referência quando seu fracasso inevitável se evidenciar.

Reduziu o clube alegre do Senado àquilo que se tornou: um convescote de oportunistas que repetiam, com um pouco – mais nem tanto – o triste circo assistido na Câmara.

Não culpou o PT, nem mesmo aqueles que, usando o partido, entregaram-se ao jogo de vantagens que sempre foi a política brasileira.

E, ao seu jeito, serenamente, fez os parágrafos da carta-testamento de sua morte política anunciada, mas talvez não inevitável:

Entre os meus defeitos não está a deslealdade e a covardia. Não traio os compromissos que assumo, os princípios que defendo ou os que lutam ao meu lado. Na luta contra a ditadura, recebi no meu corpo as marcas da tortura. Amarguei por anos o sofrimento da prisão. Vi companheiros e companheiras sendo violentados, e até assassinados.

Na época, eu era muito jovem. Tinha muito a esperar da vida. Tinha medo da morte, das sequelas da tortura no meu corpo e na minha alma. Mas não cedi. Resisti. Resisti à tempestade de terror que começava a me engolir, na escuridão dos tempos amargos em que o país vivia. Não mudei de lado. Apesar de receber o peso da injustiça nos meus ombros, continuei lutando pela democracia.

Dediquei todos esses anos da minha vida à luta por uma sociedade sem ódios e intolerância. Lutei por uma sociedade livre de preconceitos e de discriminações. Lutei por uma sociedade onde não houvesse miséria ou excluídos. Lutei por um Brasil soberano, mais igual e onde houvesse justiça.
Disso tenho orgulho. Quem acredita, luta

Na era do cinismo, do farisaísmo, da falta de credibilidade, não há quem não tenha visto ontem: Dilma acredita.


Tijolaço

ENQUANTO ISSO... TEMER TENTA COMPRAR SENADOR COM DIRETORIA DE BANCO

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Carlinhos Cachoeira tem um voto pelo impeachment




POR FERNANDO BRITO · 29/08/2016



Quem está acompanhando a sessão do Senado onde Dilma enfrenta os senadores deve ter vistou uma figura desprezível chamada Ataídes Oliveira que, sem fazer perguntas e com a voz sibilante de uma serpente, dirigiu apenas impropérios contra ela.

Para quem não viu, reproduzo a sua fala ao final.

Antes, porém, reproduzo a ficha do cidadão, escrita pelo IG, na insuspeita distância de quatro anos atrás, em agosto de 2012:

[Ataídes] Oliveira teria encomendado reportagens no jornal O Estado de Goiás , controlado indiretamente por Cachoeira, segundo relatório da PF. Em conversa gravada no dia 4 de julho de 2011, o tucano afirmava ter “umas notas ( notícias ) interessantes a nível Brasil” para publicar no jornal.
O diálogo segue com Oliveira afirmando que gostaria que Cachoeira lhe “desse ou pedisse a alguém” para lhe dar acesso ao jornal. “Se tiver algum custo é comigo mesmo, viu amigo?”, prossegue a gravação. Cachoeira concorda: “Na hora, manda cobrir lá, manda cobrir lá”.
(…)
Oliveira já substituiu Ribeiro por 121 dias entre maio e setembro de 2011. O tucano empenhou R$ 981 mil na campanha que levou o candidato do PR ao Senado, conforme contas apresentadas ao Tribunal Regional Eleitoral do Tocantins (TRE-TO) após as eleições de 2010.

Formado em direito e contabilidade, hoje com 52 anos, Oliveira é empresário com participação em grupos de segmentos variados por meio do Grupo Araguaia – como construção civil e consórcio automotivo. Ele declarou ao TRE-TO uma fortuna de R$ 15,4 milhões, em 2010, quando compôs a suplência. A declaração de bens inclui um Porsche avaliado em R$ 380 mil.

Dono de 80% da Cielo Trading Táxi Aéreo, Ataídes Oliveira emprestou a Fernando Cavendish, proprietário da Construtora Delta, um jatinho na ocasião da queda do helicóptero que mantou sete pessoas no distrito de Trancoso, em Porto Seguro, sul da Bahia.

O avião foi encomendado diretamente a ele por Cachoeira, conforme telefonema interceptado pela PF. O contraventor queria transportar para o Rio de Janeiro o ex-diretor da Delta no Centro-Oeste, Cláudio Abreu, e Cavendish. Segundo a declaração de bens, a Cielo rendeu R$ 5,97 milhões a Oliveira em 2010.

Portanto, vê-se que Carlinhos Cachoeira, lá da prisão em que se encontra, tem voz ativa no julgamento do impeachment.



Tijolaço

GREENWALD DESTACA CORAGEM DE DILMA E COVARDIA DE TEMER




Em entrevista ao canal independente Democracy Now, dos Estados Unidos, o jornalista Green Greenwald, do The Intercept, destacou as diferenças no comportamento da presidente Dilma Rousseff de "enfrentar seus algozes" no Senado para se defender, pessoalmente, no processo de impeachment, e de Michel Temer, que quebrou o protocolo ao pedir para que seu nome não fosse anunciado na cerimônia de abertura da Olimpíada e ainda não compareceu na festa de encerramento do evento; assista

29 DE AGOSTO DE 2016 



Por Fernando Brito, do Tijolaço - Trecho do comentário do Prêmio Pulitzer de Jornalismo, Green Greenwald, no The Intercept, sobre a entrevista que deu ao Democracy Now, dos EUA, sobre as diferenças entre a atitude de Dilma de decidir ir se defender, pessoalmente, no Senado, no julgamento do pedido de impeachment e a de Michel Temer de escafeder-se de aparições públicas


Durante as Olimpíadas, o “presidente interino” Michel Temer, temendo vaias, quebrou o protocolo ao exigir que seu nome não fosse anunciadoquando ele apareceu na Cerimônia de Abertura (ele foi intensamente vaiado de qualquer maneira) e depois seescondeu, não comparecendo à Cerimônia de Encerramento. Em amplo contraste, a presidente realmente eleita da nação, Dilma Rousseff, decidiu ir ao Senado hoje para confrontar seus acusadores, quando a gangue de corruptos e criminosos que constituem o Senado brasileiro encaminha o fim do julgamento do impeachment, com o resultado virtualmente inevitável de que a presidente duas vezes eleita Dilma seja removida do cargo. É a personificação da covardia x coragem.

Assista a entrevista, na íntegra e legendada:





Brasil 247

A coragem e a dignidade de Dilma calaram senadores



29 de Agosto de 2016

Por Laurez Cerqueira


Os senadores golpistas baixaram a bola.

Eles não esperavam que Dilma fosse ao Senado fazer a própria defesa, encará-los e desafiá-los a provar que ela cometera crime de responsabilidade.

Talvez pensaram que seria uma sessão sobre a qual teriam domínio, como de costume, mas não foi bem assim.

O discurso de Dilma foi tão forte e esclarecedor sobre as tramas e conspirações que levaram ao golpe que os fez calar.

Os senadores saíram pela retórica, coisa que eles estão acostumados a fazer, mas, num julgamento apenas a retórica não vale.

A defesa dela foi impecável. Senadoras e senadores como Ana Amélia, Aloysio Nunes, Aécio Neves, Cássio Cunha Lima e outros desceram da tribuna de rabo entre as pernas.

O Brasil conheceu hoje, mais uma vez, a coragem e a dignidade de Dilma, que enfrentou na vida dois tribunais injustos: o da ditadura militar e o do golpe parlamentar, no Senado. Os dois por lutar pela democracia e pela justiça.

Ela sairá do julgamento de espírito elevado, o Senado completamente desmoralizado, rebaixado, e exposto ao Brasil e ao mundo como uma instituição dominada por um bando de ratos.


Brasil 247

DILMA A CUNHA LIMA: VOCÊS SE ALIARAM AO CUNHA E DEVEM SE ENVERGONHAR


Questionada pelo senador Cássio Cunha Lima (PSDB-RN), a presidente Dilma Rousseff teve um dos momentos altos do debate na sua resposta; Cunha Lima havia feito uma homenagem a representantes do Movimento Brasil Livre e disse que o impeachment nasceu das ruas, não de uma conspiração do Congresso; "Não sejamos ingênuos, senador, todos nós sabemos que esse processo nasceu de uma vingança do senhor Eduardo Cunha, a quem vocês se aliaram. E disso devem se envergonhar", disse Dilma; "E a ironia é que eu estou aqui nessa etapa não sendo julgada nem por corrupção, nem por lavagem de dinheiro como esse personagem notório"; Dilma lembrou ainda que alguns dos líderes dos protestos foram "esfuziantes" em tirar fotos ao lado de Cunha, que ainda não foi julgado

29 DE AGOSTO DE 2016 


247 – A resposta da presidente eleita Dilma Rousseff ao senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) foi um dos pontos altos da sessão desta segunda-feira no Senado.

Cunha Lima havia feito uma homenagem a representantes do Movimento Brasil Livre e disse que o impeachment nasceu das ruas, não de uma conspiração do Congresso.

"Não sejamos ingênuos, senador, todos nós sabemos que esse processo nasceu de uma vingança do senhor Eduardo Cunha, a quem vocês se aliaram. E disso devem se envergonhar", disse Dilma. "E a ironia é que eu estou aqui nessa etapa não sendo julgada nem por corrupção, nem por lavagem de dinheiro como esse personagem notório."

Dilma lembrou ainda que alguns dos líderes dos protestos foram "esfuziantes" em tirar fotos ao lado de Cunha, que ainda não foi julgado.

Leia, ainda, reportagem da Reuters, sobre o embate entre Dilma e Aécio Neves:


BRASÍLIA (Reuters) - A presidente afastada Dilma Rousseff disse nesta segunda-feira que não é possível sair da crise sem cooperação entre os Poderes, após ser questionada pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG) sobre sua responsabilidade pela recessão atual.

Dilma afirmou que a eleição do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para a presidência da Câmara criou "situação complexa" para seu governo, com rejeição ou aprovação parcial de medidas fiscais propostas para reverter a crise.

Também citou o ambiente externo, com os Estados Unidos iniciando a política de elevação dos juros e a China enfrentando desaceleração, para justificar o cenário econômico.

Dilma disse ainda acreditar no "direito sagrado" da oposição de defender uma política contrária à da situação, mas destacou não poder compactuar com uma postura de "quanto pior melhor".

(Por Marcela Ayres e Maria Carolina Marcello)


Brasil 247



domingo, 28 de agosto de 2016

O julgamento de Dilma está apenas começando



27 de Agosto de 2016

Por Robson Sávio Reis Souza


Enganam-se os impostores que tomaram de assalto o poder acerca do término do julgamento da presidenta legítima Dilma Rousseff nestes dias. A farsa do jogo jogado - que se arrasta desde aquele momento patético no qual uma facção criminosa de corruptos admitiu o início do processo na Câmara Federal -, não terá seu ponto final com o veredicto de um Senado que, com um perfil similar ao da Câmara, é composto, majoritariamente, por políticos da pior qualidade. Uma charge, atribuída ao The New York Times desta semana (que ilustra este post), retrata bem o julgamento político em curso. Num patíbulo, Dilma é cercada (e julgada) por um bando de ratos escrotos.

A narrativa do golpe já está consolidada no exterior. Inúmeras evidências (a principal delas, a ausência retumbante dos líderes mundiais nos eventos olímpicos) dão conta que a comunidade internacional não engole goela abaixo a história contada a fórceps pelos pseudovencedores do golpe: o parlamento, majoritariamente formado por ratazanas e líderes partidários perversos; a mídia manipuladora, com suas emissoras platinas, revistas e jornais que transformaram jornalismo em espetáculo inquisitorial a serviço dos impostores; os empresários e banqueiros antinacionais, subservientes do capital global; segmentos judiciários e policiais capangas da casa grande e outros grupos da classe média que não abrem mão de privilégios e cuja ação política na sociedade é baseada, quase que exclusivamente, na propagação do ódio, da violência e da vingança.

Acontece que a história não perdoa traidores, covardes e mamulengos. Por isso, é justamente de agora em diante que todos contarão a história do bando que violentou a democracia deste país. 

Ao derrubar sordidamente uma presidenta eleita, a coalizão golpista jogou no lixo a democracia, a Constituição e o estado de direito.

No futuro, próximo e distante, essa história se iniciará assim: em agosto de 2016, um senado formado por inúmeros corruptos, denunciados por falcatruas das mais escandalosas e presidido por um ministro do Supremo – que assistiu impávido a violação da Constituição -, impediu uma presidenta legítima do exercício do poder sufragado pelas urnas. Sem crime de responsabilidade, como determina a Constituição, o julgamento realizado por juízes corrompidos e sem moral alçou ao comando do país um governo ilegítimo, corrupto e sem voto. Aliado com os perdedores das eleições - movidos pela vingança e que sequer respeitam as regras procedimentais da democracia -, e sem nenhum vínculo efetivo com o povo, a Constituição e o estado de direito, o desgoverno criado artificial e oportunisticamente foi a prova cabal a confirmar que um golpe arruinou a frágil democracia brasileira.

Portanto, os atores e as coalizões que ardilosamente tramaram o golpe serão nomeados e registrados nos anais da história.

Mas, o ostracismo e a repugnância não serão castigos suficientes para punir os golpistas que, historicamente, sempre se articularam nesse país para pilharem o patrimônio público e impedir o avanço dos direitos do povo. 1954 e 1964, logo ali, mostram que os golpistas não têm pudor, nem temor. E fiam-se na impunidade perpetua.

A principal lição que devemos tirar deste episódio é que a impunidade em relação aos traidores e usurpadores, de ontem e de hoje, é o ingrediente a alimentar os golpes.

Assim, caberá a todos aqueles e aquelas que já se articulam na resistência democrática tratar de construir estratégias para o enfrentamento daquilo que até hoje o país não fez: um acerto de contas com o passado e com o presente; com os atores que sempre querem impor uma sociedade de perfil escravista, patrimonialista, machista, coronelista, elitista e violenta.

Há que se começar uma nova construção. Em nome da verdade, da memória e da justiça é preciso derrubar, de uma vez por todas, as estruturas da casa grande para se construir, de fato, uma nação onde imperará, com longevidade, a justiça e a igualdade, expurgando os vampiros sanguessugas da Nação. Chega de conciliação e de paz dos túmulos.


Brasil 247

COM LULA, DILMA SE PREPARA PARA A BATALHA FINAL


Presidente eleita Dilma Rousseff se reuniu na noite deste domingo com o ex-presidente Lula e acertou o tom do discurso que fará, nesta segunda-feira, no Senado Federal; ela destacará que a batalha democrática é um compromisso seu desde jovem e que o golpe de 2016, que ainda pode ser revertido, na avaliação do Palácio da Alvorada, foi inflado pela mídia; Dilma também dirá que mantém o compromisso de propor uma consulta pública sobre eleições gerais; entre os golpistas, o ambiente é ruim; além das críticas de tucanos e democratas à gastança de Temer, documentários registram o golpe para a História e os dois principais jornais do mundo – Le Monde e New York Times – demonstram espanto pelo fato de Dilma estar sendo vítima de uma farsa e julgada por parlamentares corruptos

28 DE AGOSTO DE 2016 


247 – A presidente eleita Dilma Rousseff se reuniu na noite deste domingo com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e definiu os pontos do discurso que fará, na manhã desta segunda-feira, no Senado.

Alguns pontos foram antecipados pelo jornalista Kiko Nogueira, do DCM:

1) Faz menção à necessidade de sempre se respeitar a democracia e a vontade das urnas.

2) Dilma ressaltará a “injustiça de ser condenada mesmo sendo inocente”.

3) Sua luta democrática é “um compromisso que vem desde jovem”.

4) Essa batalha “lhe rendeu a tortura e a prisão no passado”.

5) O “governo usurpador está colocando em risco as conquistas sociais e os direitos do povo”.

6) Conspiração foi orquestrada “pelas elites que foram derrotadas em 2014 e não aceitaram o resultado das urnas”.

7) Houve um “ambiente político para o golpe, inflado pela mídia”.

8) O compromisso de Dilma é o de propor uma consulta pública sobre eleições gerais.

Entre os golpistas, o ambiente é ruim. Além das críticas de tucanos e democratas à gastança de Temer (leia aqui), documentários registram o golpe para a História (aqui) e os dois principais jornais do mundo – Le Monde e New York Times – demonstram espanto pelo fato de Dilma estar sendo vítima de uma farsa e julgada por parlamentares corruptos.


Brasil 247