POR FERNANDO BRITO · 24/08/2016
Rodrigo Janot diz que não existe a menção ao Ministro Dias Toffoli nas tratativas de delação do empreiteiro Léo Pinheiro, capa da Veja nesta semana, segundo a própria Veja, que registra a sua fala: :
A declaração de Janot parece uma manifestação de perplexidade, mas contém um truque retórico. Ele diz que a informação não pode ter sido vazada porque o anexo da delação não “ingressou” no Ministério Público. O termo remete a uma entrega formal de delação, quando se faz um protocolo e demais formalidades. Mas não é isso que VEJA noticiou. A revista informou que a proposta de delação da qual faz parte o anexo sobre Dias Toffoli fora “apresentada recentemente à Procuradoria Geral da República” e ainda não fora aprovada ou formalizada. Estava em negociação. A reportagem de VEJA informa ao leitor, mais de uma vez, que a delação era uma “proposta de delação” e que ainda não fora nem homologada. Dizer que o anexo não “ingressou” no Ministério Público é o truque retórico para negar a existência do anexo sobre Dias Toffoli. Ele existe, sim, e seus termos estão – ou estavam, até agora – sob negociação.(…) A reportagem de VEJA teve acesso ao anexo da delação em que Léo Pinheiro mencionou o nome de Dias Toffoli. A expressão “ter acesso” significa que os repórteres de VEJA viram e leram o anexo. E apuraram que os termos do anexo estavam em discussão na proposta de delação de Léo Pinheiro. Por isso, VEJA mantém tudo o que foi publicado na edição que está nas bancas.
E agora, Dr. Janot, o senhor vai abrir uma investigação?
A Veja o desafia:
Em sua fala na reunião do conselho desta terça-feira, Janot dá uma pista das razões de sua decisão (de suspender o acordo de delação com o OAS) Disse o seguinte: “Na minha humilde opinião, trata-se de um quase estelionato delacional, em que inventa-se um fato, divulga-se o fato para que haja pressão ao órgão do Ministério Público para aceitar desta ou daquela maneira eventual acordo de colaboração.” Com isso, fica claro que Janot acha que a divulgação da menção a Dias Toffoli é parte de uma conspiração — da qual VEJA participaria — para forçar que a delação seja aceita. Mas, se não passa de um “quase estelionato delacional”, volta-se à pergunta que não quer calar: por que cancelar a negociação? Não bastaria ao procurador aceitar a delação nos termos que bem entendesse – e desprezar o que a imprensa mentirosa e leviana noticia?
Veja deu uma bofetada no Procurador Geral da República. Chamou-o de mentiroso.
Janot está visivelmente constrangido, porque tem de encobrir a evidente violação do sigilo funcional de sua corporação, que era aceita sem problemas quando os alvos eram Lula, Dilma e o PT.
Não tem como explicar o fato de não cumprir sua omissão em determinar a apuração do vazamento, muito menos com justificar que seus procuradores possam ser investigados por isso.
Se prevalecer a negativa de negociar a delação da OAS – o que vai ser difícil de sustentar – fica obrigado a aceitar, do jeito que vierem, as “confissões” da Odebrecht.
Ou Curitiba lhe permite outra atitude?
Tijolaço
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