sexta-feira, 22 de julho de 2011

Rosset: “Brasil corre o risco da desindustrialização”


A desindustrialização é um risco real para o Brasil. O alerta vem sendo dado por várias vozes, entre as quais estão a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), o empresário Benjamin Steinbruch e, agora, em entrevista exclusiva para este blog, o empresário Ivo Rosset. Ele diz que em seu setor (têxtil) a desindustrialização ameaça 2,5 milhões de empregos.

"O setor confecções é o elo fraco da cadeia", informa Rosset. "É o primeiro a dar o sinal de alerta, pois sofre com a dura concorrência com os produtos chineses", afirma. Para Rosset, no entanto, o problema não reside na China. “Mas no fato de o modelo industrial no Brasil ser o mesmo há 30 anos", pontua. Embora reconheça a disposição ao diálogo do governo, o empresário lembra que "nos últimos 16 anos, o país assistiu a um constante aumento de carga tributária". Ela seria um dos principais fatores que minam a competitividade da indústria brasileira.

Rosset explica que a desindustrialização atinge vários setores que contam com mão de obra intensiva. Alguns já estariam ensaiando sair do mercado. "Precisamos desonerar os setores que sejam intensivos e estejam gerando empregos, o que implica na mudança no sistema de arrecadação", defende o empresário.

SIMPLES para todas as empresas

Empresas que trabalham com o sistema do SIMPLES, contam com uma taxa fixa de imposto que é progressiva até se chegar a um limite máximo de faturamento (R$ 2,4 milhões). Passado esse limite, explica o empresário, a empresa é obrigada a sair do SIMPLES. Para Rosset, contribuiria muito se o modelo do SIMPLES fosse adotado para todas as empresas "independente do valor do seu faturamento".

Outros vilões que contribuem para a desindustrialização, apontados por Rosset, são os altos juros e a questão do câmbio. Para o empresário,"com um câmbio a R$ 1,50 por dólar, nosso país não terá condições de exportar". A relação mina a competividade do produto brasileiro no mercado internacional. "Gustavo Franco, presidente do Banco Central, na época de Fernando Henrique Cardoso, foi tremendamente criticado pelo câmbio desfavorável ao produto brasileiro. Hoje, no entanto, o valor está ainda mais baixo".

Juros valorizam o real e não contêm a inflação


As críticas de Rosset também se dirigem aos altos juros praticados pelo Brasil. “Eles contribuem para a valorização do real e sequer estão segurando a inflação". Para Rosset, quanto mais altos os juros, mais os empresários são obrigados a repassar o custo ao produto, tornando-o menos competitivo. "É uma bola de neve", compara.

Rosset teme que, se algo não for feito urgentemente, o Brasil se limitará a ser “o celeiro do mundo, produtor apenas de commodities”. E alerta: "se continuarmos nesse ritmo, vamos chorar a perda de muitos empregos, como o fazem os Estados Unidos".

Blog do Zé Dirceu

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