segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

A vingança dos dinossauros

Os leitores se recordam dos anúncios patrocinados pelo governo Collor, quando o caçador de marajás iniciava o processo de entrega dos bens nacionais aos estrangeiros, em nome da modernidade. Os que defendiam o patrimônio público eram desdenhosamente identificados como dinossauros.

Os leitores se recordam dos anúncios patrocinados pelo governo federal durante o mandato de Collor, quando o caçador de marajás iniciava o processo de entrega dos bens nacionais aos estrangeiros, em nome da modernidade. Os que defendiam o patrimônio público eram desdenhosamente identificados como dinossauros, ou seja, animais dos tempos jurássicos. Iniciou-se, com o confisco dos haveres bancários, o processo de desnacionalização da economia, sob o comando da senhora Zélia Cardoso de Melo e do economista Eduardo Modiano, nomeado presidente do BNDES com a missão de desmantelar o setor estatal e entregar suas empresas aos empreendedores privados que se associassem às multinacionais.

Naquela época publiquei artigo na Gazeta Mercantil, em que fazia a necessária distinção entre os dinossauros – uma espécie limpa, sólida, quase toda vegetariana – e os murídeos: camundongos, ratos e ratazanas.

É difícil entender como pessoas adultas, detentoras de títulos acadêmicos, alguns deles respeitáveis, puderam fazer análise tão grosseira do processo histórico. Mas eles sabiam o que estavam fazendo. Os economistas, sociólogos e políticos que se alinharam ao movimento neoliberal – excetuados os realmente parvos e inocentes úteis – fizeram das torções lógicas um meio de enriquecimento rápido.

Aproveitando-se dos equívocos e da corrupção ideológica dos quadros dirigentes dos países socialistas – que vinham de muito antes – os líderes euro-norte-americanos quiseram muito mais do que tinham, e resolveram recuperar a posição de seus antecessores durante o período de acumulação acelerada do capitalismo do século 19. Era o retorno ao velho liberalismo da exploração desapiedada dos trabalhadores, que havia provocado a reação dos movimentos operários em quase toda a Europa em 1848 (e animaram Marx e Engels a publicar seu Manifesto Comunista) e, logo depois, a epopéia rebelde da Comuna de Paris, com o martírio de milhares de trabalhadores franceses.

Embora a capitulação do Estado se tenha iniciado com Reagan e Thatcher, no início dos oitenta, o sinal para o assalto em arrastão veio com a queda do Muro de Berlim, em novembro de 1989 – coincidindo com a vitória de Collor nas eleições brasileiras. Não se contentaram os vitoriosos em assaltar os cofres públicos e em exercer a prodigalidade em benefício de seus associados do mercado financeiro. A arrogância e a insolência, nas manifestações de desprezo para com os pobres, que, a seu juízo, deviam ser excluídos da sociedade econômica, roçavam a abjeção. Em reunião realizada então na Califórnia, cogitou-se, pura e simplesmente, de se eliminarem quatro quintos da população mundial, sob o argumento de que as máquinas poderiam facilmente substituir os proletários, para que os 20% restantes pudessem usufruir de todos recursos naturais do planeta.

Os intelectuais humanistas – e mesmo os não tão humanistas, mas dotados de pensamento lógico-crítico – alertaram que isso seria impossível e que a moda neoliberal, com a globalização exacerbada da economia, conduziria ao malogro. E as coisas se complicaram, logo nos primeiros anos, com a ascensão descontrolada dos administradores profissionais – os chamados executivos, que, não pertencendo às famílias dos acionistas tradicionais, nem aos velhos quadros das empresas, atuavam com o espírito de assaltantes. Ao mesmo tempo, os bancos passaram a controlar o capital dos grandes conglomerados industriais.

Os “executivos”, dissociados do espírito e da cultura das empresas produtivas, só pensavam em enriquecer-se rapidamente, mediante as fraudes. É de estarrecer ouvir homens como George Soros, Klaus Schwab e outros, outrora defensores ferozes da liberdade do mercado financeiro e dos instrumentos da pirataria, como os paraísos fiscais, pregar a reforma do sistema e denunciar a exacerbada desigualdade social no mundo como uma das causas da crise atual do capitalismo.

Isso sem falar nos falsos repentiti nacionais que, em suas “análises” econômicas e políticas, nos grandes meios de comunicação, começam a identificar a desigualdade excessiva como séria ameaça ao capitalismo, ou seja, aos lucros. Quando se trata de jornalistas econômicos e políticos, a ignorância costuma ser companheira do oportunismo. Da mesma maneira que louvavam as privatizações e a “reengenharia” das empresas que “enxugavam” as folhas de pagamento, colocando os trabalhadores na rua, e aplaudiam os arrochos fiscais, em detrimento dos serviços essenciais do Estado, como a saúde, a educação e a segurança, sem falar na previdência, admitem agora os excessos do capitalismo neoliberal e financeiro, e aceitam a intervenção do Estado, para salvar o sistema.

Disso tudo nós sabíamos, e anunciamos o desastre que viria. Mas foi preciso que dezenas de milhares morressem nas guerras do Oriente Médio, na Eurásia, e na África, e que certos banqueiros fossem para a cadeia, como Madoff, e que o desemprego assolasse os países ricos, para que esses senhores vissem o óbvio. Na Espanha há hoje um milhão e meio de famílias nas quais todos os seus membros estão desempregados.

Não nos enganemos. Eles pretendem apenas ganhar tempo e voltar a impedir que o Estado volte ao seu papel histórico. Mas o momento é importante para que os cidadãos se mobilizem, e aproveitem esse recuo estratégico do sistema, a fim de recuperar para o Estado a direção das sociedades nacionais, e reocupar, com o povo, os parlamentos e o poder executivo, ali onde os banqueiros continuam mandando.


Mauro Santayana é colunista político do Jornal do Brasil, diário de que foi correspondente na Europa (1968 a 1973). Foi redator-secretário da Ultima Hora (1959), e trabalhou nos principais jornais brasileiros, entre eles, a Folha de S. Paulo (1976-82), de que foi colunista político e correspondente na Península Ibérica e na África do Norte.

Carta Maior

Juíza Márcia Loureiro


O amigo navegante Claudinei envia video com entrevista da Juiza Marcia Loureiro, aquela que, em última instância, decidiu que Naji Nahas tinha direito à reintegração:

claudinei watanabe

Enviado em 28/01/2012 às 13:00

Bem para mim essa entrevista, é bem reveladora, há quatro meses a o governo Alckmin vem organizando essa operação, quando a juíza diz na terça feira houve uma tentativa de entrar em pinheirinho era na verdade um teste, uma prévia da operação de domingo, essa mulher é um …, Paulo Henrique, veja a “nossa” juíza elogiando a ação da policia.

A Juíza repete a acusação de que lideranças políticas no Pinheirinho criaram as condições para haver um banho de sangue.

Que o trabalho “admirável” da PM do Alckmin evitou.

A racionalidade da emérita Juíza se sustenta na ausência de uma solução de conciliatória: o Governo Federal chegou com um protocolo de intenções que não dizia nada – conclui ela.

“Ao Juiz cabe decidir” – sentencia.

Bravo !

Naji Nahas não argumentaria melhor !

Em Pinheirinho se rescreveu uma História do Brasil: os perdedores perdem sempre; os vencedores vencem sempre.

Paulo Henrique Amorim

Conversa Afiada - You Tube

Globo disfarça mal suas campanhas para pressionar o governo

Há muito tempo o jornal O Globo - ninguém sabe de quem parte a iniciativa lá, mas desconfia-se - vem agindo para criar fatos políticos e pressionar governos em determinadas direções. No caso da relação do governo com o PMDB é evidente o esforço do jornal de criar situações que afastem o partido da base aliada. Em relação à Petrobras, seu dia-a-dia, decisões, negócios, rotina administrativa, idem.

No caso da Petrobras, a última de O Globo foi o factóide da demissão de Sérgio Machado da diretoria da Transpetro, empresa integrante da holding da estatal. Já há semanas - antes e depois da mudança na presidência da Petrobras, substituição de José Sérgio Gabrielli por Maria das Graças Foster - o jornal está neste samba de uma nota só em relação a Sérgio Machado.

Já quando o então governador tucano de São Paulo, José Serra, fez um acordo com o PMDB quercista para ter o apoio dele para presidente da República dois anos depois, dando continuidade a aliança que reelegeu em 2008 o prefeito da capital, Gilberto Kassab o que vimos foi um silêncio ensurdecedor não apenas do jornal dos Marinhos, mas de toda a mídia. Kassab se elegeu tendo como vice Alda Marcoantonio do PMDB quercista.

Petrobras necessita de uma reorganização administrativa

Agora, O Globo insiste nessa linha contra governo e Petrobras e faz notícia editorializada no caso da criação pela estatal da diretória corporativa. A diretoria é mais do que necessária e mais do que normal em empresas desse porte. A Petrobras há muito necessita de uma reorganização na sua governança já que praticamente multiplicou por 10 seus investimentos, mas continua com a mesma estrutura de direção e gestão do passado.

O jornalão carioca ainda vem com a história de que o cargo foi criado para atender ao PT, já que o indicado para ocupá-lo é o ex-presidente nacional do partido, ex-senador Jose Eduardo Dutra (PT-SE). Ora, Dutra já foi presidente da Petrobras e da BR Distribuidora. Tem mais do que capacidade e competência, além de experiência para o cargo. Mas, enfim, são coisas de nossa imprensa que mais parece um partido ou um grupo político.

Outra chamada dirigida do jornalão dos Marinhos hoje - "Banco do Brasil muda nove diretorias e abre espaço a partidos" - distorce com objetivos políticos a informação, o fato, a realidade. Todos os indicados para cargos de comando são funcionários de carreira do BB.

Este rodízio é necessário e útil, é uma medida que aumenta a eficiência da gestão e da direção do banco. As razões para as mudanças são públicas e fundamentadas, mas o jornal faz uma chamada eminentemente política.

Blog do Zé Dirceu

Hugo Chávez tem 64% de aprovação na Venezuela

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Hugo Chávez
Pesquisa da empresa Hinterlaces, revela o que já sabíamos: o presidente da Venezuela, Hugo Chávez tem a aprovação de nada menos que 64% da população de seu país. O diretor da empresa, Oscar Schemel, confirmou os resultados do levantamento para o canal Venevisión e aí, sim, está a novidade - a tv privada faz críticas constantes ao chefe do governo venezuelano.

“64% pensam que o presidente está fazendo (governando) muito bem - regular e bem. Isto mantém o ritmo ascendente de avaliação positiva da gestão”, explicou Schemel, na entrevista ao Venevisión. Ele também detalhou que o governo Chávez tem avaliação muito positiva nos setores de saúde, educação, habitação e relações internacionais - 62% aprovam o trabalho na área da educação e 53% na saúde.

Schemel assinalou que a pesquisa indica haver percepção de melhora na questão da segurança, mas que em relação a temas econômicos, inflação e desabastecimento há uma apreciação negativa. Mas, adiantou, 65% estão confiantes que a situação econômica irá melhorar.

Quanto mais malham Chávez, mais cresce sua aceitação e aprovação

Como símbolo desta aprovação e confiança em Hugo Chávez, a pesquisa revela que 51% da população acreditam que o presidente deve ser reeleito – aumento de um ponto percentual em relação à pesquisa anterior - na eleição de 7 de outubro próximo. De resto, no levantamento há outra avaliação também bastante significativa: apenas 25% da população creem que a oposição tem ideais.

O que, mais uma vez, prova que a Venezuela está no caminho certo e a oposição - como acontece aqui também - está perdida. Lá, como cá, a percepção da população é que os oposicionsitas não tem ideais, programas, projetos, metas, rumos, nada para o país. Querem apenas impor um projeto de poder pelo poder.

Outra conclusão a se tirar da pesquisa: não adianta a mídia - nossa e deles - malhar o presidente Hugo Chávez, torcer e veicular notícias de que ele está prestes a morrer em decorrência de seu problema de saúde (câncer). Quanto mais o fazem, mais ele cresce na aceitação e aprovação a seu governo.

Foto Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr

Blog do Zé Dirceu

Se coerentes, senador do Pará devia renunciar e imprensa cobrar

Finalmente, quase uma década depois de surgirem as primeiras denúncias de iregularidades, o senador Mário Couto (PSDB-PA) foi denunciado em ação civil pública, sob acusação de envolvimento em esquema de desvio de recursos da Assembeia Legislativa do Pará quando a presidia entre 2003 e 2007.

O Ministério Público do Estado do Pará (MPE-PA) entrou com a ação na qual pede o bloqueio dos bens do senador. Solicita, ainda, que ele e outros 15 acusados - entre os quais sua filha, a deputada estadual Cilene Couto (PSDB) - devolvam R$ 2,3 milhões aos cofres públicos.

O esquema denunciado envolvia fraude na folha de pagamento do Legislativo paraense, com a contratação de servidores-fantasmas. Além do senador, sua filha é denunciada porque fazia parte do setor de controle interno da Assembleia na gestão do pai.

Falso catão continua com mandato, posando de vestal

A ação cita o exemplo de 11 funcionários-fantasmas que, em depoimentos, negaram trabalhar na Casa - salário da maioria deles era superior a R$ 10 mil mensais e os valores eram desviados. O senador Mário Couto diz que a ação é movida por uma desavença pessoal de um dos promotores contra ele.

Este caso do senador tucano do Pará é emblemático. A mídia nacional fez de tudo para esconder os fatos gravíssimos e sua responsabilidade. Mário Couto é um dos falsos catões que no Senado transformou seu mandato num exemplo de populismo denuncista.

Pois bem, acusado no Pará continua posando de vestal e atuando no Senado, certo da impunidade e da cumplicidade da mídia diante das acusações. Seguindo suas próprias condutas, o senador devia renunciar ou pedir licença do mandato até que as investigações e o inquérito sejam concluídos, e a mídia cobrar isso dele. Como sempre exigiram - ele e a imprensa - que outros renunciem ao mandato. Desde que sejam do PT ou aliado ao governo.

Blog do Zé Dirceu

Serra e a privatização - a hipocrisia na política



Blog do Luis Nassif - You Tube

Domingo Espetacular



Rede Record - Blog do Luis Nassif

Os 90 anos do nascimento de Brizola

Da Revista de História

Festa brizolista

Os 90 anos de nascimento de Leonel Brizola são comemorados com missa e lançamento de livro

Nesta segunda-feira (dia 23), Leonel Brizola teria feito 90 anos se estivesse vivo – e, claro, o líder esquerdista é lembrado numa série de homenagens, duas delas promovidas pela Associação Brasileira de Imprensa, uma no Rio de Janeiro e outra em Porto Alegre. Na Igreja de São Benedito dos Homens Pretos (Rua Uruguaiana, Centro do Rio de Janeiro), às 11h, foi realizada uma missa. Já na sede da ABI em Porto Alegre (Rua Araújo Porto Alegre, 71, Centro), às 18h, foi lançado o livro “Leonel Brizola – A legalidade e outros pensamentos conclusivos”. A obra, organizada pelos jornalistas Osvaldo Maneschy, Apio Gomes, Paulo Becker e Madalena Sapucaia, reúne o pensamento político e social de Brizola a partir de entrevistas, palestras e discursos do líder trabalhista entre 1991 e 2004.

No artigo abaixo, publicado na RHBN em junho de 2009, veja os comentários da edição do nosso “Biblioteca Fazendo História” que discutiu as “mil faces” do líder esquerdista. Relembre também alguns artigos do nosso Especial Brizola, publicado na época, como o “Nasce um líder das esquerdas”, que narra como ele despontou com um discurso revolucionário e resistiu até o fim ao movimento que gerou o golpe militar. Em “Onde estão os Grupos de Onde?”, Marli de Almeida Baldissera conta como, a pedido de Brizola, milhares de pessoas se inscreveram em organização de resistência ao golpe – sem nem saberem ao certo do que se tratava.

Por Adriano Belisário

No rádio, convocou a população ao engajamento político e foi responsável por uma mobilização sem precedentes. Exilado, era visto por algumas forças conservadoras como a principal ameaça revolucionária ao país. Hoje, morto, continua exercendo uma influência que ultrapassa legendas partidárias. “Ame-o ou deixe-o”, o lema do Brasil ditatorial também vale para Leonel Brizola.

E, sem dúvida, eram adoradores que formavam maioria no acalorado debate realizado pela Revista de História na última terça, dia 23. O projeto ‘Biblioteca Fazendo História’ levou os pesquisadores Américo Freire (Fundação Getúlio Vargas) e Marli de Almeida (Universidade Regional Integrada do Rio Grande do Sul) ao Auditório da Biblioteca Nacional para apresentarem a trajetória do líder trabalhista desde a formação do grupo dos onze até o seu exílio em Portugal.

“Nos tempos de colégio, um colega me disse que Brizola foi responsável por diversas torturas ”, lembrou um dos espectadores. Boatos como este tiveram início devido a um movimento originado com a Campanha da Legalidade, quando Leonel desejava assegurar a posse do vice João Goulart após a renúncia do presidente Jânio Quadros. Com Jango já no poder, Brizola cria a Frente de Mobilização Popular para pressionar pela realização das reformas de base e começa a usar as ondas da rádio Mayrink Veiga para aproximar o povo desta luta. “Ele estava cutucando a onça com vara curta”, comentou Marli. E a fera não demorou a acordar.

Ao final de 1963, através da rádio, Brizola arregimenta grupos de cidadãos ligados às defesas de suas causas. Inicialmente, propõe a criação de grupos de cinco pessoas, mas logo muda para onze. No país do futebol, não poderia haver número melhor. Segundo Marli de Almeida, a adesão foi grande, mas também superestimada: - As pessoas eram brizolistas, não necessariamente comunistas. A imprensa logo noticiou como grupos paramilitares, mas as listas tinham nomes de idosos e crianças de poucos meses.

Após o golpe de 64, tais documentos foram apreendidos e os alistados receberam a desagradável visita dos militares, em especial na região de Erechim (RS), local de estudo de Marli e suposto foco guerrilheiro. Apesar de muitos serem pessoas simples, que somente assinaram o chamado de Brizola para demonstrar simpatia a seus ideais, as forças policiais queriam a confissão do engajamento na luta armada a qualquer custo. “Eles prendiam as pessoas por dias. Algumas enlouqueceram depois das torturas. De armas mesmo, só encontraram espingarda de matar passarinho e canivete de cortar fumo”, relatou a pesquisadora.

O governo temia que aquela região montanhosa ao sul do país se tornasse a Sierra Maestra brasileira, mas a organização armada dos brizolistas não chegava aos pés daquela dos cubanos. "Não havia designação de uma liderança. As células eram formadas por uma ligação muito pessoal com Brizola. Quando ele lia os nomes na rádio, as pessoas ficavam felizes", diz Marli.

Fortemente perseguido

Além da temporada de torturas, a tomada de poder pelos militares também deu início ao exílio de muitos brasileiros antes mesmo do AI 5. Como de costume, Brizola demorou para arredar o pé. Se Jango logo partiu para o Uruguai, Leonel passou um curto período em Porto Alegre tentando organizar uma resistência ao recém-instaurado governo militar. Segundo Marli, neste período, ele foi fortemente perseguido e, certa vez, teve que fugir da polícia travestido de mulher. Quando viu que suas intenções tinham poucas chances de irem adiante, partiu para Montevidéu, “a capital dos exilados brasileiros” nas palavras de Américo Freire.

No Uruguai, afastou-se ainda mais de João Goulart. Enquanto o presidente deposto acreditava em uma solução moderada, Brizola mandou o legalismo de outrora às favas e continuou apostando no confronto armado. "Ele achava um absurdo Jango formar a Frente Ampla com Carlos Lacerda, o verdugo de Vargas. Brizola era favorável à guerrilha. Criou o Movimento Nacional Revolucionário (MNR), que recebeu de Cuba apoio logístico e material. Ele entrou em uma fase guevarista. Usava coturnos e dizia que só iria tirá-los quando voltasse ao Brasil. Porém, mais tarde, fez uma autocrítica e reconheceu que não estavam preparados para a guerrilha”, disse Américo.

Depois de fracassar na empreitada guevarista, Brizola inicia um período de ostracismo. Comprou uma Kombi de segunda mão e foi para o interior. Lá, virou fazendeiro e, entre um contato político e outro, passava o tempo vendendo leite. Porém, uma aliança dos governos ditatoriais latino-americanos para o extermínio das lideranças de esquerda da região (Operação Condor) o obriga a novamente se mexer. Ao contrário de João Goulart, Brizola sai do Uruguai após receber diversas ameaças de morte.

Então, Brizola pede e consegue asilo na Embaixada dos Estados Unidos, que sob o governo de Jimmy Carter já vislumbrava perspectivas menos autoritárias na América Latina. Posteriormente, migra para a Europa, onde atuou como ponto de convergência entra a esquerda, em especial em Portugal.

No país lusitano, Brizola organizou o "Encontro de Lisboa", que pretendia lançar as bases para a refundação do PTB. O evento completa três décadas neste mês. Todavia, em relação a este evento, não há muito o que comemorar entre os brizolistas. “Brizola fez questão de entrar discretamente no país depois do exílio. Ele já vinha mudando sua estratégia política. Voltou cauteloso. O Brasil tinha mudado e ele precisava recuperar as bases pois perdera o PTB para Ivete Vargas, que tinha ligações com os militares”, analisa o pesquisador da Fundação Getúlio Vargas.

Mesmo mais moderado, Leonel continuou causando polêmica na política nacional. Ainda hoje, seu nome pode suscitar emoções tão intensas quanto opostas, em especial entre os que viram de perto a repressão contra o Grupo dos Onze. Segundo Marli, no entanto, é preciso ter cuidado para não confundir algozes: - Alguns alistados torturados ou parentes deles consideram Brizola como persona non grata. Já outros praticamente o veneram. Eu acho que ele não foi o responsável pelas torturas. As pessoas queriam participar dos grupos. O que aconteceu depois foi conseqüência do regime militar.

Blog do Luis Nassif

Cuba quer limite de 10 anos para mandatos de dirigentes políticos

Renata Giraldi*
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Às vésperas da chegada da presidenta Dilma Rousseff, o presidente de Cuba, Raúl Castro, defendeu ontem (29) a manutenção do partido único no país como alternativa de evitar a ingerência dos Estados Unidos e aliados na região. Também apoiou o limite de 10 anos para os mandatos dos dirigentes políticos cubanos.

A média de idade elevada entre os dirigentes políticos em Cuba é um dos fatos que preocupam Raúl Castro. Dos 15 membros do comitê político, eleito em abril de 2011, apenas três têm menos de 65 anos. O Partido Comunista de Cuba tem mais de 800 mil integrantes. É a única força política do país com pouco mais de 11 milhões de habitantes.

A reação de Raúl Castro ocorreu durante a primeira Conferência Nacional do Partido Comunista do ano, em Havana. O presidente cubano acrescentou ainda que o esforço do governo é para combater a corrupção que ele definiu como um "dos principais inimigos da revolução cubana".

"Hoje a corrupção causa mais estragos do que o programa multimilionário de subversão e ingerência dos Estados Unidos e aliados", disse Raúl Castro.

O presidente cubano defendeu a manutenção do partido único argumentando que a legalização de outras legendas pode gerar o que classificou de "partidos do imperialismo". “Isso sacrificaria a arma estratégia da unidade dos cubanos", disse Raúl Castro.

*Com informações da agência pública de notícias de Portugal, Lusa.

Agência Brasil

A desocupação em Pinheirinho - São José dos Campos



Viomundo - You Tube - Rede Record

O fascismo social e o silêncio conivente da esquerda

Brasil: inimigo meu
por Túlio Muniz

Em Agosto de 2011, o Observatório da Imprensa publicou artigo de minha autoria, Por novos discursos midiáticos, no qual abordei o conceito de “fascismo social”, de Boaventura Santos, e adiantei o que chamo de Dispositivo Pós-Colonial, ou DPC.

Relembrando: o “fascismo social” é “um tipo de regime no qual predomina a lógica dos mercados financeiros em detrimento de grandes setores das populações, gradativamente distanciados e excluídos do campo de direitos sociais adquiridos nas últimas décadas. O risco, alerta Santos, é o da ingovernabilidade”.

Presente no Forum Social de Porto Alegre quando da expulsão dos moradores do Pinheirinho, Santos, ainda que não referisse diretamente ao seu próprio conceito, demonstrou como o “fascismo social” é presente na sociedade brasileira, e reafirmou a necessidade de se contrapor a ações como aquela, que, com o aval do Estado, beneficiam setores dominantes e opressores em detrimento do bem público e social (ver aqui).

O caso do Pinheirinho é grave e preocupante, e alinha-se a outros acontecimentos recentes de violência estatal. Entre outros, estão a carga da polícia militar contra estudantes em São Paulo (USP) e contra professores cearenses, ambos em 2011. Vale lembrar que, já neste ano, a polícia militar foi autorizada pelos governos do Espirítio Santo, do Piauí e de Pernambuco a carregar contra estudantes, em protestos contra reajustes do transporte coletivo.

Aqui há perigo. SP está nas mãos dos debilitados tucanos, do PSDB que há quase duas décadas se aliou à direita financista, mas CE, PI, PE e ES são estados governados pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB), o que demonstra que as cessões ao “fascismo social” não são exclusivos da direita, extravasaram também para a centro-esquerda, e às vezes com o silêncio conivente de partidos de esquerda.

Nos meio de comunicação convencionais, as abordagens críticas ao “fascimo social”, permanecem restritas aos espaços já consolidados (revista Carta Capital, Rede Record), com raras e bravas exceções, como a do jornalista Ricardo Boechat em seus comentários na Rádio Bandeirantes.

E eis que em meio ao caos ressurge com força o que outrora chamei de DPC, discursos e estratégias que os governos exercem sobre suas próprias populações, “impondo normas que visam tanto a justificar ocupações e dominação de territórios estrangeiros, quanto à imposição de determinações internas. Tais normas são geradas por governantes que necessitam coagir as populações nacionais e são sustentadas e difundidas pela mídia”.

A Rede Globo (não por acaso) permanece sendo o campo privilegiado de propagação do DPC. Se na TV aberta se esboça um certo pudor e contenção, estes se desnudam nos canais fechados da Globo, o que ficou patente em entrevistas recentes conduzidas por Monica Waldvogel.

Para além do bem e do mal, o DPC resulta no que se pretende, ou seja, coagir populações com discurso institucional legalista e higienista, conforme diz a Folha de S.Paulo de domingo, 29 de Janeiro: “Polícia na cracolândia é aprovada por 82% em SP”.

O que fazer nesse campo confuso, onde tanto o “fascismo social” quanto o DPC são gerados à esquerda e à direita? Talvez, estar atentos para o que muitos vem chamando de período pós-institucionais, a eclosão de movimentos não necessariamente estruturados ou vinculados à organizações governamentais e não-governamentais (nesse sentido sugiro leitura de análise de [Emir] Sader, aqui).

Entretanto, permanece relevante o papel de pensadores que se inserem na mídia para tratar de casos que passam ao largo da “neutralidade” jornalística, e exemplo disso é o artigo “Razão, desrazão”, do sociólogo e filósofo Daniel Lins no jornal O POVO de 29 de Janeiro, acerca da violência estatal no Pinheirinho: “A exclusão da loucura emerge no domínio das instituições mediadas pelo enclausuramento psiquiátrico ou social. Exilado em sua diferença intratável, o destino do louco ou do pobre é o confinamento moral, social”.

No mesmo nível de importância no combate ao DPC, estão os sites e blogues no estilo do Observatório, e tantos outros (viomundo, conversaafiada, escrevinhador, luiznassif, cartamaior, etc). Estes, mais do que a mídia convencional, primam pela proximidade entre jornalismo e pensamento. Portanto, parece urgente e preciso, cada vez mais, reforçar e manter a aliança entre opinião e reflexão, esta arma poderosa que causa horror aos jornalões, às TVs e ao poder institucionalizado.

Pinheirinho, polícia contra estudantes e professores, magistrados nababos, prédios desabando, mídia sem regulação. O Brasil, definitivamente, não precisa de inimigos externos.

*Túlio Muniz é jornalista, historiador e doutor em Sociologia pelo Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra.

PS do Viomundo: Não há combate possível ao fascismo social sem democratização da mídia; mídia concentrada, ascensão social despolitizada — calcada no consumismo — e governo por pesquisas de opinião são ingredientes essenciais para fomentar o “discurso da ordem”, que existe para bloquear a expansão dos direitos sociais.

Viomundo

Justiça argentina julgará ex-militares e civis envolvidos com crimes da ditadura militar

Da Agência Brasil *

Brasília - A Justiça da Argentina retoma, a partir da segunda semana de fevereiro, o julgamento de vários processos contra ex-militares e civis acusados de cometer crimes contra a humanidade, como assassinatos e tortura, durante o período do regime militar (1976-1983). A ditadura argentina é apontada como uma das mais sangrentas da América Latina, tendo deixado um saldo estimado de 30 mil mortos.

O primeiro processo será apreciado a partir do dia 9 pelo Tribunal Criminal Federal de Mar del Plata. Os ex-militares Julio Alberto Tommasi, Roque Ítalo Pappalardo e José Luis Ojeda, além dos civis Emilio Felipe Méndez e Julio Manuel Méndez serão julgados pelo sequestro, tortura e morte do advogado trabalhista Carlos Alberto Moreno.

Já o julgamento de Pedro Nolasco Bustos, Jorge Vicente Worona y José Filiberto Olivieri está previsto para começar no dia 14, em Córdoba. Segundo a agência pública de notícias argentina, Telam, os três ex-policiais faziam parte do grupo acusado de deter e fuzilar estudantes universitários militantes da Juventude Peronista (JP) Ana María Villanueva, Jorge Manuel Diez e Juan Carlos Delfín Oliva, em 1976.

Por fim, no dia 27 de fevereiro, deve ter início o julgamento dos envolvidos no chamado Massacre de Juan B. Justo, nome da rua onde ficava a casa em que, também em 1976, foram mortos Omar Amestoy, a mulher dele, Maria del Carmen Fettilini, dois filhos do casal (um menino de três anos e uma menina de cinco) e Ana María Del Carmen Granada. Respondem pelos crimes de privação de liberdade, tortura e homicídios o ex-coronel Manuel Fernando Saint Amant, o ex-policial Antonio Federico Bossie e o ex-comissário geral Jorge Muñoz.

Um dos julgamentos de maior repercussão, contudo, deverá ser o do general Jorge Rafael Videla, que governou o país entre 1976 e 1981. Videla já foi condenado pela Justiça argentina, em dezembro de 2010, à prisão perpétua por crimes de lesa-humanidade, como o assassinato de 31 presos políticos.

Ainda de acordo com a Telam, entre os vários acusados que serão julgados ao longo do ano, também está o general Luciano Benjamín Menéndez, ex-chefe militar argentino.

* Com informações da Telam, agência pública da Argentina

Agência Brasil

Davos: América Latina é um "oásis" de estabilidade e crescimento

Da Agência Lusa

Brasília - No contexto de incerteza que domina a atual crise econômico-financeira internacional, a América Latina foi identificada como um “oásis” de estabilidade, crescimento e oportunidades durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, que termina hoje (29).

O pessimismo justifica-se com a falta de soluções para o problema da dívida soberana da zona do euro, a lentidão de recuperação dos Estados Unidos e a desaceleração do crescimento dos países emergentes, enquanto o otimismo aumenta do lado dos países latino-americanos, como adianta a agência de notícias espanhola EFE.

Presidentes e ministros dessa região do globo tiveram de cumprir agendas bastante apertadas, devido às reuniões sucessivas com responsáveis de multinacionais e de grandes empresas. “Francamente, não tivemos tempo para mais nada, a não ser reuniões, receber empresários e investidores interessados nos setores mineral e energético da Colômbia”, comentou à EFE o ministro colombiano da Energia e Minas, Mauricio Cárdenas.

Nesse sentido, esta edição de Davos foi bastante diferente das anteriores, em que o “apetite” estava direcionado para os grandes países emergentes, em particular China e Índia que, este ano, assumiram mais nitidamente o seu novo papel de países investidores também à procura de oportunidades de negócio na América Latina.

Os governos tentam igualmente aproveitar o Fórum de Davos para ajudar as suas empresas a fazer negócios no estrangeiro, caso do ministro das Relações Exteriores da Austrália, Kevin Rudd, que esteve reunido com o chanceler peruano, Rafael Roncagliolo. “A razão dessa reunião é porque olhamos para a América como um pilar sólido de crescimento econômico global nas próximas décadas e queremos estreitar relações agora”, explicou Rudd.

Segundo vários políticos e empresários, ao contrário do que acontecia no ano passado, o interesse na América Latina permite aos investidores escolher os investimentos que melhor correspondem aos critérios de responsabilidade ecológica e social dos seus governos, particularmente na indústria de minérios e de recursos não renováveis.

Agência Brasil

Dilma viaja a Havana para incrementar relações econômicas entre Brasil e Cuba

Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil

Brasília – A presidenta Dilma Rousseff viaja hoje (30) para Havana, Cuba, onde fica até amanhã, depois segue para Porto Príncipe, no Haiti. É a primeira visita dela aos dois países. Em meio às discussões de abertura econômica e cobranças sobre direitos humanos, Dilma quer concentrar as conversas no apoio do Brasil para a ampliação de parcerias e acordos bilaterais com o governo do presidente cubano, Raúl Castro.

Há reuniões agendadas com o presidente Raúl Castro, mas ainda não foi confirmado o encontro com Fidel Castro, de 85 anos, ex-presidente de Cuba que governou o país até 2008. A presidenta chega a Cuba no auge da abertura econômica do país.

No fim de semana, os 811 dirigentes do Partido Comunista de Cuba se reuniram para buscar alternativas ao apelo de Raúl Castro no sentido de aprofundar os debates sobre as mudanças na economia interna, o que chama de “mudança de mentalidade”.

Essas mudanças foram as alternativas encontradas pelo governo para tentar driblar as dificuldades causadas pelo embargo econômico imposto pelos Estados Unidos desde 1962. Nos últimos dois anos, Raúl Castro adotou uma série de medidas que abrem a economia do país. As decisões envolvem o estímulo à demissão voluntária dos funcionários públicos, a liberação de compra de automóveis e imóveis, a permissão para atividades autônomas e o incentivo à agricultura familiar.

De acordo com assessores de Dilma, a visita dela a Havana tem o objetivo de aprofundar o diálogo e a cooperação bilateral. A ideia é concentrar as conversas na agenda econômica. Nos últimos anos, aumentou o comércio entre o Brasil e Cuba e também foram diversificados os produtos negociados.

Pelos dados do governo brasileiro, o comércio entre Brasil e Cuba registrou valor recorde em 2011, com um total negociado de US$ 642 milhões - 31% a mais do que em 2010. Durante a visita da presidenta a Havana, devem ser ratificados acordos nas áreas técnica, científica e tecnológica visando principalmente à agricultura, segurança alimentar, saúde e produção de medicamentos.

Dilma planeja fazer uma visita ainda ao Porto de Mariel – a 50 quilômetros de Havana e que está sendo ampliado com o apoio de empresários e do governo brasileiro. A ampliação do porto é considerada pelas autoridades cubanos um projeto estratégico para o aumento do intercâmbio comercial de Cuba. O Brasil financia 80% das obras, em um total de US$ 683 milhões.

Agência Brasil

Mais de 100 agências do INSS serão abertas até o fim do ano

Priscilla Mazenotti
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Até o fim do ano, 182 agências do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) serão abertas em todo o país. A meta do governo é evitar que o segurado tenha de percorrer longas distâncias para tratar de serviços da Previdência.

“No Pará, às vezes, uma pessoa tinha que se deslocar até 600 quilômetros para ir a um posto da Previdência, que era o mais próximo”, disse a presidenta Dilma Rousseff em seu programa semanal Café com a Presidenta. Ela acrescentou que o estado deverá receber mais 14 agências. “Faremos também, em todos os lugares em que for necessário, concurso público para contratar servidores onde há carência de funcionários”, destacou.

Dilma lembrou que a Previdência criou um sistema computadorizado que acompanha todas as etapas do atendimento a quem procura uma agência do INSS. “Se temos as informações, conseguimos não só acompanhar a solução dos problemas como também organizar o funcionamento de cada uma das agências”, disse. “É possível saber, por exemplo, quantas pessoas estão sendo atendidas por cada um dos funcionários ou se alguém está esperando mais tempo do que o devido”.

A presidenta lembrou ainda que, atualmente, os atendimentos são feitos com dia e hora marcados, o que agiliza o serviço. O contribuinte que tiver toda a sua documentação cadastrada poderá se aposentar em até 30 minutos. E não há mais a necessidade de esperar em filas na porta das agências. “Agora, o segurado recebe, em casa, uma carta do INSS quando completa a idade mínima para se aposentar, informando que ele pode já pleitear o seu benefício. Isso é bom para o governo, que consegue controlar melhor a arrecadação e os pagamentos, e é excelente para o contribuinte, que tem mais facilidade de acesso aos seus benefícios”, comentou Dilma.

Agência Brasil

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

O caminho do crescimento em tempos de crise

Inflação está em queda: esta semana o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15) teve variação de 0,65%, em janeiro. Assim, no acumulado dos últimos 12 meses, o IPCA-15 ficou em 6,44%, abaixo dos 6,56% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. Essa tendência de redução permite que a aceleração dos preços caminhe para o centro da meta oficial do governo, que é de 4,5% este ano.

Também o desemprego regrediu no país para 4,7% em dezembro, ante os 5,2% registrados em novembro. Com isso, a taxa fechou 2011 com a média anual de 6,0%. Já o rendimento médio real dos brasileiros nunca esteve tão alto em um mês de dezembro: chegou a R$ 1.650,00.

Mais um dado: as famílias consumiram em 2011 3,8% a mais do que em 2010, garante o Indicador Serasa Experian de Atividade Econômica (PIB Mensal).

Mais investimentos à vista

E os juros estão descendentes. Na ata de sua reunião da semana passada divulgada nesta 5ª feira o Conselho de Política Monetária do Banco Central (COPOM/BC) afirma que a taxa básica de juros, a Selic, hoje em 10,5%, deverá continuar a cair e chegar a um dígito este ano.

Segundo o próprio BC, essa redução possibilitará mais investimentos públicos e privados, medidas concretas para aliviar, na ponta, os juros e os custos tributários dos investimentos e exportações.

Aliados a estes elementos, mais crédito para exportação, a desoneração da folha de pagamentos, a reforma do ICMS e uma melhor e mais barata infraestrutura indicam o caminho para o crescimento, mesmo num momento de crise mundial.

Blog do Zé Dirceu


Alianças à disputa de São Paulo: uma equação nada simples

Petistas, brincando, dizem que a Argentina teve a “solução K”, ou seja, o casal Kirchner. E nós, aqui em São Paulo, temos... o problema K, de Kassab. Brincadeira à parte, o fato é que a proposta de apoio à candidatura de Fernando Haddad apresentada pelo atual prefeito Gilberto Kassab (PSD) provocou um terremoto no partido na cidade.

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Brasão da cidade de São Paulo
Primeiro, porque vem com o aval e o apoio entusiasta do presidente Lula. Segundo, porque apoio não se recusa. E, para vencer, precisamos de aliados e de mais de 50% de votos no primeiro, ou no segundo turno.

A oposição é grande, seja de setores do PT - pelo menos metade da bancada de vereadores e dos membros do conselho político, mas o principal problema vem dos movimentos sociais e setores médios, profissionais e da cultura ligados ao PT.

Isso, sem falar no silêncio da senadora e ex-prefeita Marta Suplicy e da manifesta oposição do presidente nacional do PT, deputado estadual Rui Falcão, entre outros como o prefeito de Osasco, Emídio de Souza e o deputado estadual Simão Pedro, todos com muito peso na cidade, nos movimentos e no PT.

Um caminho cheio de pedras e perigos

Assim há um longo caminho a percorrer no debate e na busca de um consenso em torno de uma aliança com o PSD e o prefeito, um caminho cheio de pedras e perigos. Algumas lideranças alegam que não podemos nos aliar a Kassab, que negou e renegou todas nossas políticas públicas. Na prática, avaliam também que o PT é a terceira hipótese de aliança de Kassab. O prefeito estaria mais interessado numa aliança com o PSDB ou PMDB. Para essas lideranças petistas, deveríamos nos concentrar nas alianças com o PR, PC do B, PSB e PDT.

Acontece que esses partidos apoiam a gestão Kassab. Ao mesmo tempo, estão na base do governo Dilma, como também o PSD de Kassab. Como vemos, esta é uma equação nada simples.

Como não se pode simplesmente votar uma aliança dessa natureza – e como sempre há a hipótese de uma aliança PSD-PSDB, ou mesmo com o PMDB, como em 2008, quando o ex-governador Orestes Quércia indicou Alda Marco Antonio como vice de Kassab - é preciso muita conversa, diálogo e paciência. Também é necessário o respeito às lideranças e aos movimentos. Caso contrário, podemos perder as eleições, antes mesmo de iniciar a campanha. Não se vence com um partido dividido.

Blog do Zé Dirceu

Arrecadação federal em 2011 chega a R$ 969,9 bilhões e bate recorde

Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil


Brasília – Os brasileiros pagaram R$ 969,907 bilhões em impostos federais e contribuições previdenciárias no ano passado, um acréscimo de R$ 163,2 bilhões em relação aos R$ 805,7 bilhões recolhidos em 2010. Descontada a inflação de 6,5%, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o aumento real foi de 10,1% – um pouco maior que o aumento real de 9,85% em 2010 na comparação com 2009.

Essa foi a maior arrecadação já registrada no país, de acordo com números divulgados há pouco pela Receita Federal do Brasil. A arrecadação do mês de dezembro, no total de R$ 96,632 bilhões, também foi recorde mensal, com recolhimento de R$ 5,750 bilhões a mais que no mesmo mês de 2010. Diferença insuficiente, porém, para cobrir a inflação do período. Portanto, a variação mensal anualizada foi negativa em 2,69%.

De acordo com a série histórica da Receita, iniciada em 2003, o aumento percentual anual da arrecadação federal em 2011 não foi o mais alto. O recorde, em termos reais, continua com os 11,09% contabilizados em 2007, no auge da atividade econômica. Os outros aumentos registrados foram de 1,85% em 2003, de 10,6% em 2004, de 5,65% em 2005, de 4,48% em 2006, de 7,68% em 2008, além do recuo de 3% em 2009, em decorrência da crise financeira internacional iniciada no ano anterior.

Os setores da economia que mais contribuíram para o aumento da arrecadação anual foram as entidades financeiras, com R$ 116,699 bilhões (+12,19%); o comércio atacadista, com R$ 46,731 bilhões (+10,98%), a indústria de veículos automotores, com R$ 36,920 bilhões (11,61%) e o comércio varejista, com R$ 23,372 bilhões (20,89%). Merece destaque o aumento de 90,34% na arrecadação gerada pela extração de minerais metálicos, que passou de R$ 7,836 bilhões, em 2010, para R$ 14,916 bilhões. Números corrigidos pelo IPCA.

O tributo que mais contribuiu com a arrecadação foi o imposto de renda, que recolheu R$ 249,818 bilhões no ano, com aumento de 19,99% sobre os R$ 208,201 bilhões do ano anterior. No bolo das receitas tributárias, o imposto de renda aumentou sua participação de 25,19% para 25,76%. A segunda maior fonte de recursos para o Fisco foi a Contribuição para a Seguridade Social (Cofins), com R$ 158,079 bilhões, crescimento de 13,16% em relação ao ano anterior e 16,30% do todo.

Agência Brasil


Relatora da ONU pede suspensão da ordem de despejo em Pinheirinho

Da Agência Brasil

Brasília – A relatora especial das Nações Unidas sobre o direito à moradia adequada, a urbanista brasileira Raquel Rolnik, apelou às autoridades para que suspendam a ordem de despejo e a operação da Polícia Militar no bairro de Pinheiro, em São José dos Campos (SP). Ela pede que as autoridades se esforcem para encontrar uma solução pacífica e adequada, incluindo alternativas de habitação, para as famílias que foram expulsas do local. O despejo foi autorizado pela Justiça no final de dezembro.

“A suspensão da ordem de despejo permitiria que as autoridades retomassem as negociações com os moradores, a fim de encontrar uma solução pacífica e definitiva para o caso, em total conformidade com as normas internacionais de direitos humanos”, afirmou Rolnik em comunicado à imprensa.

A relatora disse estar “chocada” com o “uso excessivo da força” na operação de remoção que teve início no último domingo (22) e lembrou a carência das pessoas que estão sem moradia. “A situação atual das pessoas despejadas é extremamente preocupante. Sem alternativas de habitação, elas estão vulneráveis a outras violações de direitos humanos.”

Agência Brasil


Superávit primário do Governo Central bate recorde em 2011 e atinge R$ 93,5 bilhões

Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil

Brasília – A economia do Governo Central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) para pagar os juros da dívida pública totalizou R$ 93,519 bilhões em 2011, o melhor resultado da história e 1,9% superior à meta de R$ 91,76 bilhões. Os números foram divulgados há pouco pelo Tesouro Nacional.

O resultado foi 18,71% maior que o de 2010, quando o superávit primário atingiu R$ 78,773 bilhões. Apenas em dezembro, o esforço fiscal somou R$ 2,012 bilhões. O resultado é o segundo melhor da história para o mês, só perdendo para dezembro do ano anterior, quando o superávit somou R$ 14,247 bilhões.

Agência Brasil

Chega a nove número de corpos encontrados em escombros no Rio

Carolina Gonçalves*
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - Mais um corpo foi encontrado há pouco pelos bombeiros nos escombros dos três prédios que desabaram na última quarta-feira (25) no centro da capital fluminense. Agora são nove mortos, mas ainda há pelo menos 14 desaparecidos. O corpo estava em um local onde seria uma das saídas do Edifício Liberdade, de 20 andares, o primeiro que desabou, e segundo os bombeiros é de uma mulher.

Os bombeiros acreditam que no local podem ser achados outros corpos de pessoas que tentavam sair do prédio antes do desabamento, por isso o trabalho das esquipes está concentrado na área, inclusive com cães farejadores.

O volume de fumaça, de poeira e um forte cheiro de queimado ainda são grandes no local dos desabamentos, apesar da chuva fina que cai no centro do Rio. Bombeiros usam máscaras para aliviar o cheiro.

Segundo o subcomandante do Corpo de Bombeiros, coronel Ronaldo Alcântara, os objetos pessoais e documentos que estão sendo encontrados entre os escombros são entregues à Polícia Militar. Ele disse que também já foram recolhidos quatro cofres que pertenceriam a empresas de contabilidade e que tiveram que ser tirados com guinchos, além de sete caixas eletrônicos da agência bancária do Itaú que funcionava no térreo de um dos prédios que caíram.

“Todos os objetos encontrados estão sendo entregues à Polícia Militar e os entulhos estão sendo levados para canteiros de obras da prefeitura na zona portuária”.

Agência Brasil

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Fernando Morais e o terrorismo dos EUA contra Cuba

Entrevista concedida em 11 de outubro de 2011

Houve um tempo em que mercenários contratados por organizações de extrema-direita da Flórida recebiam U$ 1,5 mil por bomba colocada em Cuba. “Hoje ainda é possível ver em Miami manifestações de rua contra a Revolução, mas as novas gerações parecem mais interessadas em ouvir salsa do que em colocar bombas”, diz o jornalista Fernando Morais ao Vermelho.

Por Joana Rozowykwiat



Morais está lançando Os últimos soldados da Guerra Fria, livro-reportagem que reconstitui a trajetória de agentes secretos de Cuba, que se infiltraram nos Estados Unidos para impedir ações terroristas contra a ilha.

No próximo dia 20, às 19h, ele apresenta a publicação em São Paulo, na Faculdade Paulus de Tecnologia e Comunicação (Fapcom). Na ocasião, o autor participa do debate “Os 5 cubanos ignorados pela mídia”, ao lado da presidente do Conselho Mundial da Paz (CMP), Socorro Gomes, e do cônsul de Cuba, Lázaro Mendes Cabrera. O evento é promovido pelo Centro de Estudos da Mídia Barão de Itararé.

A discussão acontece no momento em que René González – um dos agentes secretos retratados no livro – acaba de ser libertado, nos Estados Unidos, depois de 13 anos de prisão. Apesar de ter cumprido toda a sua pena, René está sendo obrigado pela Justiça norte-americana a permanecer nos EUA, em “liberdade vigiada”, por mais três anos.

Esse é apenas o capítulo mais recente da trama narrada por Morais, que poderia muito bem ter saído de um trailer hollywoodiano – com cenas de espionagem, suspense e aventura –, mas não tem nada de ficção. Foi vivida por 12 homens e duas mulheres que aceitaram deixar suas vidas em Cuba para integrar a Rede Vespa e espionar algumas das 47 organizações anticubanas que existiam em Miami na época.

“Eram organizações de extrema-direita, que atuavam como entidades humanitárias para ocultar seu verdadeiro objetivo”, conta Morais ao Vermelho. Tais grupos – contrários ao regime comunista implantado por Fidel Castro – se dedicavam desde a jogar pragas nas lavouras cubanas até a sequestrar aviões que levavam turistas à ilha.

Depois do colapso da União Soviética, o turismo assumiu papel preponderante na economia cubana, e as organizações anticastristas passaram a empenhar esforços para demonstrar que a ilha não era segura para os estrangeiros. Para isso, colocaram bombas em hotéis e bares e alvejaram navios repletos de visitantes. Infiltrados nesses grupos, os agentes da Rede Vespa conseguiram impedir várias agressões.

Para investigar e contar essa história – e também a daqueles que estavam do outro lado –, Morais viajou 20 vezes a Cuba e aos Estados Unidos, debruçou-se sobre diversos documentos dos dois países, fez 40 entrevistas.

O resultado é uma obra que já é sucesso de vendas no Brasil. De acordo com a Rádio Havana Cuba, o livro vendeu 20 mil exemplares em três semanas e aguarda lançamento em espanhol e inglês. Conhecedor da realidade cubana (este é o segundo livro relacionado à ilha que escreve), Morais fala ao Vermelho sobre a publicação, as relações entre Cuba e Estados Unidos e seus próximos projetos.

Segundo ele, se o presidente Barack Obama se reeleger, no ano que vem, pode ser que indulte os agentes cubanos que ainda estão presos nos Estados Unidos. “Enquanto Obama precisar dos votos da Flórida, majoritariamente cubanos, não há a menor chance de isso acontecer”, avalia. Veja abaixo a entrevista concedida por e-mail.

Portal Vermelho: Como e quando você se deparou com a história dos agentes secretos cubanos e por que resolveu escrevê-la?
Fernando Morais: Eu soube da história pelo rádio de um táxi, no meio do trânsito, em São Paulo, no dia das prisões dos dez agentes cubanos pelo FBI, em Miami, em setembro de 1998. Assim que pude, viajei a Cuba para tentar levantar o assunto, mas encontrei todas as portas fechadas. Para se ter uma ideia, Cuba só assumiu que eles de fato eram agentes de inteligência três anos depois, em 2001. O tema era tratado como segredo de Estado.

Portal Vermelho: Como foi pesquisar em Cuba? Você teve pleno acesso a documentos oficiais? E do lado norte-americano?
Fernando Morais: Os cubanos só liberaram o assunto para mim em 2005, mas nessa época eu estava envolvido com o projeto do livro O Mago, a biografia do Paulo Coelho. Com isso, só pude entrar na história dos cubanos em 2008. A partir de então fui várias vezes a Havana, Miami e Nova York. O governo de Cuba liberou todo o material disponível e permitiu que eu entrevistasse quem quisesse, inclusive mercenários estrangeiros que haviam sido presos após colocar bombas em hotéis e restaurantes turísticos de Cuba e que tinham sido condenados à morte.

Nos Estados Unidos foi mais difícil. Como os agentes do FBI são proibidos de dar declarações públicas, só consegui entrevistas em off. Mas graças ao FOIA – Freedom of Information Act, a lei que regula a liberação de documentos secretos – e após pesquisas nos arquivos da Justiça Federal da Flórida, tive acesso a cerca de 30 mil documentos enviados pela Rede Vespa a Cuba e que haviam sido apreendidos pelo FBI nas casas dos agentes cubanos em Miami. E os serviços de inteligência cubanos me deram uma cópia do megadossiê sobre o terrorismo na Flórida que Fidel Castro entregou a Bill Clinton com a ajuda do escritor Gabriel García Márquez.

Portal Vermelho: Parece-me que o acesso aos cinco cubanos que estão presos nos EUA é bem complicado. As próprias famílias nem sempre conseguem visitá-los. O senhor verificou isso na prática? Conseguiu contato direto com eles?
Fernando Morais: Como não sou parente de nenhum deles nem cidadão norte-americano, não pude visitar pessoalmente nenhum deles. Só consegui autorização para me comunicar com eles por internet. Mas com um limite de 13 mil caracteres por mês. Se as mensagens tivessem mais de 13 mil caracteres, se deletavam automaticamente. Falei também com alguns deles por telefone, pegando carona na franquia mensal de chamadas que suas mulheres e filhos tinham.

Portal Vermelho: Algum deles lhe pareceu um personagem mais interessante?
Fernando Morais: Todos são personagens muito interessantes, acho que daria para fazer um livro sobre cada um deles. Decidi me concentrar em alguns deles, não só por serem os que tiveram desempenho mais, digamos, cinematográfico, mas também por entender que encarnavam de maneira mais ampla o sentido da missão que o grupo desempenhava nos Estados Unidos: infiltrar-se em organizações de extrema-direita da Flórida que estavam patrocinando ataques terroristas contra Cuba. Mas há personagens muito interessantes também, do ponto de vista jornalístico, do outro lado do balcão. Por exemplo, o mercenário salvadorenho que entrevistei em Cuba e que rendeu dois capítulos do livro.

Portal Vermelho: Quem eram essas pessoas que planejavam os ataques a Cuba naquela época? E quem eram os mercenários que os executavam? Faziam só por dinheiro ou havia alguma questão de fundo?
Fernando Morais: Eram organizações de extrema-direita, que atuavam como entidades humanitárias para ocultar seu verdadeiro objetivo. Os mercenários, salvo uma ou outra exceção, como o salvadorenho a quem me referi, atuavam por dinheiro. Mais precisamente, recebiam U$ 1,5 mil por bomba colocada em Cuba.

Portal Vermelho: O senhor acredita que esse sentimento extremado dos EUA (Flórida) em relação a Cuba persiste nas gerações atuais?
Fernando Morais: Os tradicionais inimigos da Revolução Cubana, os autodenominados anticastristas verticales, estão morrendo ou já estão muito velhinhos. Quando eu terminava o texto final do livro, por exemplo, morreu Orlando Bosch, que era considerado o inimigo número 1 de Fidel Castro.

Ainda é possível ver em Miami manifestações de rua contra a Revolução, mas as novas gerações parecem mais interessadas em ouvir salsa do que em colocar bombas. Semanas atrás, por exemplo, o cantor cubano Pablo Milanés fez um espetáculo em Miami. No ginásio onde cantou, ele foi aplaudido de pé por 15 mil pessoas. Na rua, meia dúzia de velhinhos carregavam cartazes de protesto contra ele.

Portal Vermelho: Esse esquema de cubanos infiltrados em Miami conseguiu impedir ataques de fato?
Fernando Morais: Sim, não só impedir dezenas de ataques como permitiu a prisão de dezenas de mercenários estrangeiros que atuavam a soldo de anticastristas de Miami.

Portal Vermelho: O que o seu livro traz de mais revelador?
Fernando Morais: A maior parte das informações contidas no livro é inédita. Além de documentos secretos obtidos em Cuba e nos EUA, e da entrevista exclusiva que fiz com o mercenário salvadorenho Raúl Ernesto Cruz León (na época condenado à morte em Cuba por ter colocado bombas em hotéis e matado pessoas), o livro traz revelações inéditas de bastidores políticos a respeito da correspondência secreta trocada entre Fidel Castro e Bill Clinton – e cujo intermediário era o Prêmio Nobel da Paz Gabriel García Márquez.

Portal Vermelho: O livro vai mesmo virar filme?
Fernando Morais: Sim, os direitos de adaptação para o cinema foram vendidos para o investidor cultural Rodrigo Teixeira. Aliás, foi com o dinheiro recebido que pude custear parte da pesquisa, já que se tratava de um trabalho caro, que envolveu cerca de vinte viagens a Cuba e aos Estados Unidos.

Portal Vermelho: O senhor já tinha escrito sobre Cuba antes. Como vê a Ilha hoje?
Fernando Morais: Vejo com grande otimismo. As mudanças econômicas postas em prática pelo presidente Raúl Castro são, na verdade, correções de erros cometidos nos primeiros anos pós-Revolução, quando o radicalismo não tinha limites. Mas confesso que não vejo perspectivas de mudanças políticas significativas enquanto perdurar o bloqueio dos Estados Unidos contra Cuba.

Portal Vermelho: O senhor vê alguma possibilidade de indulto para os cubanos que ainda estão presos nos EUA?
Fernando Morais: Se o presidente Barack Obama se reeleger, no ano que vem, pode ser que ele indulte os presos. O ex-presidente Jimmy Carter se comprometeu a pedir a ele que faça isso. Mas enquanto Obama precisar dos votos da Flórida, majoritariamente cubanos, não há a menor chance de isso acontecer. Essa expectativa vale igualmente para a revogação do bloqueio, medida que também tem como defensor o ex-presidente Carter.

Portal Vermelho: Li que o senhor deve escrever sobre o governo Lula. Pode adiantar alguma coisa sobre esse projeto?
Fernando Morais: Por enquanto não há nada decidido. Creio que nem ele nem eu sabemos exatamente o que pode nascer desses encontros iniciais. Só sabemos é que não deverá ser uma biografia do Lula.

Portal Vermelho

Alguns dos mais relevantes atos terroristas contra Cuba


Explosão do navio La Coubre

Em 4 de março de 1960 explode o navio francês La Coubre, no porto de Havana, por consequência de uma vil sabotagem O atentado deixou 101 mortos. No enterro das vítimas, 5 de março, Fidel Castro declara Pátria ou Morte.


Invasão mercenária por Playa Girón

Em 17 de abril de 1961, mercenários da brigada 2506, treinados e financiados pelo governo norte-americano, invadem Cuba por Playa Girón. Em apenas 72 horas, forças do Exército Rebelde e das Milícias Nacionais, comandadas pessoalmente por Fidel, esmagam a invasão. Foi a primeira grande derrota militar dos EUA na América Latina.

Atentado contra avião cubano

Em 6 de outubro de 1976, explodiu no ar um avião comercial de Cubana de Aviação, perto das costas de Barbados. O atentado a bomba foi cometido por contra-revolucionários à serviço da CIA dos Estados Unidos e deixou 73 mortos. Os principais autores do crime foram os terroristas de origem cubana Luis Posada Carriles e Orlando Bosch.

Guerra bacteriológica

Em 1971, o vírus da febre suína é introduzido em Cuba a partir de Fort Gullick, base militar dos Estados Unidos, na zona do Canal do Panamá. 500 mil animais foram abatidos para cortar o contágio. O mal reapareceu em 1980, perto do povoado de Caimanera, onde se localiza a base naval norte-americana de Guantánamo. Naquela ocasião se comprovou que eram cepas de vírus modificados em laboratórios. Sacrificaram-se 300 mil animais.

Em 1978 se retoma a guerra bacteriológica contra Cuba. Desta feita, contra a cana-de-açúcar. 30% das plantações foram afetadas e se perderam 1 350 000 toneladas de açúcar.

Em 1979, o bolor azul devastou as plantações de fumo. Os prejuízos montaram em 374 milhões de pesos. Mais tarde, foi a vez do café, com prejuízos calculados em mais de 48 milhões de dólares.

O Thrips Palmi se propagou na agricultura. A praga começou na província de Matanzas, depois de um avião ter sobrevoado o território e lançado substâncias desconhecidas. Os prejuízos causados pelo Thrips Palmi às plantações de batata, feijão e outras culturas, e a compra de inseticidas custaram ao governo cubano mais de 32 milhões de dólares.

Em 1981, Cuba sofre uma forte epidemia de dengue. Em menos de 12 meses, a doença afeta 344 000 pessoas, sendo que 10 mil contraem a variante hemorrágica. O número de mortos foi de 158, dentre eles 101 crianças.
Estudos feitos por uma comissão de especialistas cubanos e estrangeiros demonstraram que, na década de 80, o exército dos Estados Unidos e a CIA eram capazes de empregar a dengue hemorrágica para fins militares.

Assassinato de diplomata cubano na ONU

Em 11 de setembro de 1980, a organização terrorista OMEGA 7, formada por contra-revolucionários de origem cubana e auspiciada pela Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos e o FBI, assassinou a tiros, em Nova York, o diplomata cubano Félix Garcia Rodriguez, credenciado na ONU.


Atentados em hotéis de Havana

De 12 de abril a 4 de setembro de 1997, ocorreram 11 atentados em hotéis e restaurante de Havana. Os mesmos foram organizados pelo terrorista Luis Posada Carriles, agente da CIA dos EUA na guerra suja contra Cuba, com dinheiro da máfia anticubana de Miami. Posada Carriles contratou mercenários salvadorenhos e guatemaltecos, que disfarçados de turistas, entraram na Ilha para cometer os crimes. A cadeia de atentados deixou feridos e um turista italiano morreu.

Atentado contra Fidel no Panamá

Em 17 de novembro do 2000, o presidente Fidel Castro denuncia na Cidade do Panamá a presença de um comando chefiado pelo terrorista Luis Posada Carriles para assassiná-lo. O mandatário cubano tinha viajado ao Panamá para participar da X Reunião de Cúpula Ibero-Americana. A denúncia, as evidências e as informações viabilizadas às autoridades panamenhas permitiram a detenção de Posada Carriles e seus 3 cúmplices. Os terroristas queriam realizar o atentado em 18 de novembro, à noite, no Salão Nobre da Universidade do Panamá, durante um ato de homenagem ao líder cubano, ao qual compareceriam centenas de estudantes e convidados. Os poderosos explosivos C-4 e SEMTEX, apreendidos aos conspiradores, teriam provocado uma chacina.

EUA protegem terrorista condenado por atentados contra Cuba



Portal Vermelho

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Graziano diz que FAO tem de incluir sociedade civil na luta contra a fome

Luana Lourenço
Enviada Especial

Porto Alegre - O diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), José Graziano, disse hoje (25) que a agência precisa incluir a sociedade civil na luta contra a fome e a insegurança alimentar, e que o Brasil precisa cooperar com outros países, principalmente os africanos, no combate à fome.

“A FAO tem que abrir as portas para a sociedade. Estamos tentando criar espaços de interlocução com a sociedade para quebrar o monopólio de interlocução com governos, de alguns governos específicos, como acontecia nos últimos anos”, disse Graziano em um evento do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social do Rio Grande do Sul, que abriu a programação do Fórum Social Temático (FST). Esse foi o primeiro pronunciamento de Graziano no Brasil depois de assumir o comando da agência da ONU.

O diretor-geral destacou a criação do Conselho de Segurança Alimentar da FAO, que inclui representantes da sociedade civil e do setor privado, como exemplo de interlocução com a sociedade no combate à fome. “A luta contra a fome não é uma luta de um governo, é a sociedade que decide, unida, acabar com a fome. A agenda que hoje não inclui a sociedade civil não é digna de nosso tempo.”

Segundo Graziano, o orçamento anual da FAO, de cerca de US$ 1 bilhão, é pequeno diante do desafio de ajudar 1 bilhão de pessoas que passam fome no mundo, mas que o papel da agência é atuar como multiplicadora de iniciativas que reduzam a insegurança alimentar. “A FAO é uma agência de cooperação técnica, tem que ajudar a difundir boas experiências e colocar assistência técnica à disposição”, apontou.

Segundo Graziano, a meta é priorizar o orçamento para ações de segurança alimentar e reduzir gastos com a burocracia interna da entidade. “Uma das nossas primeiras ações foi racionalizar recursos, gastar o mínimo possível com a burocracia, com papeis, cortamos até viagens de primeira classe”, listou.

Ao tratar do Objetivo de Desenvolvimento do Milênio de reduzir a fome à metade até 2015, Graziano disse que a meta é insuficiente, porque ainda deixa vulnerável metade da população atual de famintos, mas que o compromisso pode ser o primeiro passo para erradicar o problema.

“Temos que impulsionar a meta do milênio, 2015 é um deadline muito importante. Mas como explicar para a outra metade que passa fome que a situação não vai mudar? Não é possível conviver com 500 milhões de pessoas passando fome. Nossa meta é erradicar a fome, mas a meta nos impõe um desafio”, avaliou.

Países que já conseguiram cumprir a meta, como o Brasil, tem o dever de ajudar nações com índices drásticos de insegurança alimentar, na avaliação de Graziano. “O Brasil precisa ajudar outros países, principalmente, os africanos.”

Entre as medidas de apoio, o diretor-geral defendeu o fortalecimento e a expansão da atuação internacional da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). “Precisamos de uma Embrapa internacional, ajudando quem precisa. Uma agência brasileira que seja realmente de cooperação”, sugeriu.

Para uma plateia de ativistas e representantes de movimentos sociais, Graziano disse que o enfrentamento da fome não pode ser encarado como um desafio impossível. “Utopia é achar que existe desenvolvimento sustentável sem segurança alimentar, achar que poderemos seguir em paz com um bilhão de pessoas passando fome.”

Anfitrião do evento, que ocorreu no Palácio Piratini, sede do governo gaúcho, o governador Tarso Genro disse que a chegada de Graziano à FAO reflete os avanços da sociedade brasileira nos últimos anos no combate à fome. “É um mérito da nação brasileira, corresponde ao que o Brasil fez nos últimos anos”, disse, em referência aos programas sociais do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, especialmente o Fome Zero.

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Agência Brasil