segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

LULA: QUEM LÊ O PROCESSO, VÊ QUE NÃO COMETI CRIME ALGUM

"Qualquer cidadão que lê o processo, vê que eu não cometi crime nenhum. A sentença do (Sérgio) Moro é incapaz de apontar qualquer ato de corrupção meu. Depois de tudo isso, ele não consegue dizer o que eu teria feito de errado. E reconhece que a propriedade do apartamento é da OAS, tanto que teve que tirar o apartamento da massa falida da empresa. E ainda disse no recurso que não tinha dinheiro desviado da Petrobras", disse o ex-presidente Lula, em entrevista ao jornal A Tribuna, antes de iniciar a caravana pelo Espírito Santo

4 DE DEZEMBRO DE 2017 

Por Fernando Brito, editor do Tijolaço

As vésperas de começar, amanhã, a terceira etapa de sua caravana pelo Brasil – desta vez no Espírito Santo e no Norte do Rio de Janeiro, descendo até encerrá-la com um ato no Rio de Janeiro (veja o roteiro ao final do post), Lula deu uma entrevista ao jornal A Tribuna, da capital capixaba, na qual coloca um dado novo na sucessão de 2018: ele acredita que o quadro ainda não está “fechado” e que “estão procurando um candidato para defender o governo Temer e fingir que é o novo sendo o velho.”

Depois da fuga de Luciano Huck e do 1% de Henrique Meirelles nas pesquisas, isso pode dar água na boca agora ressecada de João Dória.

Leia a entrevista:

A Tribuna – Como presidente, o senhor adiantou os royalties do petróleo ao Estado. Mais recentemente, um pedido de homenagem ao senhor foi barrado na Assembleia capixaba. Como vê esses dois momentos?
Lula – Nunca fiz política, nem para o Espírito Santo nem para nenhum lugar, para receber homenagem, e sim para melhorar a vida do povo. A Assembleia é soberana. No meu governo, adiantei os royalties porque era importante para o Espírito Santo. Atendi todos os governadores bem, independente do partido, porque representavam os cidadãos dos seus estados.
Hoje, a disputa política se tornou muito exagerada. Plantaram o ódio para dar um golpe na vontade do eleitor. E não vai ser o ódio que irá consertar o Brasil.
Primeiro, não aceitaram o resultado eleitoral de 2014. Parte da classe política e dos meios de comunicação enganaram muita gente dizendo que a vida ia melhorar tirando uma presidente eleita e honesta.
E agora é o povo, em especial o povo trabalhador, que está pagando esse pato: corte de direitos trabalhistas e na Previdência, redução dos investimentos na educação e na saúde, aumento absurdo do gás de cozinha. Estão percebendo que muitos dos que atacavam o PT tinham, na realidade, objetivos contra os trabalhadores e os mais pobres.

Houve pressão de correntes do PT pela saída do partido da base de apoio do governo Paulo Hartung. Como é a relação do senhor hoje com o governador? Ele seria um bom vice na disputa presidencial?
Faz tempo que eu não converso com o governador Hartung, mas, quando ele era governador e eu era presidente, tivemos uma boa relação. A definição de um vice é uma discussão complexa que cabe a cada candidato.

Não teme ser preso e ficar inelegível ano que vem?
Qualquer cidadão que lê o processo, vê que eu não cometi crime nenhum. A sentença do (Sérgio) Moro é incapaz de apontar qualquer ato de corrupção meu. Depois de tudo isso, ele não consegue dizer o que eu teria feito de errado. E reconhece que a propriedade do apartamento é da OAS, tanto que teve que tirar o apartamento da massa falida da empresa. E ainda disse no recurso que não tinha dinheiro desviado da Petrobras. Eu tenho minha vida investigada há 40 anos, reviraram a minha casa, a dos meus filhos e não acharam um real. Eles poderiam ter pedido desculpas. Mas já tinham aparecido no Jornal Nacional, em filme, e não podiam voltar atrás.
O partido que define quem é o candidato ou quem ele irá apoiar. Eu não queria mais ser candidato, mas com tudo que eles vêm fazendo no País, desmontando políticas sociais, vendendo o patrimônio nacional, retirando verbas da saúde e educação, acabando com programas de apoio à agricultura familiar, agora eu quero sim ser presidente, para provar, de novo, que esse País tem jeito.
É preciso dar oportunidades para qualquer criança estudar e alcançar todo o seu potencial, se alimentar e ter uma vida digna. Esse era o rumo em que o Brasil estava, o rumo que ganhou quatro eleições.

Como o senhor analisa a pré-candidatura de Jair Bolsonaro (PSC), a saída de Luciano Huck e a consolidação do nome de Geraldo Alckmin (PSDB) como candidato ao Planalto?
Eu sou a última pessoa que posso questionar a vontade de alguém querer ser candidato a presidente da República, porque eu fui várias vezes, perdi 3 eleições antes de ganhar em 2002. Quem quiser, que se apresente para o debate.
Estão procurando um candidato para defender o governo Temer e fingir que é o novo sendo o velho.

O senhor acredita que o atual governo conseguirá aprovar a reforma da Previdência?
Os mesmos que hoje querem a reforma da Previdência, para sabotar a Dilma, aprovaram em 2015 o fim do fator previdenciário.
Agora, o Temer gastou fortunas para se salvar de duas denúncias no Congresso. O governo está propondo uma isenção bilionária para as empresas estrangeiras que vão explorar o pré-sal. E a reforma trabalhista vai reduzir o ganho do trabalhador e, por consequência, a arrecadação da Previdência. É preciso fazer mudanças na Previdência e eu mesmo fiz em 2003. O que estão propondo não é uma reforma, é uma demolição.

O presidente Temer teria musculatura para concorrer ou apoiar um candidato de peso na eleição presidencial?
Vamos ver. Acho que o Temer tentará, sim, construir uma candidatura até a eleição. O importante é o povo poder decidir livremente.

Fora da política, o que o cidadão Luiz Inácio gosta de fazer nas horas vagas?
Nos fins de semana, eu gosto de assistir a futebol, tanto o brasileiro, onde tive o prazer de ver o meu Corinthians ser campeão, como também gosto de acompanhar os campeonatos europeus. E toda a manhã, 5h30, faço meu exercício: caminhada, musculação, perna, braço. Eu não tinha antes o hábito do exercício físico. Mas nos últimos anos tenho me cuidado mais.



Brasil 247

Nenhum comentário:

Postar um comentário