7 de Setembro de 2018
Por Ribamar Fonseca
Todo mundo abusou da hipocrisia ao lamentar o atentado sofrido pelo candidato Jair Bolsonaro em Juiz de Fora. Como seria natural, todos repudiaram a violência. Muitos, porém, inclusive a mídia golpista, procuraram dar ao episódio uma coloração política, insinuando veladamente que o agressor estaria a serviço de algum candidato ou partido adversário do ex-capitão. O seu candidato a vice, o general Mourão, foi o único que, irresponsavelmente porque sem nenhuma prova, acusou diretamente o PT, dizendo: "Eu não acho, eu tenho certeza: o autor do atentado é do PT". E ainda ameaçou: "Se querem usar a violência, os profissionais da violência somos nós". Tal declaração é lamentável e perigosa, porque estimula o ódio já tão disseminado pela mídia e redes sociais, inclusive pelo próprio Bolsonaro, que ameaçou metralhar petistas.
Na verdade, nenhum brasileiro, qualquer que seja a sua ideologia ou crença religiosa, pode aprovar semelhante violência, que não deve ser admitida em nenhuma circunstância. Parece óbvio que o autor da facada, Adélio Bispo, tem problemas mentais e agiu por conta própria, por não gostar de Bolsonaro. A sua antiga filiação ao PSOL, enfatizada por alguns veículos de comunicação para insinuar um crime político, não significa nada. Assim, também, é um crime a publicação, pelo senador Magno Malta, de uma foto do público de um evento com Lula em que aparece o agressor de Bolsonaro no meio do povo. Uma montagem grosseira que só serve para acirrar os ânimos. A sua ação tresloucada, na realidade, reflete o clima de ódio e intolerância que se instalou no país, até pouco tempo uma nação reconhecidamente ordeira. Tentar politizar o atentado, portanto, buscando um mandante entre os partidos concorrentes, é um gesto irresponsável, que pode agravar o já conturbado clima político do país.
Todos os brasileiros sempre condenaram qualquer tipo de violência, inclusive no exterior, e agora, depois do atentado a Bolsonaro, todos precisam esforçar-se mais ainda para restabelecer o clima de paz que existia antes da politização da mídia e da Justiça. Chega de hipocrisia! As autoridades máximas da Justiça, como Carmen Lucia e Rosa Weber, além da procuradora Raquel Dodge, distribuíram nota repudiando o atentado que, na opinião delas, atenta contra a democracia. É verdade, mas a violência contra a democracia não se caracteriza apenas por uma facada ou um tiro mas, também, por decisões escandalosamente parciais e injustas que retiram do povo o direito de escolher o governante da sua preferência. E as três não se lembraram da democracia quando deram sua contribuição para impedir Lula de ser candidato.
Elas também não se manifestaram em defesa da democracia quando a caravana de Lula foi atacada a tiros no Paraná e muito menos quando o acampamento de vigília próximo das instalações da Policia Federal em Curitiba, onde o ex-presidente está encarcerado, foi também atacado a tiros. Nem os adversários políticos. Pelo contrário, a senadora Ana Amélia, hoje candidata a vice na chapa de Geraldo Alckmin, aplaudiu inclusive o espancamento de petistas, com o relho, cumprimentando os seus autores. E até a presente data, decorridos mais de cinco meses, estranhamente a polícia não descobriu os autores dos dois atentados, que nunca foram incomodados. O mesmo acontece com o assassinato da vereadora Marielle Franco e seu motorista, até agora um mistério. Se Marielle fosse tucana ou tivesse ligações estreitas com a Globo provavelmente há muito os criminosos já estariam atrás das grades. Constata-se que o que importa, mesmo, é manter Lula preso e fora da disputa eleitoral. E a democracia que se dane!
Pelo visto, porém, não basta manter Lula na prisão e fora das eleições: é preciso também impedir o seu substituto de concorrer. Para isso, recorre-se ao mesmo expediente que tem caracterizado o comportamento partidário do Ministério Púbico e da Justiça: encontra-se um delator para acusa-lo de qualquer coisa e não existe ninguém mais adequado do que o empresário Ricardo Pessoa, da UTC, o delator preferido da Lava-Jato. O procurador que fez a denúncia contra Fernando Haddad é o mesmo que foi investigado por ter conseguido uma licença remunerada, de R$ 22 mil mensais, para fazer um curso de seis meses na Itália e aproveitou para fazer turismo: não fez o curso e nem devolveu o dinheiro recebido indevidamente. Marcelo Mendroni, o procurador, nem treme a bochecha ao denunciar Haddad, consciente da sua ação destinada única e exclusivamente a prejudicar a candidatura petista. A disposição, todos sabemos, é eliminar o PT do cenário político brasileiro.
A tarefa, no entanto, como as pesquisas têm largamente demonstrado, é inglória, porque o povo quer o PT de volta ao poder, com Lula ou sem ele. Todos os recursos da defesa do ex-presidente tem sido negados em todas as instâncias do Judiciário – os últimos foram negados pelos ministros Edson Fachin e Celso de Mello, do STF – mas nada mais consegue demover o povo de ver o Partido dos Trabalhadores governando de novo o país, recuperando a sua economia, melhorando a vida dos mais pobres e defendendo a nossa soberania. Os petistas, ao que parece, já perderam a ilusão de que a Justiça é séria e recorrem apenas para caracterizar, com maior nitidez, a parcialidade das suas decisões. Por isso, certamente ninguém espera uma decisão favorável no último recurso ao STJ, já estando decidida a troca de Lula por Fernando Haddad, faltando apenas a sua oficialização. Haddad será Lula na campanha eleitoral e no poder.
Brasil 247
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