A privatização da Previdência no Chile, que hoje resulta até no suicídio de idosos diante do desespero da falta de recursos, ocorreu em plena ditadura de Augusto Pinochet; “Não houve nenhum debate democrático. Isso se decidiu entre quatro generais das Forças Armadas e a assessoria de um grupo de economistas neoliberais da escola de Chicago”, relata o professor chileno Andras Uthof, doutor em Economia pela Universidade da Califórnia, em Berkeley
15 DE JANEIRO DE 2019
Redação RBA - A privatização da Previdência no Chile, que hoje resulta até no suicídio de idosos diante do desespero da falta de recursos, ocorreu em plena ditadura de Augusto Pinochet. “Não houve nenhum debate democrático. Isso se decidiu entre quatro generais das Forças Armadas e a assessoria de um grupo de economistas neoliberais da escola de Chicago”, relata o professor chileno Andras Uthof, doutor em Economia pela Universidade da Califórnia, em Berkeley.
A “coincidência” é apontada pela presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Ivone Silva. A equipe econômica de Paulo Guedes, o ministro da Economia do governo Jair Bolsonaro, é composta por Chicago’s boys – inclusive os presidentes dos maiores bancos públicos.
Guedes já deixou claro sua simpatia pelo modelo que destruiu a previdência pública no Chile, deixando milhões de trabalhadores na miséria. E afirmou que a proposta de reforma da Previdência a ser enviada ao Congresso, em fevereiro, vai incluir um regime de capitalização semelhante ao chileno.
O bate-papo entre Ivone Silva e o professor Andras tem três partes e pode ser conferido na TV 247. Os próximos trechos serão publicados nos dias 21 e 28.
A previdência começou a ser alterada no Chile no início da década de 1980, com a implementação de um mercado obrigatório de poupança. Assim, as caixas de previdência foram transformadas em empresas privadas de fundo de pensão que administram contas de poupança ou capitalização.
“O trabalhador passa a ser um consumidor de um serviço financeiro”, afirma o professor. E coube ao Estado arcar com o valor da transição para encerrar o sistema anterior, o que resultou em 4,5 pontos do PIB chileno, causando um verdadeiro déficit no setor. “Esse é um elemento que se deve olhar com muito cuidado se o mesmo for ser feito no Brasil”, afirma Andras. “É a história oculta do sistema chileno.”
Tragicamente, o Estado levou 26 anos para perceber que o sistema não paga boas pensões aos trabalhadores do Chile. Não há benefício definido, nem uma regra clara de quanto vão pagar. “Ao trabalhador só cabe poupar, poupar. Quando quer saber quanto vai receber dizem para seguir poupando. Todos os riscos são do trabalhador.”
Brasil 247
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