POR FERNANDO BRITO · 22/06/2020
Igor Gielow, na Folha, confirma o que foi intuído aqui, anteontem, sobre a pouca ou nenhuma efetividade da embaixada mandada sexta-feira por Jair Bolsonaro ao ministro Alexandre de Moraes.
Houve dois erros por parte da comitiva enviada a São Paulo, formada pelos ministros André Mendonça (Justiça), Jorge de Oliveira (Secretaria-Geral) e José Levi do Amaral (Advocacia-Geral da União).
Primeiro, na avaliação de ministros da corte, eles deveriam ter procurado o presidente do Supremo, Dias Toffoli, se a intenção era a de uma trégua institucional.
Ao falar com Moraes, eles se comportaram como advogados de defesa do presidente, o que causou contrariedade no presidente do Supremo.
O segundo equívoco era de origem: a troika não tinha como garantir que os ataques por parte do presidente e, principalmente, por seus aliados, teria como de fato acabar.
Faltou completar, sobre o segundo equívoco, que os enviados de Bolsonaro não têm autoridade política para assumir qualquer compromisso com o Supremo.
Este governo já não tem condições de sobreviver e é apenas uma questão de tempo até que fique emparedado.
E está ficando, à medida em que se revelam suas ligações com escroques e picaretas.
O afastamento de Frederico Wassef, o acoitador de Queiroz, da defesa formal de Flávio e do próprio Jair Bolsonaro, não tem o menor efeito prático, tanto quanto a “embaixada” não tem efeito sobre o Supremo.
Wassef não vai sair de cena, por mais que diga que o fará, por amizade ao presidente. Não é de sua natureza e, como não era advogado de Queiroz e, agora, não é advogado do senador, terá de dar explicações sobre a materialização do ex-PM em sua casa em Atibaia, sobre a qual não se caracteriza ação de assistência jurídica, o que poderia blindá-lo de depor.
É provável que apareça logo, também, a mulher de Queiroz, que tem tudo para ser a porta menos resistente do quarto de segredos do marido.
A semana que começa promete um agravamento maior da situação do presidente, visivelmente assustado e na defensiva, incapaz de resistir à maré de detritos que, finalmente, parece ter rompido as comportas do silêncio.
A fragilidade de Bolsonaro é palpável e a perda de perspectivas é tão grande que serão muito poucos e inexpressivos os que ainda querem algum acordo com ele.
Os gatos pingados de suas “manifestações” não botam medo em ninguém, sem o que Bolsonaro já não tem, para ameaçar o país: os militares.
Tijolaço
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