Considerado o pai do programa nuclear do País, o ex-presidente da Eletronuclear, almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, 78 anos, que está solto após ser condenado a 43 anos de prisão na Lava Jato, apontou interesses internacionais na sua reclusão. "A parte nuclear gera rejeição na comunidade internacional"
5 de janeiro de 2021
Ex-presidente da Eletronuclear Othon Luiz Pinheiro da Silva (Foto: Agência Brasil)
247 - Acusado de receber propina de R$ 4,5 milhões de empreiteiras que tinham obras em Angra 3, o ex-presidente da Eletronuclear Othon Luiz Pinheiro da Silva, que ficou preso por dois anos, apontou interesses internacionais por causa da sua detenção. Considerado o pai do programa nuclear do País, e um dos mais brilhantes brasileiros do século 20 e início de século 21, o almirante de 78 anos recebeu uma das maiores condenações da Lava Jato: 43 anos de prisão por corrupção, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e organização criminosa. Solto no mês passado, de sua prisão injusta ele ficou isolado em uma cela e disse que aprendeu a comer com as mãos.
Questionado pelo jornal Folha de S.Paulo sobre por que haveria interesse internacional em sua prisão, ele citou o programa nuclear. "Tudo o que eu fiz [na área nuclear] desagradou. Qual o maior noticiário que tem hoje? A Coreia do Norte e suas atividades nucleares. A parte nuclear gera rejeição na comunidade internacional. E o Brasil ser potência nuclear desagrada. Disso eu não tenho a menor dúvida", disse.
O militar destacou que houve uma "influência forte, ideológica" do exterior nas investigações. "Não posso provar mas tenho um sentimento muito forte. Houve interesse internacional".
De acordo com o almirante, o Brasil fez bem em não desenvolver a bomba atômica. "Eu acho que fez. O artefato nuclear é arma de destruição de massa e inibidora de concentração de força. Mas, no nosso caso, se tivéssemos a bomba, desbalancearíamos a América Latina, suscitando apreensões".
Brasil 247
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