sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

'Brincando com fogo': China adverte EUA sobre visita de representante da ONU a Taiwan

 




Analistas afirmam que últimas medidas da administração visam dificultar as relações do próximo presidente dos EUA, o democrata Joe Biden, com o governo da China.


A China acusou os EUA de "brincar com fogo" após o anúncio de que Washington pretende enviar seu enviado da Organização das Nações Unidas (ONU) a Taiwan na próxima semana, reforçando que a medida dos EUA criará "novas dificuldades" para os já conturbados laços entre Pequim e Washington.
"Queremos lembrar aos EUA que quem brinca com fogo acaba se queimando. Os EUA pagarão um preço alto por sua ação errada […]. A China exorta veementemente os EUA a parar com sua provocação maluca, a parar de criar novas dificuldades para as relações China-EUA e para a cooperação dos dois países nas Nações Unidas, e parar de seguir no caminho errado", disse um porta-voz da missão da China na ONU em comunicado reproduzido pelo jornal South China Morning Post.

Kelly Craft, representante dos EUA na ONU, deve visitar Taiwan entre os dias 13 e 15 de janeiro. Craft será a terceira autoridade sênior dos EUA a visitar Taiwan depois que o subsecretário de Estado para o Crescimento Econômico, Energia e Meio Ambiente dos EUA, Keith Krach, visitou em setembro e o secretário de Saúde e Serviços Humanos dos EUA, Alex Azar, foi em agosto.

© AP PHOTO / TAIWAN PRESIDENTIAL OFFICE VIA AP
Presidente taiwanesa Tsai Ing-wen faz saudação diante quadro com imagem do líder revolucionário chinês Sun Yat-sen durante posse de seu segundo mandato presidencial

De acordo com a mídia, Craft deve fazer durante a visita comentários sobre as contribuições de Taiwan à comunidade global e pedir a expansão da participação da ilha em organizações internacionais.

A enviada norte-americana recentemente deu seu apoio a Taiwan e atacou Pequim por questões de direitos humanos, afirmando que os abusos com relação aos direitos humanos em Pequim estavam "em total contraste com Taiwan, uma verdadeira força do bem no mundo".
Washington pagará 'alto preço'

O anúncio da visita de Craft a Taiwan é apenas o mais recente capítulo na escalada de tensões entre EUA e China. Na quinta-feira (7), a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Hua Chunying, afirmou que os EUA terão um "preço alto" a pagar por suas ameaças de censurar autoridades chinesas por causa das detenções de ativistas realizadas em Hong Kong.

© AP PHOTO / VINCENT YU
Policiais prendem manifestante atingido com gás de pimenta em Hong Kong

Na quarta-feira (6), Pequim acusou Washington de usar indevidamente o mote da segurança nacional como uma desculpa para prejudicar os concorrentes comerciais depois que o presidente norte-americano Donald Trump assinou uma ordem executiva proibindo transações com os serviços de pagamento Alipay e WeChat Pay e seis outros aplicativos.
Fim de mandato

Observadores diplomáticos disseram à mídia que as medidas anunciadas por Washington prejudicam ainda mais as relações China-EUA durante as duas semanas restantes do mandato de Trump, mas que Pequim deveria dar respostas drásticas neste estágio.
"Com pouco espaço para influenciar as políticas internas, Trump tem tentado desesperadamente causar problemas para evitar uma reaproximação entre a China e os EUA […]. Trump está tentando pressionar o próximo governo [do democrata Joe Biden] porque [Biden] será criticado por não fazer o suficiente se for visto que voltou atrás em algumas das políticas de Trump em relação à China. Mas essa tentativa terá impacto limitado e não terá influência na formulação de políticas do novo governo", afirma ao jornal Liu Weidong, especialista em relações EUA-China.

Cui Liru, pesquisador sênior do Instituto Taihe, na China, e ex-presidente dos Institutos de Relações Internacionais Contemporâneas da China, reforça a ideia de Liu.

"A administração Trump e [a presidente de Taiwan] Tsai Ing-wen não pouparão esforços para promover as relações EUA-Taiwan até que Trump entregue o poder. O objetivo é elevar as relações EUA-Taiwan a um nível que o governo Biden não possa reverter", aponta Cui.


Sputnik

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