Publicado por Fernando Brito
Atualizado em 21 de agosto de 2022
Bolsonaro e Bonner. Foto: Reprodução/Globo/Wikimedia Commons
Vem aí a batalha do Jornal Nacional e Jair Bolsonaro já faz, na segunda-feira, a primeira entrevista com a obrigação de se sair muito bem.
Recusou-se a fazer, dizem os jornais, uma preparação, talvez se fiando nas entrevistas “chapa branca” que deu a algumas emissoras”amigas”.
Não será o caso das perguntas dirigidas pela dupla Wiliam Bonner e Renata Vasconcelos, e o pior é que parece meio tonto com a sequência de más notícias que a semana que termina lhe reservou.
A sua atitude de hoje reafirma esta impressão, ao vê-lo passar mais de um hora desempenhando o papel de “boneco de posto” à beira da Rodovia Presidente Dutra, em Resende, sob um frio glacial, saudando os carros que passavam e um evento também gelado na formatura dos cadetes da Academia Militar das Agulhas Negras.
Não é fácil a sua situação. A boia de salvação que seu trupe lhe sugere, a suposta melhoria da situação econômico não só é apenas um upgrade do péssimo para o ruim como, a crer no que mostram as pesquisas, tem muito pouca repercussão eleitoral, considerado o fato de ser a maior distribuição de dinheiro em véspera de eleição da história da República.
O resto é aridez: segurança das urnas eleitorais, vexame com os embaixadores, meio ambiente, pandemia, mortes e vacinação, os indicadores da fome nacional e o golpe que já prenuncia seu chabu, para ficar em alguns dos temas inevitáveis. Aliás, o plano original de usar o JN como grande convocatória para o 7 de Setembro parece ter ficado muito abalado.
Precisa fazer o impossível: sair-se muito bem, não basta empatar.
Lula, que falará na quinta, tem, em princípio, três temas difíceis, apenas, e para os quais se preparou dez mil vezes: as denúncias e condenações da Lava Jato, a política amplíssima de alianças e as relações com países ditos autoritários, o realejo Cuba-Venezuela-Nicarágua.
E um que é de todo o seu interesse que venha à tona: a patacoada da “guerra religiosa”.
Lula vai entrar em campo com as cartas do adversário na mesa e, para ele, um desempenho mediano já seria muito bom. Entretanto, jogando depois do adversário, sem que se possa usar o que diz com grande impacto, acho que vai ousar, adiantando a marcação e tentando “matar o jogo”.
Diário do Centro do Mundo - DCM
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