quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

Projeções indicam mais um ano de PIB a 1%. Coronavírus é a desculpa, mas a causa é Bolsonaro


Com receita econômica desastrosa e instabilidade institucional do país criada por Bolsonaro, previsões para 2020 já apontam para um PIB bem abaixo dos 2,2% previstos pelo BC; coronavírus é a desculpa neoliberal do momento

27 de fevereiro de 2020

(Foto: Reuters)

247 - O Brasil caminha para mais um ano desastroso na economia. Novamente, as promessas da direita e dos economistas neoliberais, que se renovam desde o golpe de 2016, devem ir para o ralo. As previsões dos bancos para 2020 já apontam para um PIB bem abaixo dos 2,2% previstos pelo Banco Central. Neste momento, os economistas neoliberais culpam o coronavírus como culpado, mas a receita de Paulo Guedes e as ameaças golpistas de Jair Bolsonaro são as causas verdadeiras.

Mesmo uma economista neoliberal, como Zeina Latif, economista-chefe da XP Investimentos até janeiro de 2020, reconhece que apontar o coronavírus como causa do colapso econômico é ilusório: “Considerando que o país está mais protegido da contaminação, por ser um país tropical, não estar tão integrado no fluxo global, a gente imaginaria que seria menos impactado. E não é o que está acontecendo. É inevitável a conclusão de que fatores domésticos estão aumentando esse efeito. A gente já vinha tendo um certo mal-estar nos mercados, com os números mais frágeis da economia, questionamentos em relação à agenda econômica, desgaste do ministro Paulo Guedes [Economia], ruídos causados pelo presidente e seu entorno, ataques ao Congresso. Tudo isso é má notícia para a agenda econômica e para as perspectivas de crescimento”. 

A jornalista econômica Miriam Leitão pôs o dedo na ferida em sua coluna desta quinta-feira (27): “A economia é ameaçada por uma pandemia, mas internamente o risco maior que o Brasil corre é provocado pelo comportamento insano do presidente da República".

Outro jornalista econômico neoliberal, inimigo figadal do PT e apoiador entusiasmado do golpe e da eleição de Bolsonaro, Fernando Canzian, da Folha, reconhece que o nome da crise é Bolsonaro: "Jair Bolsonaro deu sorte e até poderá culpar o coronavírus pela lenta recuperação da economia em um cenário de inflação e juros baixos tão propício ao crescimento. Mas, que não haja engano, a culpa é cada vez mais dele. (...) Antes restrita à caricatura do posto Ipiranga, a falta de entendimento do presidente sobre a importância das expectativas em economia –e modo como ele atrapalha– vem ganhando contornos irreversíveis. O 'custo Bolsonaro' impregnou o ambiente".

Todos os anos desde o fim de 2015 tem sido assim: economistas neoliberais projetam crescimento acima de 2%, alardeiam o “espetáculo do crescimento” desde o golpe contra Dilma e a vitória de Bolsonaro e são desmoralizados ano a ano. Em 2016, o PIB diminuiu 3,3%; em 2017, cresceu pífios 1,06%, em 2018, subiu 1,12%, em 2019, as projeções indicam 1,2%.

Luis Otávio Leal, economista-chefe do banco ABC, lamenta-se com as ilusões desfeitas e evita identificar Bolsonaro como causa da paralisia da economia, refugiando-se no jargão da ‘perda de confiança’: “Vínhamos de um momento de otimismo, agora as notícias são negativas, com a alta do dólar e coronavírus. É o maior risco, algo momentâneo ser mais duradouro por causa da perda de confiança”. Na última semana, o Banco ABC divulgou projeção de alta de 2%, recuando de 2,5%, sendo um corte de 0,3 ponto percentual devido aos efeitos do coronavírus. Deve ser a primeira de uma série de revisões.


Brasil 247

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