sábado, 12 de março de 2011
Ata do Banco Central é contraditória
Só num ponto é clara, incisiva e não deixa dúvidas: querem mais juros - nada mais, nada menos. E isto depois de terem elevado a Selic a 11,75% ao ano, uma das taxas de juros mais altas do mundo. Tradicionalmente, como sempre faz uma semana, ou pouco mais, após o encerramento da reunião do Comitê de Política Monetária (COPOM), o Banco Central (BC) divulga agora a íntegra da ata de sua reunião de 4ª feira da semana passada.
A obsessão de sua diretoria com a inflação no centro da meta (4,5%), num cenário internacional como o que vivemos, e sua crença religiosa de que o aumento da taxa reduz a inflação é de uma pobreza franciscana.
Lendo, chegamos a conclusão óbvia, a que eles, membros do COPOM, com certeza também chegaram: o aumento dos preços dos alimentos é sazonal e o Brasil tem condições de retomar a oferta. Já os preços internacionais, estes felizmente não dependem do BC. Senão teríamos juros estratosféricos em todo o mundo.
BC gostaria de aumentar juros no mundo inteiro
Não dependem, mas bem que seus diretores gostariam que dependesse. Basta ler a ata para ver que não se conformam com o crescimento do G-3 (bloco econômico também chamado Fórum de Diálogo Índia-Brasil-África do Sul - IBAS/G3).
Embora as incertezas que cercam o cenário global e, em menor escala, o doméstico, não permitam identificar com clareza o grau de perenidade de pressões recentes, o COPOM e o BC, de acordo com sua ata, avaliam que o cenário prospectivo para a inflação "não evoluiu favoravelmente”.
Ora, se não permite identificar o grau de perenidade das pressões (inflacionárias) recentes, como o BC tem certeza que aumentando juros vai reduzí-las? E por que aumenta quando ele mesmo reconhece que o instrumento (elevação da Selic) e as medidas macro-prudenciais tomadas, ao lado dos cortes orçamentários vão, como todos sabem, reduzir o crescimento econômico nos próximos 2 anos?
Chega do mesmo
Se o BC acredita que as medidas macro-prudenciais e o ajuste no orçamento surtiram efeito, porque insistir em aumentar os juros, em buscar o centro da meta se existe uma banda, 2% para cima ou para baixo? Ou a banda é só uma formalidade para atender não se sabe bem a quem?
Da ata a única conclusão é que estamos no pior dos mundos. Que vamos ter novas altas da Selic, mais dólares, valorização do real, importações, e mais despesas com a dívida interna e as reservas. Estas, pelo menos poderiam ser utilizadas para financiar os investimentos que necessitam de mais rapidez na infraestrutura do país, caso das áreas de educação e inovação tecnológica.
Nestas mas, também, investimentos mais amplos, em outros setores que podem baixar a inflação, sim, reduzindo custos e aumentando a produtividade. Sem falar na desindexação de nossa economia. Um pouco de audácia não faria mal ao Brasil. Aumentar juros, aumentar juros...chega do mesmo.
Blog do Zé Dirceu
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