sexta-feira, 1 de julho de 2011

Em discurso na TV, Chávez admite que foi operado para retirada de tumor


Depois dias de silêncio e em meio a rumores sobre seu real estado de saúde, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, admitiu, nesta quinta-feira, que foi submetido a uma cirurgia para retirar um tumor cancerígeno na região pélvica. Ele continua em tratamento em Cuba.

Em cadeia nacional de rádio e televisão, Chávez apareceu abatido e leu um comunicado no qual revelou que, depois da extração do abscesso pélvico, foram realizados outros exames que detectaram um "tumor abscessado".

"Apareceram novas suspeitas (..) e confirmaram a existência de um tumor abcessado com presença de células cancerígenas, o que fez com que fosse necessária outra cirurgia para a extração total de dito tumor", afirmou Chávez.

Essa foi a primeira vez que o presidente se dirigiu ao país desde que foi internado em Cuba, em 10 de junho.

Chávez disse que continua "evoluindo satisfatoriamente" da cirurgia enquanto recebe "tratamentos complementares" para combater os "diversos tipos de células encontradas e, assim, continuar pelo caminho de minha plena recuperação", afirmou.

Uma fonte do governo disse à BBC Brasil que Chávez, de 56 anos, está recebendo sessões de radioterapia para combater as células cancerígenas.

O diagnóstico confirma rumores ventilados na imprensa venezuelana de que Chávez sofria de câncer. O comunicado desta noite era aguardado com ansiedade pelos venezuelanos.

Fidel ‘médico’

Chávez relatou que foi o ex-líder cubano Fidel Castro que observou que seu problema de saúde ia além da lesão no joelho, sofrida um mês antes.

"Não foi difícil para Fidel se dar conta de alguns mal-estares (...) que eu vinha tentando dissimular havia algumas semanas. (Fidel) me interrogou quase como um médico e me confessei quase como um paciente", relatou Chávez.

Imediatamente, o líder venezuelano foi submetido a uma série de exames que identificaram, em um primeiro momento, a presença do abscesso pélvico. Caso não fosse extraído com urgência, poderia gerar uma infecção generalizada.

Em um tom sério raramente visto, Chávez admitiu que cometeu "erros fundamentais" em relação à sua saúde. "Ao longo de toda a minha vida, vinha cometendo esses erros que bem podem caber na categoria que algum filósofo chamou de erros fundamentais: descuidar a saúde e, além de tudo, ser resistente a check-ups e tratamentos médicos", afirmou.

O líder venezuelano disse que, mesmo doente, se mantém informado e em permanente comunicação com o vice-presidente Elias Jaua - que está à frente do governo - e com seu gabinete.

Cúpula

As suspeitas sobre a gravidade da saúde do presidente se incrementaram depois que o governo anunciou a suspensão, na quarta-feira, da Cúpula da CELAC (Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos), prevista para 5 de julho.

Chávez não anunciou nenhuma alteração no gabinete nem disse quando pretende voltar à Venezuela. A legislação venezuelana prevê que o vice-presidente pode assumir o governo interina e automaticamente durante 90 dias, em caso de ausência do presidente.

Em um tom dramático, o presidente venezuelano disse que sente que está "saindo de um abismo" e disse acreditar que conseguiu vencer.

"Da pátria grande digo, do fundo do meu coração (...), por enquanto e para sempre: voltaremos e venceremos."

Essa foi a primeira vez na história, que, em um momento de crise, Chávez leu um discurso. Esse recurso só foi utilizado, raras vezes, pelo presidente durante encontros internacionais como a sessão extraordinária das Nações Unidas.

BBC Brasil

Nenhum comentário:

Postar um comentário