O Brasil começa o mês de julho com uma perspectiva. A Petrobras anunciou, nesta semana, a descoberta de dois níveis de petróleo de boa qualidade no poço da Gávea, no Rio, que integra o Parque das Baleias, tido como o maior reservatório do pré-sal na Bacia de Campos.
Segundo a empresa, esta é a principal descoberta já feita na camada do pré-sal na bacia de Campos, que se estende pelo litoral norte do Estado do Rio de Janeiro. Nessa bacia, estima-se que existam o equivalente a 3,5 bilhões de barris de petróleo nos seis poços abertos. Só nos dois primeiros poços abertos estimava-se uma reserva de 1,5 bilhão a 2 bilhões de barris de petróleo equivalente.
Uma descoberta é uma prova incontestável da capacidade tecnológica da estatal e do tremendo equívoco dos que criticaram e minimizaram as potencialidades do nosso pré-sal. Para avaliar o impacto desta riqueza que se encontra nas profundezas do Oceano Atlântico, conversamos com o físico Luiz Pinguelli Rosa, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e coordenador do COPPE, instituto de pesquisa da UFRJ.
[ Luiz Pinguelli Rosa ] Realmente, é uma descoberta muito significativa do ponto de vista da produção, porque indica que há potencial para novas descobertas na área. Precisamos ter em mente que cada descoberta no pré-sal abre o caminho para a exploração de novas áreas petrolíferas. Daí esta afirmação positiva da Petrobras.
Como você avalia o papel da estatal hoje no mercado mundial? É correta a visão de que a empresa é uma das poucas que tem multiplicado suas reservas, enquanto as outras mal conseguem ampliá-las?
[ Pinguelli ] O Brasil cresceu muito neste mercado, em particular, com as descobertas do pré-sal em águas profundas. A Petrobras é muito importante, sobretudo, pelo potencial das nossas reservas. Realmente, as grandes multinacionais como a Shell e a Exxon não conseguem mais expandir as suas. Mas não podemos esquecer que alguns países detêm grandes reservas. Há no mundo reservas maiores que as brasileiras, entre elas, as da estatal PDVSA, da Venezuela. O Canadá é outro grande exportador. Já o Oriente Médio e Arábia Saudita têm petróleo de maior qualidade. Vale destacar a Rússia que tem petróleo e exporta gás.
As atuais reservas brasileiras (incluídas as recém descobertas) equivalem a quantos anos do consumo de petróleo do país?
[ Pinguelli ] Havia uma estimativa da Petrobras, que ainda não considerava as novas descobertas do pré-sal, de mais 14 anos. É um tempo bastante razoável, calculado com base no consumo atual. Mas precisamos lembrar que tudo depende do consumo. Se as pessoas passarem a comprar mais carros, por exemplo, há uma demanda maior. Sem falar que o consumo tende a crescer com a melhoria da renda da população. O fato é que, com as descobertas do pré-sal, ninguém tem a dimensão de qual seria o prazo. As possibilidades que se abriram são imensas.
Blog do Zé Dirceu
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