"Em 2018, o novo são Haddad e Manuela. Porque parecem o novo. Porque são desconhecidos da imensa maioria da população. Porque são jovens. Porque sorriem. Eles são mais fofos, simpáticos, televisivos. Parecem par romântico da novela das nove! Ou apresentadores do Jornal Nacional. Têm aquela fotogenia, uma certa leveza, outro um tanto de seriedade. E isso conta muito no Brasilzão verdadeiro, que assiste TV, ouve música sertaneja e evangélica. Lembrando que a maioria dos eleitores é jovem. E mulher", disse o jornalista André Forastieri; "E Bolsonaro? É o típico capanga falastrão da novela!"
9 DE SETEMBRO DE 2018
Por André Forastieri – Os especialistas em eleições não assistem TV aberta. Não frequentam terminal de ônibus. Não batem papo com o Claudião do posto e a Marcinha da padoca. Não assistem vídeo de funk no YouTube.
No começo do ano o discurso era “a economia vai melhorar e com isso um candidato reformista, que dê continuidade ao governo Temer, terá grande chance de emplacar”.
Incontáveis matérias com a palavra “retomada” no título. O mercado financeiro celebrava. Mas era só sair na rua, longe dos guetos dos ricaços, para ver o aumento das placas de “Aluga-se”.
Foi muita pesquisa, muita estatística, muita teoria. E pouco pé no chão, pouca sola de sapato gasta. Por isso os experts, inclusive alguns cardeais da imprensa, erram tanto.
A retomada não veio, a pauta de Temer foi rejeitada. O próprio FHC disse com todas as palavras: “Quem for o candidato do mercado vai perder”.
Em uma única coisa os experts acertaram, inicialmente: o eleitor em 2018 quer o novo.
Mas depois voltaram atrás. Quando Luciano Huck, Joaquim Barbosa e gente como Amôedo não decolaram, o consenso foi que a eleição ficaria entre os velhos, a polarização habitual, mais do mesmo.
Pois bem: em 2018, o novo são Haddad e Manuela. Porque parecem o novo. Porque são desconhecidos da imensa maioria da população. Porque são jovens. Porque sorriem.
Eles são mais fofos, simpáticos, televisivos. Parecem par romântico da novela das nove! Ou apresentadores do Jornal Nacional. Têm aquela fotogenia, uma certa leveza, outro um tanto de seriedade.
E isso conta muito no Brasilzão verdadeiro, que assiste TV, ouve música sertaneja e evangélica. Lembrando que a maioria dos eleitores é jovem. E mulher.
Haddad e Manuela fazem Geraldo Alckmin e Ana Amélia parecerem os velhinhos vilões da novela. Ultrapassados, cinzentos, ranzinzas.
E Ciro e Marina? Coadjuvantes, jamais protagonistas.
E Bolsonaro? É o típico capanga falastrão da novela!
Para completar, Haddad e Manuela têm ao seu lado um vovô do bem. Injustiçado. Que já fez muito pelos pobres. E hoje promete retornar para trazer os bons tempos pro povo. Lima Duarte como o padim Lula!
A TV, a fé e o marketing nos ensinam que a esperança sempre vence. Que o bem está do lado dos belos. Que o novo é melhor que o velho. Propostas, promessas, isso é tudo detalhe.
A gente escolhe as coisas muito mais pelo coração do que pela razão. Uma imagem fala mais que mil palavras. A foto diz tudo. O casal 20 sorrindo, Lula abençoando. O Brasil Novo, feliz de novo!
E é por isso que Haddad e Manuela vão ganhar.
*Publicado originalmente no Poder 360
Brasil 247
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