segunda-feira, 13 de julho de 2020

Militares soltam nota de repúdio a Gilmar Mendes e crise se agrava


Os ministros militares e ministro da Defesa divulgaram uma nota na qual “repudiam veementemente” o ministro Gilmar Mendes pela afirmação de o Exército estar se associando ao genocídio do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus. A nota agrava a crise aberta no fim de semana. Gilmar é tratado de “senhor” no texto, sem menção ao fato de ser ministro do STF. Mais cedo, Augusto Heleno e Mourão garantiram que não haveria qualquer nota da cúpula das Forças Armadas -foram desmentidos poucas horas depois



13 de julho de 2020


Gilmar Mendes, Fernando Azevedo, Tenente-Brigadeiro do Ar Antonio Carlos Moretti Bermudez, General-de-Exército Edson Leal Pujol e Almirante de Esquadra Ilques Barbosa Junior (Foto: STF | PR)


247 - O ministros militares divulgaram no início da tarde desta segunda-feira (13) uma dura nota de repúdio contra ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes. Assinam a nota o ministro da Defesa, Fernando Azevedo, e os comandantes das três Forças, Edson Pujol (Exército), Ilques Barbosa (Marinha) e Antonio Carlos Moretti (Aeronáutica). Além da nota, a cúpula militar anunciou que está entrando com uma representação contra o ministro do STF na Procuradoria Geral da República (PGR), aprofundando a crise aberta no fim de semana.O repúdio deve-se ao fato de Gilmar Mendes ter afirmado numa live transmitida pela TV 247 no sábado que “o Exército está se associando a esse genocídio”. Ele se referia ao compromisso dos militares com o governo Bolsonaro na pandemia de coronavírus e à ocupação militar do Ministério da Saúde, crítica que ele reafirmou neste domingo. 


A nota menciona Mendes diretamente, algo completamente inusual do ponto de vista político e ele sequer é tratado como ministro do STF, sendo qualificado como “senhor”: “O ministro da Defesa e os comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica repudiam veementemente a acusação apresentada pelo senhor Gilmar Mendes, contra o Exército brasileiro (...)” 


Veja a nota:

  

“Comentários dessa natureza, completamente afastados dos fatos, causam indignação. Trata-se de uma acusação grave, além de infundada, irresponsável e sobretudo leviana. O ataque gratuito a instituições de Estado não fortalece a Democracia”, diz a nota. Além disso, o texto afirma que “genocídio é definido por lei como 'a intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial ou religioso' (Lei nº 2.889/1956)”. 


“Trata-se de um crime gravíssimo, tanto no âmbito nacional, como na justiça internacional, o que, naturalmente, é de pleno conhecimento de um jurista. Na atual pandemia, as Forças Armadas, incluindo a Marinha, o Exército e a Força Aérea, estão completamente empenhadas justamente em preservar vidas. Informamos que o MD [Ministério da Defesa] encaminhará representação ao Procurador-Geral da República (PGR) para a adoção das medidas cabíveis”, finaliza a nota.


A cúpula militar produziu duas notas de resposta, a primeira no sábado, de defesa da conduta das Forças Armadas, sem qualquer menção a Mendes. 


A segunda nota, escrita ainda no domingo, surpreende, porque não se cogitava de sua publicação. Mais cedo, tanto Augusto Heleno como Hamilton Mourão informaram que não haveria a segunda nota, o que indica seu distanciamento e desinformação em relação ao núcleo central do poder militar.


“O Ministério da Defesa já publicou uma nota a respeito, sem citar nomes. A nota é muito esclarecedora”, afirmou logo cedo à CNN o general Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional. O general vice-presidente Hamilton Mourão afirmou o mesmo: “O Ministério da Defesa já se pronunciou”. Ambos foram desmentidos pela nota da cúpula das Forças Armadas.




Brasil 247

Nenhum comentário:

Postar um comentário