Publicado por Jessica Alexandrino
18 de março de 2023
Operação de resgate durou três dias – Reprodução/TV Anhanguera
Mais de 212 trabalhadores em condição de trabalho análoga à escravidão foram resgatados pelo Grupo Móvel do Ministério do Trabalho e Emprego. Eles prestavam serviço a usinas de álcool e produtores de cana-de-açúcar dos municípios de Araporã, em Minas Gerais, e Itumbiara, Edeia e Cachoeira Dourada, em Goiás.
De acordo com o jornal O Globo, os resgatados foram aliciados, na maior parte, em Piauí, Maranhão e Rio Grande do Norte, por uma empresa de serviços terceirizados, que os transportou clandestinamente para Goiás. Quando desembarcaram, eles foram obrigados a pagar pelos alojamentos e instrumentos de trabalho, além de não terem tido acesso à alimentação adequada.
Os trabalhadores também não contavam com instalações sanitárias, equipamentos adequados de proteção e a aplicação de agrotóxicos ocorria nas áreas onde eles trabalhavam. O auditor fiscal do Trabalho, Roberto Mendes, disse que os alojamentos eram precários e não tinham condições de serem utilizados como moradia.
“Alguns deles eram muito velhos, com as paredes sujas e mofadas, goteiras nos telhados e não dispunham de ventilação adequada, sendo que em alguns dos quartos, sequer possuíam janelas. O banho era tomado com água fria, que saia diretamente do cano, mesmo nos dias mais frios e chuvosos”, explicou.
Mendes, que coordenou a operação em parceria com o Ministério Público do Trabalho, Ministério Público Federal e a Polícia Federal de Jataí, ainda pontuou que alguns trabalhadores pagavam pelo colchão, enquanto outros dormiam em redes ou no chão forrado com pano e papelão.
Alojamentos tinham condições precárias – Reprodução/TV Anhanguera
Os resgatados também não tinham onde preparar e guardar alimentos, comer ou se sentar. Mesmo assim, faziam suas refeições de forma improvisada e guardavam parte da marmita para comer no café da manhã, já que não tinham outra opção de alimentação.
As empresas foram contestadas e assumiram as responsabilidades pelos trabalhadores, concordando em pagar verbas rescisórias que chegam a R$ 2 milhões e 570 mil, sendo 50% desse valor por dano moral individual, totalizando R$3 milhões e 855 mil.
O MPT também sugeriu pagamento de dano moral coletivo, no valor de R$ 5 milhões, mas ainda não se chegou a um acordo. Os funcionários também devem receber seguro-desemprego e um inquérito foi instaurado pela Polícia Federal para apurar o crime de submissão de trabalhadores a condições análogas à de escravos.
Diário do Centro do Mundo - DCM
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