quinta-feira, 22 de julho de 2010

Dilma defende governo de coalizão para representar a diversidade do país


A candidata do PT ao Palácio do Planalto, Dilma Rousseff, concedeu ontem (21) entrevista ao programa 3 a 1, da TV Brasil, e falou de suas propostas para a educação, saúde, sistema tributário. A petista defendeu o governo de uma coalizão de partidos para que toda diversidade política do país esteja representada.

Dilma afirmou ainda que as lideranças políticas que almejam governar o Brasil não podem balizar as relações internacionais do país em opiniões pessoais. “O Brasil não pode, em momento algum, ver qualquer um de seus líderes [políticos] fazer campanha eleitoral falando de outros países.”

Veja abaixo os principais trechos da entrevista que vai ao ar às 22h.

Política Externa

Política externa e representação institucional são bem diferentes de posições pessoais e briga eleitoral. O Brasil não pode, em momento algum, ter qualquer um de seus líderes [políticos] em campanha eleitoral falando de outros países. Não se usam qualificativos em relação a outros governos, a não ser que se queira um isolamento ou uma política de grande potência ultrapassada da década de 50, do tipo big stick. Ou seja, a capacidade do porrete. Como nós não estamos nessa época, eu acho oportuno ter um extremo cuidado quando nos posicionamos sobre outros países.

Coalizão

O Brasil é um país com muita diversidade de opiniões e pontos de vista diversos nos estados. Por isso, acredito na coalizão e temos que caminhar para essa prática no Brasil. Tem de construir um leque de alianças e estruturar propostas para o governo. Vou lutar para construir alianças políticas transparentes e que, na montagem do governo, se respeite essa coligação com critérios técnicos.
Sou contra a visão da ditadura que políticos teriam que ser tirados da pauta e apenas tecnocratas governariam o Brasil.

Lula

O Brasil está preparado para ter uma mulher presidente. Ele [o presidente] tem uma imensa capacidade de envolvimento, persuasão, e sabe escutar. Aprendi muito com ele. Não tenho a menor pretensão de substituir o presidente. Ele é uma pessoa, e eu sou outra. Mas acredito que vou honrar o legado dele, que é o que ele mais ama, que é o povo brasileiro. Isso eu vou fazer: cuidar do povo brasileiro. Mas eu vou me esforçar para compensar [o carisma] com muito trabalho.

Acusações sem provas

Estão fazendo ilações infundadas, jogando informações sem prova e, sobretudo, cometendo injúria e difamação sem provas. A gente tem que ter cautela e cuidado para não fazer insinuações que só tendem a beneficiar alguém no momento eleitoral. Acho que todas as acusações só podem ser feitas com provas.

Educação

Todas as avaliações mostram que se tem qualidade na educação quando há mais professores com ensino superior e com pós-graduação. Para ter qualidade, temos de exigir que nossos professores tenham curso superior e pós-graduação e pagar muito melhor que os pagamos hoje. Como é que o jovem que está estudando matemática vai ser professor se no estado mais rico do país [São Paulo] ele ganha R$ 1,8 mil? Precisamos de professores de Física e de Química. O salto que o país precisa dar depende do professor.

Liberdade de Imprensa

Temos de distinguir duas coisas. O mundo inteiro tem uma discussão e um marco regulatório em relação à convergência de mídia. Por exemplo, o controle estrangeiro nas mídias. Outra coisa é controle sobre conteúdo e restrição e censura à imprensa. Aí a única censura é o controle remoto. Sou contrária ao controle do conteúdo. O que é inadmissível é a censura à imprensa. É inadmissível alguém usar sua posição e ligar para o editor de um jornal e pedir punição para jornalista. Antes de falar em liberdade de imprensa tem que garantir a liberdade do jornalista e o direito de expressão.

Reforma Tributária

O governo tem de olhar se os recursos estão sendo usados da forma devida. A gente tem de procurar a melhoria da aplicação dos recursos arrecadados nos serviços prestados. De forma imediata não tem como [abrir mão da arrecadação]. Sou a favor da redução da carga tributária. Reduzimos o IPI de forma significativa, violentamente, dos automóveis, da linha branca e da construção. E houve um problema grave para os municípios e estados. Se tirasse a arrecadação tinha município que não sobreviveria.

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