Ibovespa fecha em alta de 3,6% e tem melhor sequência desde 2014; ações da Petrobras disparam 11% com alta do preço do petróleo; no cenário doméstico, ganham força rumores da volta da CPMF, ideia que agrada à presidente Dilma; commodities dispararam por conta da China
27 DE AGOSTO DE 2015 ÀS 12:59
Por Ricardo Bomfim
SÃO PAULO - O Ibovespa disparou 3,64% a 47.715 pontos nesta quinta-feira (27) puxado por ações de empresas ligadas a commodities como Petrobras, Vale e siderúrgicas. O índice seguiu o alívio das bolsas mundiais diante de perspectivas do aumento dos juros do Federal Reserve mais distante e de estímulos na China. O benchmark só não fechou na máxima porque o resultado primário do Governo Central foi bem abaixo do esperado, mostrando o pior déficit desde 1997 para a tríade Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência.
Com a alta desta quinta, a Bolsa teve a sua melhor sequência desde os três pregões entre 17 de dezembro e 21 de dezembro, quando o índice subiu 9,4%. Também foi a maior alta diária desde o mesmo dia 17 de dezembro, quando o Ibovespa subiu 3,65%.
Ao mesmo tempo, o dólar comercial teve baixa de 1,35% a R$ 3,5528 ao passo que o dólar futuro para setembro teve queda de 1,30% a R$ 3,555. Lá fora, os índices norte-americanos Dow Jones e S&P 500 fecharam em alta de 2,27% a 16.655 pontos e 2,45% a 1.988 pontos respectivamente.
Dentre os indicadores domésticos, com uma forte frustração de receitas e a dificuldade em reduzir despesas, o déficit primário do governo central foi de R$ 7,223 bilhões em julho e de R$ 9,05 bilhões de janeiro a julho. O desempenho é o pior para meses de julho e para o acumulado do ano em mais de 15 anos.
De acordo com o economista da Leme Investimentos, João Pedro Brugger, a Bolsa deixou para trás os 4% de alta porque o dado fiscal veio muito pior do que o esperado e já mostra um déficit de R$ 9 bilhões no ano nas contas do governo central. No entanto, a alta continua por um movimento técnico somado ao otimismo pela expectativa de estímulos no gigante asiático e pelas declarações de membros do Federal Reserve de que os EUA devem esperar mais antes de subir juros.
Foi divulgado pela manhã o PIB (Produto Interno Bruto) dos Estados Unidos, que subiu 3,7%, contra estimativas de 3,2% pela pesquisa Bloomberg. Os EUA também foram agitados pelo Simpósio Anual de Jackson Hole, no estado de Wyoming, principal evento de política econômica do país cujo tema é a inflação. O evento conta com a presença do presidente do Banco Central brasileiro, Alexandre Tombini.
Na China ficaram no ar rumores de que o Governo planja estabilizar o mercado de ações até quinta da próxima semana. O que o mercado está comentando é que o Governo Chinês esta reduzindo sua posição em títulos do Governo Americano para financiar os programas de intervenção tanto na moeda quanto na Bolsa.
Política O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, disse em entrevista à GloboNews, de que é importante "a ficha cair" para todo mundo que está envolvido na transformação da economia em relação a "revisitar os gastos". Ganham força as notícias de volta da CPMF, ideia bem recebida pela presidente Dilma Rousseff (PT) para o ajuste fiscal.
Destaques de ações
As ações da Petrobras (PETR3, R$ 10,16, +11,28%; PETR4, R$ 8,89, +9,62%) fecharam em alta em meio à disparada do petróleo. O preço do barril de petróleo brent registrou alta superior a 9,83%, a US$ 47,38 o barril. Os preços do petróleo dispararam mais de 9% nesta quinta-feira em uma das maiores altas diárias dos últimos anos, com uma recuperação no mercado de ações e notícias de uma menor oferta disparando uma onda de cobertura de posições vendidas por operadores baixistas. O rali também foi ajudado por notícias de uma interrupção nas exportações de petróleo da Shell na Nigéria.
Ainda no radar da petroleira, segundo informação da coluna radar da revista Veja, a companhia quer adiar o IPO (Oferta Pública Inicial, na sigla em inglês) da BR Distribuidora.
Assim como a petroleira, a Vale (VALE3, R$ 17,69, +11,26%; VALE5, R$ 13,72, +8,63%) também registrou ganhos. O minério de ferro spot no porto de Qingdao teve alta de 0,41% a US$ 53,67 a tonelada. Assim como ela, também subiam as ações de siderúrgicas CSN (CSNA3, R$ 3,45, +8,87%), Gerdau (GGBR4, R$ 5,40, +10,88%), Metalúrgica Gerdau (GOAU4, R$ 3,13, +17,67%) e Usiminas (USIM5, R$ 3,06, +5,88%).
As instituições financeiras tiveram alta, mantendo o movimento de ontem, subindo depois da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) aceitar colocar o prazo de 1º de janeiro de 2019 para a vigência da nova alíquota da CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) pela MP 675, que será de 20% sobre o lucro. Sobem Bradesco (BBDC3, R$ 27,00, +3,85%; BBDC4, R$ 24,67, +2,45%), Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 28,34, +3,54%) e Banco do Brasil (BBAS3, R$ 19,23, +3,55%).
Na ponta negativa, as ações da Suzano (SUZB5, R$ 16,76, -0,12%) caem em meio à baixa do dólar ofuscando o anúncio de reajuste nos preços de celulose. Ontem, a companhia informou que vai aumentar em US$ 20,00 os preços da celulose de fibra curta para todos os mercados a partir de 1º de setembro, no terceiro aumento do ano. O preço da tonelada do insumo para a América do Norte passa a US$ 920, para Europa sobe a US$ 830 e para a Ásia vai a US$ 720, informou a companhia. O aumento foi anunciado na sequência do reajuste da Fibria (FIBR3, R$ 48,20, +3,54%), também de US$ 20 por tonelada de celulose de eucalipto.
Além disso, a agência de classificação de risco Standard & Poor's elevou na quarta-feira a nota de crédito corporativa em escala global da Suzano de "BB" para "BB+", com perspectiva estável. Com a alta, a fabricante de papel e celulose está agora apenas um degrau abaixo de obter o chamado grau de investimento, que permite à companhia captar recursos no mercado internacional sob condições mais favoráveis.
Dia de rali no mercado externo Os turbulentos mercados acionários da China fecharam com forte alta nesta quinta-feira, auxiliados pela forte recuperação em Wall Street diante de expectativas de que o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, adie o aumento dos juros em reação à volatilidade provocada por preocupações com a segunda maior economia do mundo. O índice de Xangai avançou 5,4%, a 3.085 pontos.
As ações chinesas haviam recuado na quarta-feira, acumulando perdas de mais de 20% em apenas cinco dias, ressaltando a fragilidade da confiança de investidores e as sérias dúvidas sobre se o afrouxamento monetário conduzido no dia anterior pelo Banco do Povo da China seria capaz de estabilizar a economia.
As preocupações sobre a desaceleração do crescimento chinês vêm aumentando durante todo o ano, com um fluxo constante de dados econômicos cada vez mais fracos. Na semana passada, pesquisa oficial do Índice de Gerente de Compras (PMI, na sigla em inglês) apontou que a atividade industrial encolheu neste mês no ritmo mais rápido em quase 6 anos e meio.
A inesperada desvalorização do yuan há duas semanas deu força às suspeitas de que Pequim está preocupada com os exportadores do país, que há décadas vêm encabeçando o crescimento econômico do país.
Brasil 24/7
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