SEX, 21/08/2015 - 13:05
ATUALIZADO EM 21/08/2015 - 13:10
Entenda os cálculos feitos pela equipe de investigação para chegar ao valor de ressarcimento e de reparação e os fatos que endossaram as provas contra Eduardo Cunha na denúncia
Jornal GGN - Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foi denunciado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, por ter recebido pelo menos US$ 5 milhões e contribuído para a garantia de contrato da Samsung Heavy Industries com a Petrobras, entre 2006 e 2012. Na denúncia, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, requer a recuperação de US$ 40 milhões para a Petrobras e à Administração Pública, e mais US$ 40 milhões de reparação de danos. A seguir, os fatos que sustentam o cálculo do MPF.
Cunha é denunciado de "solicitar para si e para outrem" a promessa de vantagem indevida de US$ 15 milhões de Júlio Camargo para o navio-sonda Petrobras 10000, no período de 2006 e 2012. Já no outro contrato, referente ao Vitoria 10000, o MPF aponta que Cunha solicitou e aceitou a propina de US$ 25 milhões do intermediário, entre 2007 e 2012. Segundo a denúncia, o montante total de US$ 40 milhões foi destinado ao lobista Fernando Soares conhecido como Baiano, ao ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró e ao deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
A quantia apontada por Rodrigo Janot teve como sustentação o depoimento do empresário e intermediário da propina Júlio Camargo, em condição de delação premiada, no âmbito da Procuradoria Geral da República e ainda na Justiça Federal do Paraná, de onde também geraram as condenações dos três demais envolvidos - Julio Camargo, Cerveró e Baiano -, que não detém foro privilegiado.
Do total de US$ 40 milhões, US$ 5 milhões foi "efetivamente recebido" por Cunha, aponta o MPF, sustentado além das delações premiadas, nos documentos coletados no setor de informática da Câmara, que revelam um esquema de pressão do presidente da Casa, com a ajuda da então deputada federal Solange Almeida (PMDB-RJ), que assinou requerimentos que pediam a investigação dos contratos firmados entre a Petrobras e a empresa do lobista Julio Camargo, a Mitsui, a Samsung Heavy Industries e o próprio lobista. Os requerimentos foram usados como forma de pressão para o pagamentos dos US$ 5 milhões, apontou o MPF.
"Importante destacar, desde logo, que ambos os requerimentos foram baseados em justificativas genéricas e falsas", informa a denúncia. Apesar de assinados pela deputada, Rodrigo Janot apontou que "não há dúvidas de que o verdadeiro autor, material e intelectual, dos requerimentos foi o denunciado Eduardo Cunha".
A afirmação do procurador encontra certificação nas "informações dos metadados constantes dos arquivos dos requerimentos - ou seja, dados acoplados que constam nas propriedades dos arquivos". A Polícia Federal encontrou que os arquivos em formato "pdf" tinham registrados no campo "autor" (da propriedade dos documentos) o nome "Dep. Eduardo Cunha".
Janot disse, ainda, que a tentativa de Cunha de justificar que os requerimentos eram "fraude" de alguém que o quisesse incriminá-lo era uma versão "implausível".
Na denúncia contra Eduardo Cunha, há ainda dezenas de cruzamento de informações, como levantamentos de episódios vários, encontros de Cunha com Júlio Camargo, recuperação de outras pressões feitas pelo deputado contra empresas, e sequência de dados que trazem veracidade aos depoimentos e endossam a prova do recebimento de propina pelos envolvidos.
Jornal GGN
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