Foram-se os que já não estavam. Dos políticos, só virá o golpe. Às ruas, pelo Brasil
Sepultou-se a última quimera dos que acreditaram, a partir de certo momento, que o PMDB pudesse ser base de alguma coisa senão dos seus próprios apetites.
Nem mesmo nos momentos de prosperidade o foi sequer base confiável.
É certo que ainda ficarão alguns: uns por valor e honradez pessoal, como o Senador Roberto Requião, outros porque os interesses regionais talvez lhes convenham.
Mas não é hora de contar mais com que se possa ir adiante nesse caminho.
O PMDB é o partido de Eduardo Cunha e seu comando a ele pertence. Se Temer é o capitão golpista, seu cardeal é Cunha e é por isso que já se noticia o acordo que irá salvá-lo da cassação por corrupção para ser, já não de direito, mas de fato, o presidente da Câmara.
São os (ex) pequenos partidos, inflados com a “janela” que permitiu migrações que podem dar a Dilma o número necessário para evitar, dificilmente na comissão, mas possível ainda no plenário da Câmara, onde são necessários 2/3 dos votos.
Não é hora de tratar essa questão, a da sobrevivência, como quem vai de borzeguins ao leito.
Rodrigo Vianna, no Escrevinhador, embora um pouco otimista, comenta esta contabilidade.
Eu prefiro trilhar outro caminho, aquele que o PT sempre relutou em trilhar: o da afirmação de nossa identidade popular e, por ela, um esforço para mobilizar a população por um rumo para o país.
Só isso pode nos defender do golpe de Estado iminente e, se este vier, nos preparar para a resistência à uma nova situação que de estável não terá nada.
Não se ampliará a base política, embora seja vital (e difícil) que ela não se degrade ainda mais.
Mas se pode recuperar parte da base social se o Governo passar a deixar de lado as hesitações e falar claramente à população quem são e o que pretende os golpistas.
A próxima batalha é dia 31, em duas frentes.
Na rua e na provável – embora hoje nada mais seja racional – decisão do Supremo destravando o absurdo feito por Gilmar Mendes ao bloquear a posse de Lula.
Ato contínuo, é ele quem deve assumir as rédeas da luta política.
Talvez, por isso, não possamos exigir sua presença nos palanques.
Nem por isso, junto com as primeiras conversas, devam vir as primeiras medidas.
Que gritem, que chiem, que as obstaculizem no Parlamento.
O importante é que o povo brasileiro veja quem é quem e o que cada um quer.
Se pretendem tirar dos nossos votos o mandato que ele concedeu, que fique claro que não nos tirarão nem a alma nem as liberdades.
Um governo não pode cair sem se defender, do contrário não tem em si uma natureza popular.
Porque, se a tem, sua derrubada é a queda dos interesses populares e das liberdades públicas.
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