POR FERNANDO BRITO · 10/11/2016
A política entrou em minha vida, como atitude, há 42 anos, quando suspenderam as aulas, inesperadamente, na Escola Técnica Federal, onde eu estudava. Não saíamos o que era e, mesmo como o feriado “grátis”, entendíamos que não poderia ser um dia “santo” para o Brasil.
Estávamos em plena ditadura, mais ainda assim tiveram medo de protestos estudantis por conta do anúncio de que seriam criados os “contratos de risco” que, na prática, quebravam o monopólio estatal do petróleo conquistado com Getúlio Vargas e uma imensa mobilização de brasileiros patriotas.
Acabava de ser descoberta a Bacia de Campos, eclodira a crise da Opel (1973) e os militares cederam aos apetites das então “Sete Irmãs” do petróleo.
Ontem, a canalha golpista que domina o Congresso concluiu a Missão José Serra, a de retirar da Petrobras a propriedade mínima de 30% e a condição de única operadora do pré-sal.
Nossa generosa empresa de petróleo, agora, pode “escolher” se quer ou não o mar de petróleo que ela própria descobriu no pré-sal.
Aquilo pelo qual os EUA não vacilam em fazer guerra para tomar, nós damos de presente.
E o ex-ministro do apagão, Pedro Parente, que o governo golpista lá colocou a desmontar a empresa já mostrou que a sua “obra” é para valer, como mostram hoje os “dois maracanãs” de terceirizados demitidos pela empresa, que não são terceirizados de levar cafezinho e água gelada, mas boa parte das pessoas que trabalha na área de produção da empresa, que sempre usou este expediente para escapar da camisa de força do concurso público algo tosca numa atividade industrial.
Abre-se, ainda mais, o nosso petróleo às multis, mas agora um oceano de óleo, gigante.
É bom lembrar, porém, que dificilmente vão botar dinheiro aqui para extraí-lo agora, com os preços baixos.
Nos contratos de risco, investiram (dizem) US$ 1 bilhão, mas só um terço disto aqui, porque o resto é em equipamentos e pessoal de seus próprios países. A Petrobras, US$ 26 bilhões, segundo números do professor e engenheiro Rogério Maestri.
Descobriram nada ou quase nada. E a Petrobras, nesse período, reservas que nos levariam à autossuficiência.
O Brasil depende do Brasil. Não serão os interesses estrangeiros que nos trarão riqueza e bem-estar.
Não, mas não se acanharão em levá-los daqui.
Tijolaço
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