29 de Dezembro de 2016
Por Emir Sader
O governo surgido do golpe coloca em prática a mais radical e devastadora destruição do Brasil. Destruição da sua democracia, destruição do seu potencial econômico, destruição das condições sociais de convivência entre interesses distintos, destruição da presença soberana no mundo, destruição do Estado brasileiro e do seu patrimônio, destruição da imagem do Brasil no mundo. Promove assim o maior retrocesso que o país já viveu na sua historia em pouco tempo, sem apoio nem legitimidade da sociedade.
É um projeto que já se vislumbrava, quando o programa do golpe reunia todas as piores iniciativas da direita brasileira, rejeitadas pelo voto democrático dos brasileiros, mas que orientou o governo de vingança das elites contra o povo, a democracia e a soberania nacional.
Em poucos meses o país se tornou uma terra arrasada, sem impulso econômico algum, sem amplos consensos nacionais, sem lideranças politicas governando o país, sem prestígio no mundo, sem visões de futuro que projetem o Brasil para as próximas décadas.
O país não aguenta mais tantos retrocessos no seu caminho democrático – com um governo e um presidente que provocam escárnio no país - na construção do seu patrimônio publico – vendido semanalmente a preço de banana -, na sua projeção internacional – com representações externas que só nos envergonham. Basta de destruições, é preciso trilhar urgentemente o caminho da reconstrução do Brasil.
Além dessas devastações, a auto denominada operação Lava Jato, ademais da destruição de parte significativa do potencial produtivo do pais, tenta inviabilizar a única liderança nacional com prestígio e apoio popular, a do Lula, que também representa o momento em que o Brasil enfrentou uma profunda crise não arremetendo contra o seu patrimônio e seu povo, mas fortalecendo-os. Quem quer destruir o país precisa também destruir a imagem política e a viabilidade eleitoral do Lula.
Porque só o Lula tem a capacidade de – como ele recordou nas duas breves mensagens gravadas neste fim de ano – recuperar o potencial de desenvolvimento econômico centrado na retomada da expansão do mercado interno de consumo popular. Só o Lula pode recuperar o prestígio e o potencial de ação do Estado brasileiro, só ele pode recompor um acordo nacional centrado na retomada do desenvolvimento econômico com distribuição de renda. Só Lula pode reorganizar as alianças nacionais, sociais e politicas, capazes de fazer com que o Brasil volte a se reunificar em torno de um projeto nacional, com resgate do melhor que logramos no passado recente e com projeção para o futuro do país.
Por isso, para que o governo golpista complete seu macabro projeto de destruição do Brasil como nação, como Estado democrático e como sociedade pluralista e diversa, é preciso eliminar o Lula da vida política nacional. Lula é um perigo para eles. É um “insulto” para as elites como acaba de editorializar o moribundo jornal dos Mesquitas, mas é o único aceno de esperança para o povo e para a democracia do nosso país.
Só Lula pode, porque já demonstrou que é capaz de reconstruir o país, depois da devastação anterior, promovida pelos governos neoliberais de Collor, Itamar e FHC. Foi o seu governo que superou a prolongada e profunda recessão promovida por aqueles governos, resgatou o Estado, construiu uma política externa de integração.
Defender os direitos políticos do Lula não é assim uma ação de proteção de um individuo, por mais importante que ele seja. É defender o resgate da esperança e da auto estima dos brasileiros, é defender a capacidade do Brasil de resgatar seu potencial de crescimento econômico, paralelamente à democratização social.
Por isso, a direita, que só pode se impor destruindo a esperança e a auto estima dos brasileiros, precisa destruir o Lula, porque ele representa exatamente isso. Suas palavras expressam como o país se meteu, pelo golpe, numa via radicalmente equivocada, e que precisa, urgentemente, ser reconstruído, retomando os caminhos virtuosos pelos quais Lula nos fez transitar.
Lula não é hoje apenas um líder da esquerda, um estadista com prestígio internacional, ele é a esperança de que o Brasil possa retomar um caminho de democracia, de desenvolvimento com justiça social e de soberania política externa.
Brasil 247
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