POR FERNANDO BRITO · 28/12/2016
Uma carta, publicada pelo jornal inglês The Guardian, mostra mais do que páginas e páginas dos jornais brasileiros.
Seu autor é Kevin Dunion, ex-reitor da Universidade de St. Andrews, fundada no século 15, na Escócia, e primeiro Comissário escocês para a Liberdade de Informação.
Não parece ser, portanto, um “lulopetista”, expressão idiota criada por idiotas e repetida por idiotas, cuja capacidade cognitiva é suficiente apenas para acertar o sorvete na testa.
Conta, com uma clareza singela, a reação das castas – e o Judiciário é a maior delas – à moralização, com seu moralismo hipócrita e cheio de interesses.
Leia só:
Os desafios que confrontam Dilma Rousseff na limpeza vida política brasileira não pode ser subestimados ( Do palácio presidencial para o apartamento de sua mãe , 24 de dezembro). Em 2012, fui contratado pela Unesco para aconselhar o governo sobre a implementação do decreto de acesso à informação que a presidente tinha assinado. Entre as primeiras exigências de divulgação feitas pela imprensa diziam respeito aos detalhes de salários e regalias recebidas por ministros, juízes e funcionários públicos.
Isso levou a uma ação legal por parte das associações (que haviam negociado acordos lucrativos para seus membros) para tentar impedir a divulgação e uma resistência feroz dentro do governo de coalizão. Quando o assunto foi levado a Dilma Rousseff ela instruiu-nos de que a divulgação completa deveria ser feita, começando com seu próprio pacote salarial.
Posteriormente, os detalhes publicados revelaram que um terço dos ministros e quase 4.000 funcionários federais violaram o teto de pagamento estabelecido pela Constituição e estavam ganhando mais do que a presidente. Recompensas inchadas incluíam até um salário adicional de seis meses por ano, contabilizadas como subsídios de ajuda de custo ou licença educacional. Mesmo alguns funcionários do parlamento e dos elevadores do Congresso estavam ganhando até 10 vezes mais do que o salário médio de um professor ou policial. Aqueles envergonhados não eram suscetíveis de perdoá-la por violar o código de silêncio sobre esses arranjos, muito menos apoiá-la em abordar outras áreas de política corporativista.
Professor Kevin Dunion
Tijolaço
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