7 de Setembro de 2017
Ricardo Bruno
No momento em que a Lava Jato vivia sua pior crise de credibilidade junto à opinião pública, com sérias denuncias envolvendo um procurador próximo de Janot e um advogado amigo de Moro, Curitiba retoma a ofensiva contra o PT. O teor repetitivo e frágil das acusações e a estranha oportunidade de fazê-las - no apagar das luzes da gestão de um procurador geral alvejado por incômoda suspeição - reforçam a convicção de que está em curso um movimento puramente midiático para tentar aplacar o desgaste público da operação.
O fracasso político - injusto ou não - da tentativa de retirar Temer do Planalto associado às denúncias de Joesley de que teria contado com os préstimos de um dos homens de confiança de Janot dessacralizou a atuação dos responsáveis pela Lava Jato. Isto dias após matéria da Folha de São Paulo sobre a suspeita atuação de um advogado amigo do juiz Moro.
A conjunção dos últimos fatos exigiu a retomada do ataque ao PT para novamente açular a parcela anti-petista da sociedade contra uma eventual desmoralização dos trabalhos.
Sem entrar no mérito da veracidade das denúncias, é no mínimo estranho que Palocci tenha resolvido fazê-las num momento delicado como este e sem obter nenhuma vantagem com isto, pois não o fez no curso de uma delação premiada. O "italiano" teria sido tomado por súbito espírito público, resolvendo abrir alguns dos crimes de que participou, sem exigir nada em troca. No pano verde, resolveu simplesmente mostrar suas cartas. Reparem que todas as perguntas que incriminavam os ex-presidentes Lula e Dilma, foram respondidas por Palocci afirmativamente, Sem exceção, sem uma ressalva sequer em nome da absoluta preservação da verdade. Tudo com indisfarçável sabujice ao magistrado.
Se este comportamento viesse no bojo de uma delação, poderia ser questionado mas seria entendido. Da forma que se deu, de modo aparentemente desinteressado, soa estranho e mostra no mínimo que há motivações ocultas a impulsioná-lo em direção ao apoio à Lava Jato exatamente no momento em que a operação tem sua credibilidade contestada.
Brasil 247
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