POR FERNANDO BRITO · 08/11/2017
Ontem, em São Gonçalo, região metropolitana do Rio, realizou-se o oitavo “Show do Jungman”, com o emprego de 3.500 homens das Forças Armadas para prender oito sujeitos sem qualquer importância no tráfico e apreender nenhuma arma de fogo.
Foi a 5ª, em oito operações com milhares de homens, que resultou em nada.
O Ministro da Justiça, Torquato Jardim, afirmou sem meias palavras que uma das dificuldades é que os comandantes dos batalhões da PM são “sócios do crime organizado”.
Certamente alguns ou vários são e, ao que parece, a PM foi quase que excluída da operação de ontem. Mas é só meia verdade que o tráfico de drogas é intenso no Rio e entorno. Cocaína está onde está o dinheiro e o dinheiro não está no Rio de Janeiro.
O ministro deveria ler o que a agência italiana de notícias, a Ansa, publicou ontem sobre “o primeiro Comando da Capital, uma organização criminosa que surgiu nos anos 90 (em São Paulo) , tornou-se um cartel de projeção internacional cuja expansão é observada com atenção por várias agências’ mundiais de combate ao tráfico de cocaína.
“Segundo as Nações Unidas, o Brasil deixou de ser um ator de apoio no conselho mundial de tráfico de drogas, uma atividade que muitas vezes está ligada a outros atos ilícitos.
Isso ocorre porque o mercado brasileiro de consumo de cocaína é o segundo mais lucrativo do mundo, superado apenas pelos Estados Unidos.
E, em segundo lugar, o Brasil é o país através de cujos portos o maior volume de cocaína passa para o cobiçado mercado europeu.
Por exemplo, 1,5 mil toneladas de cocaína foram apreendidas esta semana, que aparentemente seriam enviadas para a Europa.
O Ministro Torquato Jardim tem toda a razão em denunciar a cumplicidade da PM do Rio com o crime organizado.
Mas o Primeiro Comando da Capital é sediado em São Paulo, não no Rio. E não é possível haver uma organização criminosa com este porte sem cumplicidades na área de segurança.
E, embora a matéria diga que a Interpol e pela US Drug Enforcement Agency, “estão trabalhando em conjunto com a Polícia Federal” em Santos, não parece provável que traficantes arrisquem cargas de R$ 30 ou 40 milhões – preço nacional da tonelada de cocaína – sem algum grau de promiscuidade com as autoridades da polícia de portos, federal.
Essencialmente, uma missão da PF, que está sob o comando de Torquato Jardim.
Os cinematográficos agentes e procuradores, tão orgulhoso da “Operação Lava Jato”, não parecem muito dispostos a uma “Limpa o Pó”.
A mídia brasileira também parece se entusiasmar mais com o espalhafato.
Preferem expor nossas Forças Armadas a um papel deprimente, que resulta em muita humilhação para os pobres e nenhuma, ou quase nenhuma, eficiência para desarmar e pacificar as comunidades.
Tijolaço
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