POR FERNANDO BRITO · 30/05/2018
Nada menos que 25 professores de Economia da UFRJ divulgaram hoje um manifesto onde denunciam que o Governo vai subsidiar, por conta dos acordos feitos para cessar a greve dos caminhoneiros, em pelo menos R$ 3 bilhões a importação de diesel, enquanto Pedro Parente mantém um índice de 31% nas refinarias nacionais e faz a petrobras exportar petróleo bruto.
O texto, arrasador, mostra que o discurso de “eficiência” de Pedro Parente só se sustenta graças a “jornalistas amigos” e como se tornará insustentável em qualquer debate aberto, como o que pode acontecer na “CPI do Parente“, caso o Senado de fato a instale:
Recentemente, o Conselho de Administração da Petrobras, negligenciando os efeitos danosos da volatilidade no preço do petróleo para a atividade econômica, decidiu manter os preços dos combustíveis alinhados com os preços dos derivados no mercado internacional, independentemente dos custos de produção da companhia. Com essa política, a empresa passou a repassar os riscos econômicos da volatilidade dos preços para os consumidores com o objetivo de aumentar os dividendos de seus acionistas. A crise provocada pela reação dos caminhoneiros a essa política é fruto desse grave equívoco.
Para superar essa crise, é indispensável rever essa política. No entanto, o governo decidiu preservá-la, propondo um subsídio para o diesel com reajustes mensais no seu preço. O governo estima que essas medidas custarão R$ 13 bilhões aos cofres públicos até o final do ano, dos quais mais de R$ 3 bilhões serão gastos para subsidiar o diesel importado. O ministro Guardia justificou essa medida econômica heterodoxa como necessária para preservar a competitividade do diesel importado.
O Brasil importou 25,4 milhões de barris de gasolina e 82,2 milhões de barris de diesel no ano passado, porém exportou 328,2 milhões de barris de petróleo bruto. Na prática, esse petróleo foi refinado no exterior para atender o mercado doméstico, deixando nossas refinarias ociosas (31,9%) em março de 2018. Nesse processo, os brasileiros pagaram os custos da ociosidade das refinarias da Petrobras e aproximadamente US$ 730 milhões anuais pelo refino de seu óleo no exterior. Não é racional que o Brasil subsidie diesel importado para absorver a capacidade ociosa de concorrentes comerciais.
A Petrobras foi criada para garantir o suprimento doméstico de combustíveis com preços racionais. Não é razoável que o presidente da Petrobras declare que o petróleo produzido no Brasil é rentável a US$ 35 dólares/barril e proponha oferta-lo aos brasileiros a US$ 70/barril.
Assinam a nota os os professores do Instituto de Economia da UFRJ: Adilson de Oliveira; Ary Barradas; Carlos Frederico Leão Rocha; David Kupfer; Denise Lobato Gentil;Eduardo Costa Pinto; Fernando Carlos; Isabela Nogueira; João Saboia; João Sicsú; José Eduardo Cassiolato; José Luís Fiori; Karla Inez Leitão Lundgren; Lena Lavinas Lucia Kubrusly; Luiz Carlos Prado; Luiz Martins; Marcelo Gerson Pessoa de Matos; René Carvalho; Ronaldo Bicalho e Victor Prochnik
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