sexta-feira, 28 de maio de 2021

Bolsonaro virou pajé. Por Fernando Brito

 Publicado por Fernando Brito

28 de maio de 2021

Publicado originalmente no Tijolaço

Por Fernando Brito



Jair Bolsonaro já não é só charlatão, agora é pajé.

Na sua live de hoje anunciou que os índios do Norte do Amazonas têm uma medicação infalível contra a Covid.

Na aldeia tribo Balaio, ninguém morreu; nos yanomamis só três, índios idosos , “provavelmente com comorbidades”.

Nenhum tomou cloroquina, mas beberam chá de “carapanaúba, saracura ou jambu”.

“Perguntei se algum tinha morrido. Responderam não. Foi antes da vacina? Disseram que sim. Perguntei por que não morreram. Eles tomaram chá de carapanaúba, saracura ou jambu.(…) Poderia essa querida CPI do Senado, que tem como presidente o senador Omar Aziz, convidar os índios para ouvi-los, para, quem sabe, levar os chás de carapanaúba, saracura ou jambu.”

Todos os três, há anos, são vendidos nas feiras de Manaus e em bancas de cascas e ervas do país inteiro.

A carapanaúba é casca de árvore de “amplo espectro” na cultura popular. Cura desde inflamações do útero e ovário, diabetes, problemas de estômago, câncer, é anticontraceptivo e age contra febre e reumatismo.

A “saracura” – que não é saracura, mas “sara-tudo”, ou murici (Bysonima intermedia) – serve para alívio de dor de dente e inflamações em geral.

E o jambu, é indicado como fortificante, estimulador de apetite, anti-inflamatório, remédios contra lombrigas, analgésico, diurético, anestésico bucal e estimulante sexual.

Não posso dizer que Bolsonaro é um Villas-Bôas porque, alem de ser uma ofensa aos irmão Orlando, Cláudio e Leonardo, três importantes indigenistas brasileiros e porque ele vai pensar que o nome é de seu patrono, Eduardo Villas Bôas, que enfiou o exército nesta encrenca.

Pensemos positivo, porém: Jair Bolsonaro salvou a humanidade! Podemos agora exportar os pacotinhos de feira mais caros que as bijuterias de nióbio que alimentam a mente (mente?) presidencial.

E encher as ruas de motoqueiros gritando: “O jambú é nosso”.


Diário do Centro do Mundo   -   DCM

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