Sergio Lamucci e João Villaverde, de São Paulo
15/04/2010
A economia brasileira manteve no primeiro trimestre do ano o ritmo acelerado com que encerrou 2009
A economia brasileira manteve no primeiro trimestre do ano o ritmo acelerado com que encerrou 2009. O crescimento expressivo da produção industrial e do varejo em fevereiro, segundo analistas, indica que o Produto Interno Bruto (PIB) no período avançou 2%, equivalente a uma taxa anualizada de 8,4%. Dessa forma, as previsões sobre o comportamento do PIB no ano estão sendo constantemente elevadas e agora já chegam a ultrapassar os 7%. Se a previsão se confirmar, será o maior crescimento desde os 7,49% de 1986, na vigência do Plano Cruzado.
Os dados de vendas no comércio varejista em fevereiro superaram de longe a expectativa do mercado, que trabalhava com uma expansão inferior a 1% sobre janeiro, mas viu uma alta de 1,6%. O próprio número de janeiro foi revisado para cima, de 2,7% para 3%. O economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, diz que "todos os dados vieram acima das projeções", o crescimento foi disseminado e sua aceleração é "inequívoca".
No caso do varejo ampliado, que inclui veículos, peças e materiais de construção, o crescimento atingiu 2,1% em relação a janeiro. Tudo indica que, em março, as vendas de automóveis tiveram mais um desempenho expressivo, com o fim da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Segundo os números da Federação Nacional dos Distribuidores de Veículos Automotores (Fenabrave), o licenciamento de automóveis e comerciais leves cresceu 18,6% sobre fevereiro, na série com ajuste sazonal calculada pela LCA Consultores.
O economista Fernando de Paula Rocha, da JGP Gestão de Recursos, calcula que se o país não crescer mais nada até o fim do ano, apenas com o registrado no primeiro trimestre e o que herdou de 2009, o PIB crescerá 4,8%. "Isso, é claro, não vai acontecer", diz. "Se o crescimento recuar de 2% para 1% entre o primeiro e o segundo trimestre e oscilar nessa faixa até dezembro, o PIB avançará 6,4%. Uma alta superior a 6% é muito fácil de ser alcançada".
O aumento do consumo motiva os analistas a projetar elevações de preços, já em alta no primeiro trimestre devido a fatores sazonais, e a aguardar uma elevação mais agressiva dos juros na próxima reunião do Copom.
Do Valor
quinta-feira, 15 de abril de 2010
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