sexta-feira, 7 de maio de 2010

Batismo de navio João Cândido no porto de Suape e inauguração de obras do PAC Habitação em Recife

O presidente Lula participante em instantes do lançamento do primeiro navio Suezmax, batizado João Cândido, construído pelo Programa de Modernização e Expansão da Frota/Programa de Aceleração do Crescimento (Promef/PAC) no estaleiro Atlântico Sul. A cerimônia será realizada a partir das 10h30 no Complexo Industrial e Portuário de Suape, na Ilha de Tatuoca (PE). O navio será batizado pelo presidente Lula ao meio-dia.

Às 12h30 o presidente segue para Recife, onde participa de cerimônia de inauguração de obras do PAC Habitação na Via Mangue 3, conjunto habitacional Zeferino Agra e Vila Imperial, e de ordem de início das obras do PAC de duplicação da BR-101, no trecho entre Palmares (PE)/Alagoas Habitacional 3, entre Presidente Nilo Peçanha e Professor Pedro Augusto.

Às 16 horas, Lula segue para o Rio de Janeiro, com chegada prevista pa

6 comentários:

  1. As tentativas de se escrever sobre o marinheiro, resgatar sua saga, foram muitas, a exemplo do barão Homem de Mello, a quem concedeu longo depoimento. Porém, o livro nunca saiu. Cansado de tantas promessas de que seria lembrado pelos seus feitos, João Cândido, por vezes, se mostrou arredio a falar sobre sua vida na Marinha. Pediu sossego, buscava o anonimato. Mas como esquecer João Cândido? O jornalista Edmar Morel mostrou sua importância para o país. Apoiado em entrevistas com João Cândido e outros marinheiros e líderes da revolta, matérias publicadas nos jornais da época, nos documentos da Marinha e no diário do navio Satélite, remontou a história quase esquecida. Deu voz ao marinheiro e a seus companheiros. Foi o único trabalho sobre sua vida que João Cândido viu publicado. O livro esteve por várias vezes nas listas dos mais vendidos, ao lado dos volumes de Jorge Amado.
    O cineasta Silvio Tendler também chegou cheio de boas intenções. Filmou João Cândido no ano de sua morte, encontrou um velho sofrido, mas ao mesmo tempo íntegro. Recuperou material sobre a revolta e falou com quem já tinha escrito sobre o assunto. Seria o primeiro filme de Tendler, não fosse a ditadura. O material foi escondido e, posteriormente, destruído. Falar no nome de João Cândido era perigoso. Mas os marinheiros lembravam-no com carinho. Eles reconheciam seu valor, sabiam que, por causa do marujo arrojado e da bravura dos seus companheiros, a chibata tinha sido abolida da Marinha do Brasil. Por causa desse reconhecimento, em 1963, a Associação de Cabos e Marinheiros deu um auxílio financeiro a João Cândido. O que durou só alguns meses. A entidade foi fechada pela ditadura militar.
    Enterro de João Cândido debaixo de tempestade, durante a ditadura militar. À frente, segurando o caixão, o filho caçula Adalberto Cândido e o jornalista Gumercindo Cabral (de paletó) e, atrás deste, parcialmente encoberto, Edmar Morel.

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  2. Expulso da Marinha, João Cândido nada recebeu do governo federal. Não teve seu cargo de volta, não teve direito à pensão, mesmo após ter servido ao país por dezessete anos. Em 1959, a Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul concedeu uma pensão de dois salários para o marinheiro gaúcho. A pensão foi o único dinheiro que João Cândido recebeu dos cofres públicos após a revolta de 1910.
    O recurso era insuficiente para sustentar a família, tendo João Cândido, mesmo doente, que trabalhar até o fim da vida. Sem aposentadoria, teve que trabalhar duro para custear as despesas da sua sofrida terceira idade. Seguiu o caminho de tantos outros idosos brasileiros, principalmente os que vivem no meio rural. Na Praça XV se misturava aos anônimos vendedores de peixe do entreposto da pesca. O salário completava a renda mensal da família. Vestia-se de forma íntegra e digna. Bem aprumado, mantinha em sua vida a ordem aprendida na Marinha. Era severo com os filhos e netos. Vez ou outra era reconhecido e ia novamente para as páginas dos jornais. Foi salvo por uma dessas reportagens, publicada no jornal Diário da Noite, quando adoeceu gravemente e não tinha nem como ser levado para o hospital. A família chamou um repórter conhecido, simpático a João Cândido. Dois dias depois da matéria publicada, uma ambulância subiu a rua de terra esburacada e levou João Cândido para ser internado num hospital.

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  3. Então, o trabalho no mercado de peixe se tornou a fonte de renda para o sustento da família, que crescia com o passar dos anos. João Cândido se casou três vezes. Foram suas companheiras, Marieta, Maria Dolores e Ana, com quem viveu até a morte. O marinheiro teve uma vida conjugal também marcada por perdas e tragédias. Em 1913, o marujo encontrou o amor e casou-se pela primeira vez. A esposa faleceu quatro anos depois. Viúvo, casou-se novamente e teve quatro filhos. A segunda mulher suicidou-se ateando fogo na roupa. Dez anos mais tarde, uma filha repetiria o ato da mãe. Ao todo, João Cândido teve 11 filhos.
    Da morada no bairro das Laranjeiras, Rio de Janeiro, onde ficou quando saiu da prisão, João Cândido foi para São João do Meriti, na Baixada Fluminense. Morou, até o fim da vida, numa rua sem asfalto, água encanada e luz elétrica. Sabedor de seus direitos, o marinheiro lutou como pôde por melhorias no bairro. Seu nome era certo nas listas de pedidos de asfalto e saneamento encaminhados à prefeitura. Mantinha sua dignidade até nas pequenas coisas. Em entrevista para o Centro de Memória Oral da Baixada Fluminense, sua filha, Zeelândia, relembrou com orgulho uma discussão de João Cândido num supermercado local por causa de um coco estragado. Ele reclamou do produto, dizendo que queria o dinheiro de volta. Negaram. João Cândido, com o produto em punho, saiu e disse que iria ao tribunal de pequenas causas. Foi alcançado já no meio da rua pelo gerente que tinha mudado de idéia. João Cândido exercia a cidadania.
    Cidadania de marujo que exerceu no adeus ao Minas Gerais, em 1953, quando o navio poderoso foi transformado em sucata. Quando soube da venda do encouraçado, João Cândido embarcou num caíque, uma pequena embarcação de pesca, e foi até o Minas Gerais. Na noite escura e silenciosa, beijou o casco do navio. Lágrimas saudosas escaparam dos olhos.

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  4. João Cândido assumiu toda a responsabilidade pela revolta da esquadra. O processo teve início em junho de 1912 e foi concluído cinco meses mais tarde. Com destreza, os advogados provaram a inocência do marinheiro e de seus companheiros. Em seu discurso, Evaristo de Morais evocou o caráter humano de João Cândido e sua revolta: “não quero suscitar paixões, mas reconheço a generosidade do proceder de João Cândido. O seu ato foi um ato humano, de justiça (...). Estivemos à sua mercê, e ele nos poupou”.
    Para cada acusação, foi apresentada uma defesa, desmontando o circo armado por oficiais para incriminar os marinheiros anistiados e ligá-los à segunda revolta, a do Batalhão Naval. João Cândido, por exemplo, era acusado de ter mudado o Minas Gerais de lugar sem ordens. A mudança, realmente, aconteceu, mas foi para tirar o encouraçado da mira de projéteis vindos da Ilha das Cobras, e foi informada, por rádio, às autoridades. Dias Martins era acusado de agredir oficiais no navio. Testemunhas desmentiram a acusação. O tribunal inocentou os marinheiros. A sentença, tardia, era de que não existia nenhuma prova contra os marujos anistiados, eles tinham sido presos injustamente.

    Homem livre, o marinheiro, que dizia que o mar era seu amigo, estava sem navio. Via o mar de longe. Com a saúde avariada, sem dinheiro, casa ou família, João Cândido, o marinheiro que ajudou a livrar o país da chibata, pensou em voltar para o Rio Grande do Sul. Escreveu para amigos de infância, mas as respostas às cartas nunca vieram. Começou, então, a procurar trabalho no Rio de Janeiro. Depois de trabalhar em navios particulares, no Brasil e no exterior, sentiu a pressão da Marinha. Bateu em portas de várias embarcações. A resposta era sempre negativa. Quando conseguia um trabalho, era só de ida. No desembarque, era dispensado. O líder da revolta da esquadra, e exímio navegador, não tinha lugar no timão.

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  5. Durante o período de internação, João Cândido dizia estar no paraíso. Tinha conquistado a simpatia dos enfermeiros, que o deixavam fazer passeios fora do hospital, ganhava presentes, inclusive cigarros e dinheiro para a compra do jornal diário.
    Em julho de 1911, João Cândido recebeu a notícia de que voltaria à prisão na Ilha das Cobras. Era o retorno para o inferno. O diretor, Juliano Moreira, atestava que nada mais justificava a permanência de João Cândido no hospital de alienados. Ele não apresentava mais nenhuma perturbação mental. E o marinheiro retornou à Ilha das Cobras, desta vez foi colocado na mesma cela onde anos antes estivera preso Tiradentes, o herói da inconfidência.
    Era o retorno de João Cândido ao isolamento, à tormenta das prisões da Marinha. As condições, no entanto, eram melhores do que as que ele encontrou no Natal de 1910. As memórias que escrevia, porém, não puderam ter continuidade, alguns escritos originais foram destruídos pelos oficiais. Foram mais meses de calvário até o marinheiro ser, enfim, julgado pelos crimes que lhe eram infringidos. João Cândido ficou 18 meses preso na Ilha das Cobras. Os companheiros sobreviventes também amargaram o isolamento. Os presos eram mantidos incomunicáveis. Numa demonstração de humanidade, a Irmandade Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos, no Rio de Janeiro, contratou três dos melhores advogados criminalistas do país para defender os marinheiros encarcerados. Evaristo de Morais, Jerônimo de Carvalho e Caio Monteiro de Barros foram os advogados de defesa de João Cândido e de outros líderes da revolta, entre eles Francisco Dias Martins e Gregório do Nascimento. Segundo Edmar Morel, no livro A Revolta da Chibata, da lista de 70 marinheiros indiciados pelo código penal da Marinha, restavam apenas dez prisioneiros na Ilha das Cobras. Os outros 60 nomes eram dados como desaparecidos, mortos por insolação ou fuzilados no navio Satélite.

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  6. Mas...que navio???O que Lulla inaugurou é só o CASCO do navio.....Como mente essa gente, hein??

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