segunda-feira, 10 de janeiro de 2011
"Falta uma estratégia de desenvolvimento"
"Não dispomos de uma estratégia de desenvolvimento no longo prazo, capaz de enfrentar os dilemas da competitividade externa e das enormes desigualdades sociais. Parte do problema está na escassa capacidade analítica de nossos economistas de plantão. Apesar de disporem de todos os dados necessários, atiram nos alvos errados."
A triste constatação é de Alexandre de Freitas Barbosa, doutor em Economia Aplicada pela UNICAMP e professor de História Econômica do Instituto de Estudos Brasileiros da USP, em artigo publicado hoje com o título "Debate econômico no país e seus fantasmas" na Folha de SãoPaulo.
Em seu texto o professor considera que no nosso debate econômico, "de um lado, estão os neoliberais clamando pelo eterno ajuste fiscal. Não custa lembrar que a sua tentativa de instaurar um novo modelo de desenvolvimento revelou-se um rotundo fracasso. Os 50 anos de industrialização puderam mais do que dez anos de pirotecnias pseudomercadistas". Do outro lado, conclui, "a nossa esquerda econômica segue obcecada por dois fantasmas: financeirização e desindustrialização."
"O primeiro grupo de economistas - analisa o especialista - compra o discurso dos regulacionistas europeus e o aplica sem as devidas mediações ao caso brasileiro. Apesar de captar parcela do que ocorreu nos anos 90, essa vertente se mostra impossibilitada de compreender o governo Lula. Vê a financeirização aninhada no topo do sistema econômico, mas não percebe vigorosa financeirização por baixo, junto com a incorporação via mercado de trabalho. O segundo grupo mira apenas no câmbio se apreciando e na indústria de transformação perdendo peso no PIB; por meio de apressada correlação, passa a entoar a ladainha da desindustrialização."
Alexandre reconhece que nossa "política cambial encontra-se fora de prumo e que segmentos da indústria brasileira têm se transformado em meros montadores", mas conclui sua excelente análise com uma pergunta muito pertinente: "será que um país que gera 2,5 milhões de empregos industriais em cinco anos, amplia os investimentos no setor e bate todos os recordes na produção de automóveis se desindustrializa?".
Não deixem de lê-lo na seção Tendências e Debates do Folhão (para assinantes) de hoje.
Blog do Zé Dirceu
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