Vale a pena ler o artigo de Gilberto Borça Jr. publicado na última edição da Visão do Desenvolvimento, uma newsletter do BNDES. Ela resgata a tese de Renhart e Rogoff (2008), que afirma que as crises financeiras sistêmicas são, com frequência, seguidas por crises de dívida soberana. No artigo, Borça analisa a origem da crise e as quatro etapas que percorreu até aqui, quando o quadro é de crise política, com a queda de vários líderes de países da Europa.
Borça afirma que a primeira fase da crise atual inicia-se em 2007 e em 2008 e se caracteriza, basicamente, por características de uma “dívida privada”. Hipotecas não quitadas estariam na base da crise do subprime, relacionada aos bancos americanos. Num segundo momento, entre 2008 e 2009, ocorre o que Borça chama de crise no sistema de crédito internacional. É nesse momento em que o Lehman Brothers quebra e outros bancos perdem capacidade de conceder empréstimos e registram prejuízos com a remarcação do valor de mercado de seus ativos hipotecários, com forte aumento nos spreads nos mercados interbancários. Esta crise bancária sistêmica se espalha dos EUA para Europa.
O resgate de instituições financeiras resulta no endividamento público
Mas é em 2010 que o que era privado se reverte em dívida soberana dos Estados, principalmente na periferia da Zona do Euro. “O aumento de gastos dos governos para o resgate de instituições financeiras, em contexto de queda da atividade econômica, leva a trajetórias insustentáveis de endividamento público.”
O artigo detalha o aumento da dívida pública em relação ao PIB de seus países. Em média, ela aumentou em mais de 30 pontos percentuais entre 2007 e 2011. A média de 13 países saltou de 76,21% do PIB em 2007 para 108,3% do PIB em 2011. A Grécia, por exemplo, saiu de 105,4% para 165,6%; Itália, de 103,6% para 121,1%; Portugal, de 68,3% para 106,0%; Mesmo os EUA saíram de 62,3% para 100%.
Agora, a crise é política
Por fim, em 2011, a crise ganha novos contornos. “Vemos a dificuldade política quanto aos acordos de consolidação fiscal e ajustamento e uma ausência de coordenação política entre os países para a adoção das medidas de consolidação fiscal.” Borça, aliás, faz questão de criticar o que chama de “imobilismos e demora nas decisões” na Zona do Euro. (Leia mais neste blog)
Blog do Zé Dirceu
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