sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Medidas de austeridade na zona do euro pioram a crise

Vale a pena ler a última edição da newsletter econômica do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Visão do Desenvolvimento. Distribuída esta semana, traz um estudo sobre a crise financeira e as incertezas da Zona do Euro. Em um texto bem fundamentado, conclui que as medidas até agora tomadas na Europa visam resolver os problemas já em curso. No entanto, carecem de um olhar prospectivo de longo alcance.

Para Gilberto Borça Jr, autor do artigo de 11 páginas, uma reestruturação do estoque da dívida grega nos moldes discutidos hoje pode não ser suficiente para garantir a sustentabilidade das contas públicas. Ele alerta que as medidas de austeridade em curso (redução de gastos públicos, corte de salário do funcionalismo público, privatizações etc) tendem "a deprimir os fluxos de receita tributária do governo". E, assim, a atividade dessas economias não se recupera.

Para o autor, é necessário atacar não apenas os problemas de estoque da dívida, como, ainda, os fluxos futuros de receitas que gerem condições para que a dívida seja honrada. “Não há ajuste fiscal bem sucedido em ambientes de crescimento anêmico”, frisa o economista.

Medidas compartilhadas
Borça recomenda medidas compartilhadas de ajuste na Zona do Euro, para evitar maiores custos para o nível de atividade econômica de seus países. E lamenta que, em um arranjo monetário de moeda única, não haja a possibilidade de utilização de desvalorizações cambiais nominais como mecanismo restaurador de competitividade externa desses países.

Portanto, sugere como alternativa de curto prazo a implementação de um ajuste por meio de medidas restritivas capazes de reduzir os custos domésticos (“deflação interna”). Cobra, ainda, uma ação mais pró-ativa da Alemanha na solução da crise: “Essa dinâmica será tão menos custosa quanto maior for o auxílio do ajustamento pelos países superavitários (leia-se Alemanha)”.

Segundo o economista, o ajuste na periferia europeia pode ser mais suave se for acompanhado por uma política expansionista de gastos domésticos da Alemanha. (Leia mais neste blog)


Blog do Zé Dirceu

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