29 maio 2015 Miguel do Rosário
É muito importante espalhar essas informações e esse vídeo, sobretudo às vésperas do Judiciário tentar aplicar mais algumas violentas garfadas no bolso do contribuinte.
Na Suécia, juízes, além de ganhar salários menores do que os nossos, não tem nenhuma contribuição extra. Nenhuma mordomia.
Pagam seu próprio aluguel.
Pagam seu próprio almoço.
Não recebem nenhuma ajuda para o transporte.
O presidente da suprema corte vai de bicicleta ao trabalho.
Entende-se que o salário do juiz lhe permite perfeitamente pagar sua refeição do próprio bolso.
Não ganham nada além do salário. Bem diferente daqui, onde os juízes acumulam tantas rendas extras (que inclusive não são tributáveis), que chegam a ganhar perto R$ 100 mil, ou mais, num único mês.
Se olharmos essa renda, em salários mínimos, na Suécia e aqui, a disparidade será brutal!
Na Suécia, não há nenhum Joaquim Barbosa a gastar R$ 90 mil de dinheiro público reformando seu próprio banheiro.
O livro da Claudia Wallin, “Um país sem mordomias”, conta que os suecos entenderam que a melhor forma de acabar com a corrupção não é endurecendo as punições. Ao contrário, as punições são brandas.
O que eles valorizam é acabar com a impunidade, o que é bem diferente.
A luta contra a corrupção na Suécia, diz o livro de Wallin, começou pela redução das desigualdades de renda, para a qual contribui um sistema tributário baseado num conceito rígido de justiça fiscal: a sonegação é um crime gravíssimo e os ricos pagam mais impostos.
A qualidade da mídia é financiada, por exemplo, por um imposto voltado especificamente para esse fim: patrocinar uma TV pública de altíssima qualidade, que produz reportagens investigativas contra as próprias autoridades, sem transformar isso – como aqui – em conspirações políticas-judiciais para derrubar governos.
Outro fator fundamental na luta contra a corrupção foi a eliminação das mordomias para todo o serviço público: em especial para políticos e juízes. Entende-se que qualquer mordomia, ao colocar uma autoridade em situação de desigualdade em relação ao cidadão comum, estimula a corrupção.
A Suécia é campeã em transparência, em todos os níveis, incluindo os gastos do Judiciário.
Por fim, adotam um método que o Brasil também deveria seguir: em algumas obras mais custosas, onde sabem que haverá tentações, monta-se uma agência responsável por vigiar possíveis desvios naquele caso específico.
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Vídeo: Como vive um juiz da Suprema Corte da Suécia
Por Claudia Wallin, em seu blog Cartas da Suécia.
“Não almoço às custas do dinheiro do contribuinte”, diz um dos juízes da Suprema Corte da Suécia, Göran Lambertz, quando pergunto a ele se magistrados suecos têm direito a benefícios como auxílio-alimentação.
Nenhum juiz sueco têm direito a auxílio-moradia, auxílio-saúde, auxílio-alimentação, abono de permanência, prêmios, gratificações extras ou carro oficial com motorista. Em números atualizados, os salários dos magistrados suecos variam entre cerca de 15 mil e 30,2 mil reais.
“Luxo pago com dinheiro do contribuinte é imoral”, rebate Lambertz, que todo dia pedala até a estação ferroviária e pega um trem para o trabalho – na instância suprema do Poder Judiciário.
O Cafezinho
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