QUI, 28/05/2015 - 16:35
ATUALIZADO EM 28/05/2015 - 17:46
Jornal GGN - Nos últimos anos, a indústria brasileira de defesa tem ganhado maior atenção do governo federal, que sem interferir politicamente nos assuntos de segurança nacional está incentivando projetos inovadores.
Um exemplo disso é o acordo com a sueca Saab para desenvolver no Brasil o caça de quarta geração Gripen NG.
Outro exemplo é a parceria com o governo da França no desenvolvimento de quatro submarinos convencionais e um de propulsão nuclear, assunto que foi tema de debate no 59º Fórum de Debates Brasilianas.org.
De acordo com contra-almirante Sydney dos Santos Neves, gerente do Empreendimento Modular de Obtenção dos Submarinos Convencionais da Marinha do Brasil, o projeto original (de 2008), do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB) tinha um valor de € 6,7 bilhões.
“Uma parte é financiada por um consórcio de bancos. E outra vem da União – e está sujeita aos contingenciamentos da União”, disse. Ainda assim, ele espera que o programa não seja impactado pelos cortes orçamentários.
Assim, será possível cumprir o cronograma de entrega, que prevê a conclusão de um estaleiro até o final deste ano, um estaleiro de manutenção ao final de 2017 e uma área nuclear até 2021. Tudo isso em um único lugar, a base do projeto em Itaguaí (RJ). “Em 2025 ele [o submarino de propulsão nuclear] vai para o mar”, garantiu o contra-almirante.
E não é apenas o desenvolvimento em solo nacional de uma tecnologia de ponta. Há de se considerar todas as externalidades positivas, ou seja, os benefícios para toda uma cadeia de valor.
Apenas no projeto do submarino nuclear, são 145 engenheiros empregados. “Esse número no pico deve chegar a 400 engenheiros e técnicos”, prevê Santos Neves.
Como um todo, o PROSUB tem 1600 pessoas envolvidas. A maior parte oficiais da Marinha, mas também civis. “Só oficiais não conseguem fazer tudo. Então, estão sendo abertos concursos públicos também”, disse o contra-almirante.
Mas não são só empregos diretos. Atualmente, 600 empresas estão envolvidas no processo. “A participação da indústria nacional no projeto se dá nos itens que ela dispõe para oferecer e nas áreas onde há interesse estratégico de transferência tecnológica”, explicou Santos Neves.
“Há 56 projetos prioritários, dos quais 20 estão em execução e 27 em análise”, o restante está em fases mais iniciais, de busca de investimentos ou formulação de contratos.
Para o contra-almirante Santos Neves, as empresas buscam participar do programa até como um desafio e uma oportunidade para crescer. “Mas o fato real é que a empresa se sustenta por encomenda. Então, a gente tem que seguir esse projeto. Não pode parar nesse primeiro submarino”, suplicou.
“É o maior programa da Marinha nos últimos tempos e um dos maiores do Brasil na área de defesa, construção civil e desenvolvimento. Hoje eu vejo que o passo foi até ousado demais. Mas deu certo. Na medida em que o Prosub avança, seus resultados técnicos e tecnológicos comprovam que estamos vencendo esse complexo desafio”.
Para viabilizar o desenvolvimento, o governo brasileiro foi buscar a ajuda da França, em um acordo feito entre os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Nicolas Sarcozy, assinados pelos ministros da Defesa dos dois países e pelas Forças Armadas. “Não havia necessidade de fazer todo o submarino na França para aprender. Pegamos aproximadamente um terço e trouxemos para o Brasil para terminar. O projeto se mostrou bem sucedido e com base nisso nós multiplicamos o conhecimento”.
O aspecto nuclear do projeto não envolve a França. “O programa nuclear da Marinha já tem décadas”.
Além dos submarinos convencionais e do nuclear, o projeto prevê contratos para o desenvolvimento de torpedos e despistadores de torpedos, além da construção da base naval.
As bases conceituais são: a qualificação de pessoal em novas tecnologias, geração de emprego e o desenvolvimento da indústria nacional.
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