02/06/2015
por Tereza Cruvinel
Banco pedirá ressarcimento de desvio menor que o apontado por Barbosa
O Banco do Brasil está elaborando a ação em que pedirá o ressarcimento dos recursos do fundo Visanet que teriam sido desviados para a agência de publicidade DNA, de Marcos Valério. A afirmação do relator Joaquim Barbosa, de que foram transferidos para a DNA R$ 73,8 milhões por serviços não executados, é a espinha dorsal de sua tese de que o chamado mensalão foi um esquema de desvio de recursos públicos para financiar a compra de votos no Congresso. A ação do BB ainda não está pronta mas é certo que pedirá um ressarcimento de valor bem menor. E só fará isso quando Pizzolato for extraditado para o Brasil, se perder o recurso que corre na justiça italiana.
A equipe jurídica já encontrou comprovantes da execução de muitos dos serviços que deveriam ter sido prestados pela agência que atendia o banco na divulgação dos cartões de bandeira Visa. A equipe trabalha com elementos do inquérito 2474, que Barbosa manteve sob sigilo enquanto esteve no STF, e com dados da contabilidade e do acompanhamento de execução de contratos do próprio banco. Além do mais, as transferências não foram autorizadas apenas por Pizzolato, o que também o favorecerá.
A conclusão de que não houve o desvio que Barbosa transformou em peça fundamental da AP 470 pode não alterar a pena da maioria dos condenados mas pode fortalecer os processos de revisão criminal pelo menos em favor de Pizzolato, Marcos Valério e os publicitários Ramon Hollerbach e Cristiano Paz, estes últimos ainda cumprindo pena em regime de prisão fechada.
Mas ainda que os impactos penais inexistam, a diferença de valores demonstrará o quanto Barbosa pesou a mão para envenenar a opinião pública em relação ao caso do chamado mensalão, embora a compra de votos nunca tenha sido provada. Onze parlamentares receberam recursos do valerioduto mas com onze o governo não formaria a maioria de que precisou para aprovar as reformas da Era Lula.
Tereza Cruvinel atua no jornalismo político desde 1980, com passagem por diferentes veículos. Entre 1986 e 2007, assinou a coluna “Panorama Político”, no Jornal O Globo, e foi comentarista da Globonews. Implantou a Empresa Brasil de Comunicação - EBC - e seu principal canal público, a TV Brasil, presidindo-a no período de 2007 a 2011. Encerrou o mandato e retornou ao colunismo político no Correio Braziliense (2012-2014). Atualmente, é comentarista da RedeTV e agora colunista associada ao Brasil 247.
Blog da Tereza Cruvinel - Brasil 247
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