SEX, 07/08/2015 - 19:37
A denúncia que chega a Sergio Moro é contra ex-diretores, um executivo e lobistas. Mas a sustentação para os pedidos de condenação é o esquema do PMDB na estatal
Jornal GGN - Depois que o juiz Sergio Moro justificou ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, que fazer menção a Eduardo Cunha, presidente da Câmara, em processos da Lava Jato não é interferir no processo contra ele que tramita na Suprema Corte, o Ministério Público Federal não exitou em citar o PMDB na denúncia contra Jorge Zelada, ex-diretor da Petrobras.
Nas 34 páginas de denúncia, o PMDB de Cunha e Renan Calheiros, presidente do Senado, é citado como fio condutor dos indícios de evasão de divisas, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro de seis pessoas, entre ex-diretores e lobistas ligados ao partido.
O ex-diretor da Petrobras Jorge Zelada, o ex-diretor geral da área internacional da estatal Eduardo Vaz da Costa Musa, os lobistas Hamylton Pinheiro Padilha Junior, Raul Schmidt Felippe Junior e João Augusto Rezende Henriques e o executivo Hsin Chi Su (Nobu Su) são suspeitos de pagamento e recebimento de propina no contrato do navio-sonda Titanium Explorer com a Petrobras no valor de US$ 1.816.000, em benefício da americana Vantage Drilling,
Segundo o MPF, os lobistas eram as figuras chave de negociação para o acerto do contrato. Hamylton Padilha seria o responsável por pagar parte destinada ao ex-diretor Eduardo Musa. Raul Schmidt realizou os pagamentos em favor de Zelada, enquanto João Augusto Rezende Henriques distribuiu a vantagem indevida ao PMDB, que teria recebido US$ 10 milhões.
"Raul Schmidt Felippe Junior informou a Hamylton Padilha que nesta negociação o interlocutor direto sobre o tema de propina seria João Augusto Rezende Henriques, ex-funcionário da Petrobras e conhecido como um lobista ligado ao PMDB, partido que dava sustentação política para Zelada permanecer no cargo", afirma a denúncia do procurador Deltan Dallagnol.
"O pagamento de vantagem indevida destinada ao partido PMDB ocorreu por intermédio do lobista João Augusto Rezende Henriques mediante um segundo contrato de Comission Agreement também no valor de U$ 15.500.000,00 (quinze milhões e quinhentos mil dólares), que foi assinado na mesmo ano do primeiro, entre a sociedade VALENCIA DRILLING CORPORATION (Marshall Islands), empresa subsidiária do Grupo TMT e uma offshore indicada por João Augusto", completou.
Zelada foi indicado pelo PMDB para o cargo de diretoria da Petrobras.
Apesar de não citar Cunha, a mais recente denúncia do MPF deixa claro que os crimes cometidos na contratação dos navios-sonda já foram objeto de outra denúncia, com base nas delações de Julio Camargo, da Mitsui, e do doleiro Alberto Youssef. Ambos confirmaram o pagamento de cerca de US$ 40 milhões como propina para a diretoria internacional, então comandada por Nestor Cerveró. Segundo os delatores, destes valores US$ 5 milhões eram destinados ao PMDB.
Na referida delação, realizada em outubro de 2014, o nome de Eduardo Cunha é mencionado diretamente. O doleiro Youssef disse aos investigadores que Paulo Roberto Costa havia intermediado o aluguel do navio plataforma junto à área internacional, em contrato formalizado entre a Samsung e a Petrobras, com participação da Mitsui e que "para viabilizar a assinatura do contrato com a Samsung foi demandado que Julio Camargo repassasse para o PMDB um percentual de vantagem indevida a integrantes do partido PMDB, notadamente o deputado federal Eduardo Cunha".
Nos seis pedidos de condenação, enviados ao juiz Sergio Moro nesta quarta-feira (05), os procuradores solicitam a prisão de dois que, durante toda a denúncia do MPF, têm relações diretas com o PMDB, sendo responsabilidade desses operadores os repasses de propina ao partido. Se a Justiça Federal do Paraná acatar a denúncia contra Raul Schmidt e João Augusto Rezende Henriques, novas sustentações cercam as investigações contra os políticos do PMDB investigados pelo STF, como Eduardo Cunha e Renan Calheiros.
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