O Ibovespa dispara novamente nesta terça-feira, 1º, fazendo 6% de alta em dois dias em um movimento que em sua maior parte se dá pela recuperação das bolsas norte-americanas; às 16h39, o benchmark da Bolsa brasileira subia 2,82%, a 43.999 pontos; já o dólar comercial vira novamente para queda de 1,45% a R$ 3,9456 na venda, enquanto o dólar futuro para abril registra perdas de 2,00% a R$ 3,974
1 DE MARÇO DE 2016 ÀS 17:48
Ricardo Bomfim, do Infomoney -O Ibovespa dispara novamente nesta terça-feira (1), fazendo 6% de alta em dois dias em um movimento que se dá tanto por conta da recuperação das bolsas norte-americanas quanto por conta do cenário político. Hoje, um novo capítulo da novela política brasileira foi escrito após executivos afirmarem em delação premiada que aAndrade Gutierrez pagou ilegalmente adívida de campanha da presidente Dilma Rousseff. Com isso, ganha força a tese de cassação da chapa Dilma-Temer e a convocação de novas eleições pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Às 16h39 (horário de Brasília), o benchmark da Bolsa brasileira subia 2,82%, a 43.999 pontos. Já o dólar comercial vira novamente para queda de 1,45% a R$ 3,9456 na venda, enquanto o dólar futuro para abril registra perdas de 2,00% a R$ 3,974. No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2017 tem queda de 16 pontos-base a 14,02%, ao passo que o DI para janeiro de 2021 cai 20 pontos-base a 15,43%.
Para Cassiano Leme, gestor da Constância Asset, os fundamentos da economia brasileira não mudaram, de modo que a recuperação destes dois dias parece ter um caráter efêmero. Contudo, diante do cenário atual de retomada de risco nos mercados internacionais e aperto de cerco em torno do governo, uma melhora pode ocorrer no futuro. "Se houvesse uma troca de governo teríamos uma retomada forte de credibilidade. Na Argentina, por exemplo, o mercado começou a subir antes do [presidente Mauricio] Macri ser eleito", lembra.
Para ele, a probabilidade é de difícil cálculo, mas dá para ter certeza de que se houver uma cassação, a Bolsa vai seguir em alta. No curto prazo, por outro lado, é volatilidade. O mercado vai repercutir cada nova notícia política de maneira histérica. "Os fundamentos não ajudam, então excluída uma mudança importante no cenário político, não há como acreditar que esse rali continue", explica.
Odebrecht
O empreiteiro Marcelo Odebrecht deu sinal verde para que diretores e ex-executivos da Odebrecht façam delação premiada. Ele não apresentou resistência ao ser informado que eles estudam colaborar com a Justiça. Contudo, Marcelo resiste em ser ele mesmo um delator. Segundo uma fonte que conviveu com ele nos últimos anos e ouvida pela colunista Mônica Bergamo afirmou que, se um dia ele viesse a assinar acordo de delação, não seria seletivo. Ou seja, não falaria apenas sobre o PT.
Ações em destaque
As ações da Vale (VALE3, R$ 12,80, +8,38%; VALE5, R$ 9,16, +7,01%) sobem impulsionadas pela alta do minério de ferro. A commodity spot com 62% de pureza e entrega no porto de Qingdao subiu 3,7% a US$ 51,44 a tonelada seca. No radar da mineradora, o acordo entre Samarco, joint venture entre a Vale e a BHP Billiton, e as autoridades brasileiras foi adiado para quarta-feira à espera de documento das sócias, disse uma pessoa com conhecimento direto do assunto à Bloomberg.
Os papéis da Petrobras (PETR3, R$ 7,60, +3,40%; PETR4, R$ 5,29, +2,92%), por sua vez, voltam a subir forte após o petróleo voltar a ter ganhos. O barril do WTI (West Texas Intermediate) tem alta de 1,75% a US$ 34,32 ao mesmo tempo em que o barril do Brent registra alta de 0,49% a US$ 36,75. A commodity chegou a cair no começo da tarde, mas se recuperou com notícia de que a Rússia está perto de um acordo para congelar a produção de petróleo.
Segundo a agência Tass, Putin falou após uma reunião com representantes do setor e garantiu que um acordo internacional está perto. Putin disse que o ministro da Energia russo, Alexander Novak, conduz negociações sobre o congelamento da produção e "praticamente chegou a um acordo com parceiros no mercado global". O presidente russo afirmou que os parceiros concordam com esse congelamento. "Alguns têm propostas ainda mais radicais."
Além disso, de acordo com informações da Bloomberg, a companhia pode deixar mercado de títulos de lado após o empréstimo chinês de US$ 10 bilhões anunciado na sexta-feira. A equipe de análise da XP Investimentos lembra que isso ajuda a companhia no curto prazo, 2016, mas não resolve o problema de alavancagem e elevado endividamento da companhia.
Por outro lado, caem as ações de Fibria (FIBR3, R$ 42,65, -3,07%) e Suzano (SUZB5, R$ 16,19, -1,88%). As duas produtoras de papel e celulose possuem perfil exportador e, portanto, são prejudicadas quando há uma queda do dólar, já que ela significa uma redução nas receitas das duas companhias.
Lula
O ex-presidente entrou com um habeas corpus preventivo na última segunda-feira para não ser conduzido ao Ministério Público de São Paulo. Segundo a assessoria de imprensa do Instituto Lula, ele protocolou o HC junto com as explicações escritas a respeito da investigação sobre o seu suposto triplex e não irá falar em audiência por conta de infrações cometidas pelo MP. Entre elas, a falta de distribuição da representação criminal a um promotor de justiça da área e um suposto prejulgamento ou antecipação de juízo de valor por causa da entrevista que o promotor Cássio Roberto Conserino concedeu à revista Veja manifestando que iria denunciar Lula e sua esposa, Marisa Letícia, sem que a investigação estivesse concluída e sem ter dado oportunidade de manifestação ao casal.
PMI Brasil
O Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) medido pelo HSBC mostrou uma queda da atividade da indústria brasileira de 47,4 pontos em janeiro para 44,5 pontos em fevereiro. Trata-se do 13º mês de contração apontada pelo PMI industrial brasileiro. "Em meio a evidências de uma economia cada vez mais frágil e uma consequente queda na demanda, o nível de novas encomendas recebidas pelas indústrias brasileiras caiu em fevereiro", diz a empresa em relatório.
Reunião do Copom (1º dia)
Começa hoje a reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), que definirá amanhã qual será a taxa de juros do Brasil. As expectativas são de que haja uma manutenção da Selic em 14,25%, mas o comunicado pode dar novas indicações para o futuro. Em relatório, o Itaú Unibanco projeta que por conta da inflação surpreendendo para cima nos últimos meses e da recessão severa, o Banco Central não poderá elevar os juros por enquanto, mas com o arrefecimento da inflação no fim do ano, devemos fechar 2016 com Selic a 12,75%.
Pedaladas fiscais
O ministro do TCU (Tribunal de Contas da União) Augusto Nardes e o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, participam de audiência pública sobre a prestação de contas da presidente da República no exercício de 2014. Em questão, as manobras contábeis que ficaram conhecidas como 'pedaladas fiscais', segundo a Agência Senado. A audiência está marcada para 15h00.
China divulga PMIs
O PMI oficial caiu para 49,0 em fevereiro ante 49,4 em janeiro e abaixo da marca de 50 que separa crescimento de contração. Economistas consultados pela Reuters esperavam queda para 49,3. Já o PMI de indústria do Caixin/Markit, que foca mais em empresárias privadas pequenas e médias, mostrou que a atividade contraiu pelo 12º mês seguido. O índice caiu para 48,0, abaixo da expectativa de 48,3 e do dado de janeiro de 48,4. Por sua vez, o PMI oficial de serviços da China caiu de 53,5 em janeiro para 52,7 em janeiro, ainda em território de expansão mas a leitura mais fraca desde o final de 2008.
Super-terça nos EUA
Acontece nesta terça a chamada "Super Terça" das eleições norte-americanas, quando 12 estados realizarão suas primárias. O evento pode levar os investidores a entrar em pânico sobre quem será o candidato presidencial de cada partido, segundo a NBC News. O mercado tenta aproveitar esta data para tentar realmente começar a projetar a disputa de novembro, com a proximidade de uma definição sobre cada candidato. De acordo com a publicação, a tendência neste dia é de forte oscilação das ações, com os papéis caindo no início do dia, para depois iniciarem uma recuperação, deixando o mercado sem direção definida. Tudo isso porque os investidores tendem a se proteger mais e evitarem qualquer posição antes de uma definição sobre a disputa eleitoral.
Cenário externo
As bolsas chinesas subiram nesta terça-feira após o banco central do país cortar a taxa decompulsório bancário na segunda-feira, em seu esforço mais recente para sustentar a economia. O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, avançou 1,85%, enquanto o índice de Xangai teve alta de 1,71%.
Porém, os ganhos foram limitados pelos PMIs decepcionantes dos setores de indústria e serviços, que destacaram os desafios enfrentados pela segunda maior economia do mundo. No restante do continente, as ações também foram impulsionadas pelo afrouxamento monetário na China junto às pesquisas fracas do país, aumentando as esperanças de medidas de estímulos adicionais.
O japonês Nikkei fechou em alta de 0,37%, enquanto Hang Seng subiu 1,55%. Na Europa, o dia também foi de ganhos, revertendo baixa da abertura. O FTSE subiu 0,92%, o DAX teve ganhos de 2,33% e o CAC 40 fechou em alta de 1,23%. Entre os dados econômicos, a taxa de desemprego na zona do euro caiu de 10,4% em dezembro para 10,3% em janeiro, no seu nível mais baixo desde agosto de 2011.
Brasil 247
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