POR FERNANDO BRITO · 10/04/2017
Salvo por um site de extrema-direita, que parece ter linha direta com a sala de audiências onde Sérgio Moro faz seus interrogatórios, não se sabe o que está dizendo o sr. Marcelo Odebrecht.
Não se sabe, mas se imagina, porque a finalidade de sua delação é confirmar os fatos que já compunham as “convicções” da República de Curitiba sobre Lula e que – ao contrário de outras revelações surgidas ao longo deste processo, onde é o enriquecimento pessoal o objetivo dos pagamentos – só mostram o que todo mundo sabe mais ou menos desde a construção da Sé de Braga: que a política no Brasil funciona com financiamento empresarial.
O fato deprimente é que a vida brasileira, a democracia, as instituições e – afinal – a nossa capacidade de decidir o que é melhor e mais jutos para o Brasil esteja a depender de histórias convenientes de um cidadão que já demonstrou que seu império empresarial financiava partidos e políticos de todos tipos e envergadura, em caixa 1, 2, 3, 4 e tanto quanto forem inumeráveis para atividades políticas.
Tudo isso é tão absurdo que já se percebe um enfado da população com um processo sem fim, que excita apenas jornais e blogs, porque a sabedoria popular já percebeu que todo este processo só a empobreceu, desempregou e paralisou as obras que faziam no país.
Tudo o que se vê é morbidez encarceradora e uso político dos processos de “investigação” que, na essência, dependem apenas dos que dizem os empresários, “amaciados” por meses de cadeia e encantados com a possibilidade de continuarem ricos, poderosos e fruindo de tudo isso ao cumprirem a condição de sua anistia mal disfarçada: delatar tal e qual se deseja que delatem.
O Brasil está destroçado e não tem como se recuperar nesta aventura policial-judicial em que está metido. Da Polícia Federal aos ministros do Supremo o poder está entregue a castas cuja natureza autoritária e prepotente não combinam com a democracia.
Talvez ele negue hoje, convertido que está ao “lavajatismo”, mas me recordo muito bem de uma frase do deputado Miro Teixeira, outrora um parlamentar importante: “quem é louco de deixar a polícia governar o Brasil?”
Acrescente-se uma toga aos coletes e você verá que andamos assim.
E andamos para trás.
Tijolaço
Nenhum comentário:
Postar um comentário