DOM, 16/04/2017 - 11:45
Jornal GGN - Eliana Calmon, ministra aposentada do Superior Tribunal de Justiça e ex-corregedora nacional de Justiça, disse em entrevista à Folha, segundo edição desse domingo (16), que a Lava Jato ainda não chegou ao Judiciário por uma questão de "estratégia". A ideia é deixar a corrupção do setor para uma etapa final da operação, para não enfraquecer as investigações.
"No meu entendimento, a Lava Jato tomou uma posição política. É minha opinião pessoal. Ou seja, pegou o Executivo, o Legislativo e o poder econômico, preservando o Judiciário, para não enfraquecer esse Poder. Entendo que a Lava Jato pegará o Judiciário, mas só numa fase posterior, porque muita coisa virá à tona. Inclusive, essa falta tem levado a muita corrupção mesmo. Tem muita coisa no meio do caminho. Mas por uma questão estratégica, vão deixar para depois."
Calmon também disse que a Lava Jato, assim como a legislação brasileira sobre corrupção, precisa ser aprimorada. E avaliou que, hoje, graças à operação, a maioria do Judiciário entende que precisa agir com o ativismo de Sergio Moro para entregar resultados.
"Hoje, o Judiciário está convicto de que precisa funcionar para punir. Essa foi a grande contribuição que o juiz Sergio Moro deu para o Brasil. Eu acredito que as coisas vão funcionar melhor, mas ainda com grande dificuldade. (...) Hoje, o Judiciário mudou inteiramente. Todo mundo quer acompanhar o sucesso de Sergio Moro. Os ventos começam a soprar do outro lado. Antigamente, o juiz que fosse austero, que quisesse punir, fazer valer a legislação era considerado um radical, um justiceiro, como se diz. Agora, não. Quem não age dessa forma está fora da moda. Está na moda juiz aplicar a lei com severidade."
Para a ministra, "houve alguns excessos" na Lava Jato "porque o âmbito de atuação foi muito grande. Muitas vezes o excesso foi o receio de que a investigação fosse abafada. Acho que esses excessos foram pecados veniais. Como ministra, vi muitas vezes o vazamento de informações saindo da Polícia Federal e nada fiz contra a PF porque entendi qual foi o propósito."
Leia a entrevista completa aqui.
Jornal GGN
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