3 de Abril de 2017
Tereza Cruvinel
Com mais de 94% das urnas apuradas no Equador, o candidato do presidente Rafael Corrêa, Lenin Moreno, teve sua vitória oficializada na noite deste domingo. Ele obteve 51,07% dos votos apurados, contra 48,93% do financistas conservador Guillermo Lasso. No primeiro turno, os governistas enfatizaram a importância da garantia de governabilidade e conquistaram a maioria na Câmara, elegendo 74 das 137 parlamentares. Sem maioria parlamentar, governos de esquerda estão fadados a enfrentar crises como a que levou à derrubada de Dilma Rousseff ou à confronto em curso na Venezuela, entre o Legislativo dominado pela oposição e o governo de Nicolás Maduro.
A vitória de Moreno, no momento em que a direita avança em países do continente, como na Argentina, no Brasil e na Venezuela, confere novo fôlego às forças progressistas e à esquerda latino-americana. Ele foi o vice de Corrêa em seus dois mandatos e o foco de sua campanha foi na manutenção e aprofundamento das políticas de inclusão social, redução das desigualdades e fortalecimento da integração continental, apesar do contencioso Mercosul-Venezuela. Cadeirante desde que levou um tiro durante um assalto, Moreno apresentou também uma plataforma específica para a inclusão das pessoas com deficiências.
O adversário Lasso, banqueiro e filho da elite, representa o poder econômico do Equador e fez uma campanha pregando reformas neo-liberais e redução do Estado, em perfeita sintonia com os governos de Michel Temer no Brasil e de Macri na Argentina.
Quase todos os institutos de pesquisa do Equador erraram feito na pesquisa de boca de urna, apontando vitória de Lasso, que ainda pode pedir recontagem de votos em função da diferença apertada.
Do outro lado do mundo, quem respirou aliviado com o resultado foi Julian Assange, o criador do WikiLeaks, que o governo do Equador abriga em sua embaixada em Londres há quase cinco anos. Lasso havia anunciado que revogaria a concessão do asilo, o que poderia representar a extradição de Assange.
O presidente Nicolás Maduro também deve ganhará com o resultado no Equador, pois continuará contando com o apoio de um vizinho, no momento em que a OEA, o Mercosul e boa parte da comunidade internacional censuram seu governo pela tentativa da suprema corte de reduzir poderes do Parlamento.
Brasil 247
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