TABELA 1 - Dívida Bruta em US$ bilhões
2009
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2010
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2011
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2012
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2013
|
2014
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2015
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2016
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57,47
|
69,43
|
86,79
|
95,96
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114,24
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136,04
|
126,16
|
118,37
|
Fonte: Relatórios anuais Petrobras
(Observação: apresentamos a divida da Petrobras em US$ tendo em vista que 80% do endividamento da empresa é em moeda estrangeira, principalmente US$, portanto é a melhor moeda para retratá-la)
Com a descoberta do pré-sal (2005) a Petrobras planeja o seu desenvolvimento e produção. Entre 2010 e2014 aempresa investiu mais de US$ 200 bilhões (média superior a US$ 40 bilhões ano), notadamente no pré-sal, e esta é a principal origem da dívida da empresa.
Neste período (2010/2014) adotou-se políticas de conteúdo local para o desenvolvimento da indústria naval e de petróleo, treinamento e geração de empregos. Montante proporcional de impostos foram gerados para a União os Estados e os Municípios.
Segundo a Associação Brasileira de Engenharia Industrial (ABEIN) para cada US$ 1000 investidos pela Petrobras, são gerados cerca de US$ 650 em investimentos de outros setores, o que demonstra a importância dos investimentos da Petrobras para o país.
No final de 2014, ainda no governo Dilma, com o surgimento da Operação Lava Jato e tornados públicos os problemas de corrupção contra a Petrobras, todo o processo de investimentos foi freado subitamente.
Com a evolução cambial em 2015, quando o dólar subiu de R$ 2,66 (Dez/2014) para R$ 3,95 (Dez/2015), a dívida da empresa em reais subiu de R$ 351 bilhões para R$ 492 bilhões. Aproveitando-se desta situação parte da mídia criou o mito de que a Petrobras teria uma dívida impagável, a maior dívida entre todas as grandes petroleiras.
Primeiro é preciso lembrar que as grandes reservas de petróleo do mundo pertencem aos Estados Nacionais, cujas estatais não precisam revelar o nível de seus endividamentos. As disponibilidades de financiamento são articuladas estrategicamente com a política monetária, a administração da reserva e da balança comercial nacionais.
A comparação feita pelo cartel da mídia empresarial corporativa é com a chamadas “majors”, Chevron, Exxon, BP, Shell e Total, que são empresas em severa decadência de produção, reservas e geração de caixa. [2] A dívida delas é inferior à da Petrobras porque elas não têm bons projetos para investir. Se alguma delas tivessem acesso a províncias como a do pré-sal, suas dívidas seriam compatíveis e até maiores do que a dívida da Petrobras.
Um parâmetro didático para entender a capacidade de endividamento é simular um empréstimo imobiliário. Se você informar que dispõe de uma renda bruta anual de R$ 100 mil, o sistema dirá que você pode obter um empréstimo superior a R$ 200 mil. Sem nenhuma dificuldade. No caso da Petrobras, o empréstimo ainda possibilita o aumento da produção e da renda anual, diferente do seu caso como assalariado, o que torna ainda mais fácil a administração da dívida.
Vamos comparar a receita da Petrobras com sua dívida, em reais:
TABELA 2 – Receita Bruta e Dívida Bruta em R$ bilhões
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2012
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2013
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2014
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2015
|
2016
|
DIVIDA BRUTA
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196,10
|
267,61
|
350,85
|
492,65
|
384,99
|
RECEITA BRUTA
|
353,07
|
387,78
|
425,35
|
414,86
|
373,8
|
Verificamos que a dívida da Petrobras só foi superior à receita em 2015 em função da forte elevação cambial e em 2016 devido a uma estranha queda de receita ainda não bem explicada pela empresa, e que será motivo de análise em próximos artigos.
De qualquer forma, é evidente que a capacidade de gerar receita é compatível com o endividamento. Por isso não faltam recursos quando a Petrobras acessa os mercados de crédito nacional e internacional.
Evidentemente pode existir concentração de amortização da dívida em alguns exercícios. Para a Petrobras as amort
izações da dívida estão dispostas da seguinte forma:
TABELA 3 – Prazos de amortização em R$ bilhões
|
2017
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2018
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2019
|
2020
|
2021
|
>2022
|
Total
|
MONTANTE
|
31,80
|
36,56
|
68,11
|
53,17
|
61,20
|
134,16
|
384,99
|
Nota-se que existe alguma concentração de amortizações em 2019 e 2020, mas nada preocupante pois existe tempo para a empresa se preparar através da rolagem de dívidas e/ou assumindo novos empréstimos, além amortização a partir da pujante geração de caixa. Para isto serve a diretoria financeira.
Sendo que os investimentos no pré-sal foram feitos a partir de 2010 (vide tabela 1), e a maturação dos projetos na área de petróleo levam dez anos, é de se esperar que a partir de 2020 o retorno dos investimentos comece a aparecer.
O quadro de Usos e Fontes do PNG 2017/2021 mostra isto:
A geração operacional de caixa (US$ 158 bilhões) no período, representa uma média anual superior a US$ 30 bilhões por ano.
Olhando a geração operacional dos últimos exercícios nós temos o seguinte
:
TABELA 4 – Geração Operacional de Caixa US$ bilhões
2012
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2013
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2014
|
2015
|
2016
|
27,4
|
26,3
|
26,6
|
25,9
|
26,1
|
A geração operacional tem girado em torno de US$ 26 bilhões. Como o “Usos e Fontes” do PNG 2017/2021 indica uma média de geração anual em torno de US$ 30 bilhões, podemos estimar que na ponta (2020/2021) a geração estará em torno de US$ 35 bilhões, gerando um excedente significativo para a amortização da dívida.
Ocorre que a atual administração da Petrobras quer reduzir a dívida o mais rápido possível, mesmo fora do tempo adequado para isto. Antecipou de 2020 para 2018 a meta de redução da alavancagem, medida pela razão entre a dívida liquida e a geração de caixa, em 2,5. Sem a antecipação da meta não seria necessário privatizar os US$ 19,5 bilhões em ativos até 2021. A antecipação da meta foi a forma encontrada para justificar o massivo desinvestimento, a toque de caixa.
Analisando a Tabela 1, verificamos que em 2015, ainda no governo Dilma, a dívida foi desnecessariamente reduzida em US$ 10 bilhões. Em 2016 além de uma redução da dívida em US$ 8 bilhões, por pressão do governo a Petrobras adiantou R$ 20 bilhões (US$ 6 bilhões) para o BNDES aliviar seu caixa. Em função disto ocorreu uma forte redução de importantes investimentos em 2015 e 2016.
Ainda mais, baseado nesta pretensa necessidade de redução de dívida, em 2016 foram vendidos ativos no valor de US$ 13 bilhões, dos quais apenas US$ 2 bilhões entraram em caixa.
E notem que contradição, neste período todo a companhia manteve valores altíssimos em caixa sem utilização. Ainda assim a alavancagem se reduziu drasticamente de 5,11 para 3,54, entre o 4º trimestre de 2015 e o de 2016.
Para se ter uma ideia do absurdo, mostramos abaixo o saldo de caixa da Petrobras comparado com o da Exxon, maior petroleira americana cujo faturamento anual é mais que o dobro da Petrobras.
TABELA 5 –Saldo de Caixa US$ bilhões (31de dezembro)
EMPRESA
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2012
|
2013
|
2014
|
2015
|
2016
|
EXXON
|
9,58
|
4,65
|
4,62
|
3,71
|
3,65
|
PETROBRAS
|
13,52
|
15,87
|
16,66
|
25,06
|
21,20
|
Voltando ao “Usos e Fontes” do PNG 2017/2021, verificamos que se a Petrobras tiver um caixa no mesmo nível da Exxon, a venda de ativos prevista (US$ 19,5 bilhões) não é necessária, basta utilizar o caixa existente, mesmo se insistindo com a antecipação desnecessária da redução da alavancagem.
Finalizando, é bom lembrar que o diretor financeiro Ivan Monteiro, em entrevista coletiva no último mês de janeiro, informou aos jornalistas que “independentemente de venda de ativos ou de capitação de novos recursos, a empresa já dispõe dos recursos para cumprir seus compromissos nos próximos 2,5 anos”.
Na divulgação dos resultados de 2016, via teleconferência, o mesmo diretor foi perguntado se a meta de alavancagem 2,5 fosse atingida antes do tempo previsto, se a venda de ativos poderia ser reduzida. O diretor Ivan Monteiro responde que não, que seria mantida, o que ajuda a revelar que venda de ativos não diz respeito a necessidade financeira.
O mito da “Petrobras quebrada” está sendo revelado, outros mitos serão criados para justificar a privatização da estatal e a alienação do petróleo, em favor de poucos, das do capital privado multinacionais do petróleo, dos bancos e de seus lacaios. Brasileiros conscientes e patriotas precisam se organizar para defender o maior patrimônio nacional: o petróleo do pré-sal e a Petrobras.
[1] * Cláudio Oliveira é economista aposentado da Petrobras
[2]** Felipe Coutinho é engenheiro químico e presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (AEPET)
[2] https://felipecoutinho21.wordpress.com/2016/06/10/o-fracasso-da-gestao-das-multinacionais-do-petroleo-e-as-licoes-para-a-petrobras/
P.S.1. Todos os comentários e dúvidas podem ser enviados através de http://www.aepet.org.br/contatos que teremos prazer em esclarecer, sempre que cabível.Comentários e dúvidas, postados no artigo original no portal da AEPET, serão atendidos pelos autores, sempre que cabíveis.
P.S.2. Este é o primeiro artigo de uma série para esclarecer à opinião pública sobre a real situação da Petrobras, . o O próximo irá tratar do PNG 2017/17 21 e das "parcerias estratégicas".
Brasil 247
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