Um dos mais influentes parlamentares do País, o deputado Wadih Damous (PT-RJ) afirmou em entrevista exclusiva à TV 247 que "estamos gerando o fascismo no Brasil"; ele também diz estar convencido de que há uma "conexão direta" entre a Lava Jato e o Departamento de Justiça dos Estados Unidos. Para Wadih Damous, há duas razões possíveis para a colaboração de autoridades brasileiras com a Justiça de outro país – e nenhuma aceitável. Ou se trata "de uma questão ideológica, em que seria quinta-coluna. Ou então tem algum interesse pessoal e isso teria de ser investigado"
13 DE JANEIRO DE 2018
Por Paulo Moreira Leite e Gisele Federicce – Um dos mais influentes parlamentares do País, o deputado Wadih Damous (PT-RJ) afirmou em entrevista exclusiva à TV 247 que "estamos gerando o fascismo no Brasil" e que "os condutores disso são a grande imprensa monopolizada e o Judiciário". Ele define o julgamento de Lula, em 24 de janeiro, pelo TRF-4, como um "processo forjado", que tem como objetivo "impedir a candidatura do ex-presidente". Referindo-se à fragilidade de uma denúncia apoiada num triplex que, comprovadamente, não pertence ao acusado, Wadih Damous vai direto ao ponto: "Se o presidente Lula viesse a falecer, esse imóvel seria herdado por seus filhos?"
Militante ativo na resistência ao regime militar de 64, liderança reconhecida entre advogados do Rio de Janeiro – foi duas vezes presidente da seção local da OAB – Wadih Damous lamenta, no depoimento, a postura de vários setores democráticos, inclusive determinados partidos de esquerda, que costumam dizer que "tirando os excessos nós não podemos jogar a Lava Jato no lixo. " Para Wadih essa visão lembra "o tipo de retórica do final da ditadura, quando se falava dos porões, do DOI-CODI, como 'os excessos'. Lava Jato é o excesso," afirma. "Seu suposto êxito só é possível desrespeitando a Constituição e os direitos fundamentais."
Wadih deixa claro, na entrevista, que está convencido de que há uma "conexão direta" entre a Lava Jato e o Departamento de Justiça dos Estados Unidos. "Não tenho dúvida", afirma, dizendo que se a recém-empossada PGR Raquel Dodge quiser "deveria abrir investigação sobre isso". Para Wadih Damous, há duas razões possíveis para a colaboração de autoridades brasileiras com a Justiça de outro país – e nenhuma aceitável. Ou se trata "de uma questão ideológica, em que seria quinta-coluna. Ou então tem algum interesse pessoal e isso teria de ser investigado".
O parlamentar define o Brasil atual como um país no qual vigora um "estado de exceção", no qual, como sempre ocorre "o ordenamento jurídico vira uma geleia". Ele aponta para o papel do Supremo Tribunal Federal como "um dos pilares" dessa situação. Faz críticas diretas a presidente do STF, Carmen Lucia, e contesta o ministro Luiz Roberto Barroso, autor de frequentes pronunciamentos nos quais celebra a necessidade de punir os chamados "os poderosos" com uma pergunta: "Qual é o 'poderoso' que está preso? Está à beira da piscina, comendo seu caviar, usufruindo do produto do roubo".
Um dos responsáveis pela audiência por skype do advogado Tacla Durán à CPI da JBS, que apontou para o caráter suspeito das negociações em torno de delações premiadas, Wadih Damous acredita que o episódio demonstrou a ação combinada entre o judiciário e a grande mídia para proteger a Lava Jato como um "Estado dentro do Estado, um santuário". Lembrando que, mesmo apoiadas em documentos e testemunhas, as acusações de Tacla Durán não foram examinadas nem por Sergio Moro, nem pelo Supremo nem pelo Ministério Público, ele sustenta que o desfecho seria muito diferente se a TV Globo "desse dez segundos no Jornal Nacional".
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