POR FERNANDO BRITO · 17/01/2018
Um rapaz, Bruno Góes, que publica notas na coluna de Lauro Jardim, em O Globo, parece que se tomou de suspeitas sobre a cessão do Teatro Casagrande depois que seu chefe publicou nota insinuando que a Oi, que paga para ter o nome no Teatro – como fazem, aliás, outras operadoras em outras casas de espetáculo – e faz um textinho que só posso atribuir à desinformação temperada com grandes doses de mesquinhez e moralismo barato.
Vai ouvir “o outro lado” para, numa pseudodemocracia, destilar mais fel, dizendo que se aguarda “uma fila de partidos” pedindo para si “igual generosidade”.
Seria interessante, também, se Lula pedisse “igual generosidade” para os eventos da Globo, da Veja e de outras empresas que homenageiam Sérgio Moro, Geraldo Alckmin, João Dória e outros que não pagam para receber aplausos em auditórios e casas de espetáculo país afora.
Não tenho procuração para defender os donos do Casagrande, uma casa com mais de 50 anos de tradição na cultura e na política no Rio de Janeiro. Sou-lhes grato, porém, por terem abrigado, gratuitamente, também, os jornalistas que participávamos pela retomada aos pelegos de nosso sindicato, em 1978, em diversas e inflamadas reuniões. Marcelo Beraba, diretor do Estadão, Carlos Alberto de Oliveira, o Caó, e os amigos José Trajano e Fichel Davit, líderes do movimento do qual este então “foca” participava, podem contar melhor esta história.
Antes, o teatro cedeu seu palco e sua platéia para reuniões do MDB autêntico, em 74, e em 76, para um ciclo de debates onde brilharam Fernando Henrique Cardoso e o então desconhecido Luís Inácio da Silva, então Lula só de apelido.
Se eu enumerasse metade dos eventos para os quais o Casagrande foi cedido para promoção de idéias, o post não acabaria mais.
O teatro foi cedido a pedido de diretores, atores e produtores culturais que, muitas vezes, o fizeram lotar.
Porque lá sempre foi lugar de idéias generosas e não apenas de ganhar dinheiro.
Como o jornalismo já foi.
Tijolaço
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